Maurício Barra
O postulado óbvio ainda não consensual sobre o
nosso próximo futuro político surge em duas intervenções sucessivas de Vítor
Gaspar, o qual, sabendo que o determinante económico é sempre o principal
decisor social, permite-se dizer aquilo que os políticos “da política” ainda
evitam ou temem abordar.
Primeiro disse: se querem
pagar menos impostos, as despesas públicas têm de diminuir; agora disse o
mesmo, mas ao contrário: para manter estas despesas públicas, têm de se
aumentar os impostos.
É este o axioma da nossa
política, agora que todos conhecemos de cor os indicadores fundamentais da
economia portuguesa, tão longamente ocultados ao longo do governo autoritário
de Sócrates.
Passado este e o próximo ano,
nos quais teremos de observar o acordo de ajustamento com os nossos credores, a
divisão política do país estará, para quem defender a permanência no Euro, na
União Europeia e na Nato, na elasticidade da fórmula de proporcionalidade entre
o Estado Social que queremos e o nível de impostos que estamos dispostos a
pagar.
De um lado estarão os que
constituíram como “vaca constitucionalmente sagrada” este Estado Social
sobredimensionado em que ainda vivemos, exclusivamente público, sustentado no
empobrecimento dos portugueses e que nos levou à porta da bancarrota; do outro
lado estará quem defender uma justa proporção entre um Estado Social eficaz,
com dispositivos complementares públicos e privados (na Segurança Social, Saúde
e Educação) que libertem as famílias portuguesas do garrote taxativo que lhes
rouba o conforto económico e impede uma saudável economia de mercado interna.
Este axioma dividirá
definitivamente a esquerda, entre a esquerda democrática europeia e esquerda
putchista herdeira do PREC; e obrigará os sociais- democratas e os democratas
cristãos a terem uma política clara que valorize tanto a eficácia na gestão
pública do Estado, como os direitos económicos individuais dos portugueses.
Porque então Portugal estará
mais farto do que agora: já chega de estarmos sempre a pagar a factura do
descalabro em que a esquerda deixa o país.
Título e Texto: Maurício Barra, Forte Apache,
25-10-2012
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