domingo, 27 de maio de 2012

Deputada comunista, funcionária do partido, nunca leu nada sobre os gulags

A deputada, Rita Rato, do Partido Comunista Português, deu uma entrevista a Hélder Almeida, do jornal “Correio da Manhã”, em 18 de outubro de 2009. 

Foto: Sérgio Lemos/CM
(…)
- Mas como surgiu o contacto com os ideais comunistas antes da JCP?
- A partir dos meus 17, 18 anos. Ainda estava na escola secundária. Foi através da própria discussão sobre o que foi o 25 de Abril e o processo revolucionário.
- Foi a partir daí, e nas aulas de História, que começou a formar a sua identidade política?
- Sim. Mas não apenas nas aulas de História. Lembro-me de ser muito pequenina e festejar o 25 de Abril com muita alegria.
- Concorda com o modelo que está a ser seguido na China pelo PCC?
- Pessoalmente, não tenho que concordar nem discordar, não sou chinesa. Concordo com as linhas de desenvolvimento económico e social que o PCP traça para o nosso país. Nós não nos imiscuímos na vida interna dos outros partidos.
- Mas se falarmos de atropelos aos direitos humanos, e a China tem sido condenada, coloca-se essa não ingerência na vida dos outros partidos?
- Não sei que questão concreta dos direitos humanos...
- O facto de haver presos políticos.
- Não conheço essa realidade de uma forma que me permita afirmar alguma coisa.
- Mas isto é algo que costuma ser notícia nos jornais.
- De facto, não conheço a fundo essa situação de modo a dar uma opinião séria e fundamentada.
- No curso de Ciência Política e Relações Internacionais, não discutiu estas questões?
- Não, não abordámos isto.
- Como olha para os erros do passado cometidos por alguns partidos comunistas do Leste europeu?
- O PCP, depois do fim da URSS, fez um congresso extraordinário para analisar essa questão. Apesar dos erros cometidos, não se pode abafar os avanços económicos, sociais, culturais, políticos, que existiram na URSS.
- Houve experiências traumáticas...
- A avaliação que fazemos é que os erros que foram cometidos não podem apagar a grandeza do que foi feito de bom.
- Como encara os campos de trabalhos forçados, denominados gulags, nos quais morreram milhares de pessoas?
- Não sou capaz de lhe responder porque, em concreto, nunca estudei nem li nada sobre isso.
- Mas foi bem documentado...
- Por isso mesmo, admito que possa ter acontecido essa experiência.
- Mas não sentiu curiosidade em descobrir mais?
- Sim, mas sinto necessidade de saber mais sobre tanta outra coisa...

A íntegra da entrevista aqui.
Ruínas de um Gulag na Sibéria. Imaginação de
Dr. A. Hugentobler
Minha imaginação

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