Rodrigo Saraiva
Olho para a lista de premiados
com o Nobel da Paz e questiono-me: o que falha? Quem falta? A resposta
ocorre-me célere. Falta um português.
Nós que somos um povo plural,
social e culturalmente. Nós que estivemos presentes em todos os cantos do
mundo. Nós que nunca nos envolvemos, com intensidade das épocas, em grandes
guerras e conflitos. Nós que somos um povo positivamente pachola. Nós que somos
uns public relations. Nós que temos personalidades que em diversas áreas
deixaram um valioso legado, nunca tivemos direito a um Prémio que distingue
distintas características da portugalidade.
Por isso o meu Prémio Nobel da
Paz vai para um português, mesmo que postumamente.
Alguém que tenha, em prol de
outros, colocado a sua própria segurança e carreira em causa. Alguém que tenha
posto de lado o seu conforto para que outros encontrassem a segurança e
tivessem paz. E quando me refiro a outros fala-se de milhares.
Alguém que desafiou, com as
suas acções, personalidades marcantes e polémicas da história. Por um lado a
pessoa que dominava politicamente Portugal, Salazar. E por outro alguém que
loucamente tentava dominar o mundo, mesmo que para tal tivesse que dizimar
povos, culturas e religiões, Hitler.
Porque olhando à vontade de
Alfred Nobel as suas acções contribuíram, na forma e dimensão, para a
fraternidade entre as nações, porque ajudou a reduzir os esforços de guerra e
porque promoveu a paz. Por isto o meu Prémio Nobel da Paz vai para Aristides de Sousa Mendes.
Título e Texto: Rodrigo Saraiva, Forte Apache, 22-10-2012
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