Valmir Azevedo Pereira
Amiúde, encontramos militares,
mormente da Reserva, e civis, que estão possessos de indignação.
Os revoltados, em alto e bom
som, esbravejam contra tudo e contra todos, e motivos não faltam. Ensandecidos
enumeram um rosário de patifarias no varejo e no atacado e, também, as infames
cusparadas na face dos militares.
Coitados, falam de roldão
sobre a Comissão da Verdade, muitos nem sabem dos Comitês pró-Comissão que
foram criados em cada estado, e que realizam mutirões para coletar as vítimas
da repressão e os seus algozes. Sem contar a turma do “esculacho”, pronta para
denegrir e crucificar a quem caiu na sua alça de mira.
Aqui e acolá surgem, em
grupos, com palavras de ordem, ou desordem, com pichações, com escárnio,
infernizando a vida de quem participou, honradamente, na luta contra a
subversão, e mesmo daqueles, que apenas passaram por perto. Mas, ai dos
vencidos.
Outros enrubescem, lembrando o
caso do Cadete Lapoente. Que vergonha. E dos uniformes com propaganda no
uniforme da tropa de pacificação do EB nos morros do Rio de Janeiro.
E relembram como as
instituições militares caíram nas mãos do famigerado Grupo “Tortura Nunca Mais”
e na sanha de seus acólitos, inclusive dos membros de altíssimo coturno do
desgoverno.
Também os mais otimistas comentam
com tristeza o que esperam do julgamento do Mensalão, pois são tantos os
Ministros do STF nomeados pelos desgovernos, que só por milagre poderá
acontecer algo de depreciativo para os acusados de maior relevância.
Se o Dirceu for sacrificado, o
que ninguém espera, continuará nos bastidores, desempenhando o seu conhecido
papel. Se absolvido, sabe-se lá, não será o nosso próximo Vice?
E a CPMI do Cachoeira?
A água despenca aos
turbilhões, e vemos nadar, sofregamente, um cardume de tubarões, nadadeira
dorsal à mostra, prontos para estraçalhar aqueles peixinhos que podem trazer-lhes algum problema, e nada mais. Breve, da enxurrada, sobrará na terra árida
da falta de justiça, um miserável filete.
Aos poucos, os exaltados vão
baixando o tom de voz, e a indignação passa à decepção, à tristeza, à magoa,
pois aos canalhas de hoje juntam-se os de ontem, e lembram como a metamorfose
atacava ao Sarney, à Roseana, ao Maluf, ao Collor e uma melancolia angustiada
invade o coração daqueles amarrotados brasileiros, ao vê-los, lépidos,
sorridentes e calorosamente abraçados.
É triste, mas é a mais pura
verdade.
Resta esperar um tsunami, não
um vagalhão de águas arrasador, que desabe sobre o Brasil varonil, porém uma
onda de moralidade que se abata sobre a canalhice trigueira, e faça uma faxina
no mar de lama que encobre a nossa terra.
O Brasil é um botim valioso,
rendoso, tanto que unem-se os mais deploráveis e velhacos nativos, para cada
sacar o que puder.
Para alguns, basta saciar a
sedenta vaidade mas o poder, não vem só, traz mordomias, adoradores e riquezas;
para outros, move a cobiça, a presença na mídia, a proximidade com o poder e
suas vantagens, como a impunidade.
Todos, independentemente da raça,
da cor, da crença, da ideologia, são abomináveis patifes, dispostos a pegarem o
que puderem, enquanto não houver um pingo de dignidade e de homens com um
mínimo de determinação dispostos a dar um basta em tamanho descalabro.
Sim, nós nascemos assim, sem
vergonha, sem atitude, e vamos vivendo como zumbis, ou ao que tudo indica
sucumbiremos na mais nojenta cova rasa.
Título e Texto: Gen. Bda Rfm Valmir Fonseca Azevedo Pereira, Brasília,
DF, 20 de junho de 2012
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.
Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.
Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-