Peter Rosenfeld
Está chegando ao fim mais um
capítulo do mensalão, infelizmente não o último.
Tanto a Constituição como as
nossas leis são verdadeiros queijos suíços, com tantos buracos permitindo
sofismas, recursos os mais absurdos e outras chicanas, tornando impossível
prever quando as penas que vierem a ser cominadas começarão a ser
aplicadas!
Mas, seja lá o que for, o
importante é que a última instância do Poder Judiciário tenha se pronunciado,
parecendo improvável que ditos recursos mudem algo.
E os “bandidos” serão banidos
(e poderão ser chamados de bandidos sem que isso seja uma ofensa!)
Lamento tão somente que o
verdadeiro Ali Babá tenha ficado de fora, livre e solto para cometer, ou
continuar cometendo, as piores barbaridades que possam ser imaginadas em termos
de administração.
É triste constatar que depois
dos dez anos em que a Presidência da República está nas mãos do PT,
praticamente nenhuma das incontáveis carências do Brasil foi corrigida.
A saúde não melhorou em nada,
exceto com relação às contas bancárias de muitos funcionários públicos, que
cresceram significativamente; as estradas continuam sendo um túmulo de veículos
(e de pessoas que morrem em acidentes); nenhum porto foi modernizado, o mesmo
ocorrendo com os aeroportos.
A educação (ou, como prefiro,
o ensino) continua precaríssima.
As forças armadas estão
virtualmente sucateadas. A famosa compra de novos jatos para a FAB continua na
estaca zero. A Marinha não adicionou uma única nova unidade a sua frota.
Da famosa transposição das
águas do Rio São Francisco, tão alardeada, não se fala mais (e se faz menos
ainda...)
Mas, e sempre há um “mas”, o
Brasil agora tem representações diplomáticas em quase todos os países, mesmo
naqueles que não têm qualquer significado para nós.
Daqui a menos de dois anos o
Brasil será a sede da Copa do Mundo, e já se sabe que, possivelmente, alguns
estádios não ficarão prontos para receber qualquer jogo. E, os que ficarem
prontos de verdade, terão custado muito, mas muito mais, do que o
previsto!
E, escassos dois anos depois,
o Rio de Janeiro sediará os Jogos Olímpicos.
É de se esperar que surjam
incontáveis problemas para a cidade, para todas as modalidades de esporte,
sabendo-se que o Rio de Janeiro é uma das pouquíssimas, se não a única, cidade
do mundo em que todos os esportes poderão ser disputados sem maiores
deslocamentos.
Mas, como Deus é brasileiro,
tudo acabará bem!
Esses eventos certamente farão
com que o País se esqueça dos males que o mensalão causou ao País.
Mas, prestar-se-ão para que
novos crimes do mesmo tipo sejam cometidos. Está aí o Sr. Cavendish, com sua
construtora Delta, para criar novas formas de suborno e de avanço aos dinheiros
públicos.
E certamente não faltarão
parlamentares (aliás, essa ocupação não deveria se chamar “para lamentar”?
A designação não corresponderia melhor à real situação?) para incentivar essas
práticas. Deixo a pergunta no ar...
Voltando ao mensalão. É
triste, realmente deprimente, termos que constatar que o Sr. da Silva cometeu
um crime indescritível ao nomear o Sr. Toffoli para o STF (aliás, nisso o
Senado tem uma brutal parte da culpa, pois aprovou a nomeação, sem se dar conta
de que esse cidadão, que de leis nada conhece ou sabe, terá muitos anos pela
frente, eis que está longe da idade de aposentadoria compulsória).
Repito: esse ato do Sr. da
Silva foi criminoso, e a aprovação do Senado vergonhosa!
Como a Presidência da casa é
rotativa, sem que se julgue o preparo formal do ministro, dentro de poucos anos
o Sr. Toffoli será a 3ª autoridade do País, depois da Presidência da República
e do Presidente do Congresso Nacional.
Que beleza, mas que vergonha!
Não tenho nada contra um
Presidente do STF que seja competente, diligente e, na medida do possível,
apartidário (como deve ser qualquer juiz...).
Mas tenho vergonha, sim, de
qualquer autoridade que não tenha a menor competência para o exercício do
cargo, e esse é, exatamente, o mais sério impedimento do Sr. Toffoli.
Sua nomeação provou, de forma
absoluta, o grau de irresponsabilidade do ex-Presidente da Silva.
Título e Texto (e Grifos): Peter Wilm Rosenfeld, Porto Alegre (RS), 25 de outubro de 2012
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