domingo, 23 de setembro de 2012

Nação em decomposição

Carlos Chagas
Com o PT puxando a fila, lambuzados também estão o PP, o PTB, o PR e o PMDB, em graus maiores ou menores, igualmente envolvidos no escândalo do mensalão. É o Supremo Tribunal Federal que acaba de concluir assim ao condenar até agora parlamentares e ex-parlamentares que exprimiram os referidos partidos, como João Paulo Cunha, Pedro Henry, Pedro Correia, Roberto Jefferson, Romeu Queirós, Waldemar da Cunha Neto, bispo Rodrigues e José Borba, entre outros.
Faltam muitos, pois só 12 dos 38 réus receberam sentenças. Logo virão condenações para antigos líderes de expressão como José Dirceu, José Genoíno, Delúbio Soares e Anderson Adauto. Surge até a acusação do operador Marcos Valério, também condenado, de que o ex-presidente Lula participava da trama. Mais de 350 milhões de reais foram desviados de cofres públicos e privados para a compra de votos e de apoio a um governo eleito em nome do povo menos favorecido.
Convenhamos, antes que o julgamento termine com mais surpresas, importa repetir a indagação: que país é este? Em que nação nos vamos transformando, a ponto de tudo continuar sem a reação de cada um e de todos diante de tamanha vigarice?
Porque não há indignação nas ruas, muito menos movimentos de rebeldia cívica ou coisa parecida. O povo brasileiro dá mostras de apatia completa diante dos malfeitos de seus governantes e de suas elites, quaisquer que sejam. Discute-se mais se Mano Meneses deve continuar ou ser mandado embora. Ou se a “Avenida Brasil” pode ser esticada por mais alguns capítulos.

Imagem: TV Globo
O perigo é grave e iminente. Estamos nos dissolvendo e a responsabilidade não pertence apenas a quantos ladrões empalmaram o poder, certamente muito tempo antes da ascensão do PT. Passou a faltar ao povo brasileiro não apenas alma, mas espinha dorsal. Conteúdo, sangue nas veias, capacidade de reagir. A última vez em que essas demonstrações aconteceram foi na campanha das “Diretas Já”, clímax da derrocada da ditadura militar. Depois, começou a prevalecer a máxima do cada um por si. Com as exceções de sempre, estamos perdendo nossa identidade. Do menos favorecido ao grande potentado, importa-lhes saber que proveito poderão tirar do conjunto, em favor da individualidade.
É bom tomar cuidado. Pode estar em perigo aquilo que os portugueses garantiram por séculos, nossa unidade nacional e territorial. Um belo dia faltará a seiva que impediu a decretação da República do Piratini, da Confederação do Equador, do separatismo de São Paulo, da Amazônia ou do Contestado. Não havendo quem proteste nem quem fique indignado…
Título e Texto: Carlos Chagas, Tribuna da Imprensa
Colaboração: Moletta

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