Reinaldo Azevedo
Desconfio, às vezes, da sanidade mental de professora de filosofia, que filósofa não é, Marilena Chaui. Mas depois me ocorre que o problema não é de sandice, mas de caráter mesmo. Leio na Folha de hoje um texto muito interessante. Por tudo o que informa e, especialmente, por aquilo que deixa de informar. Algo de muito, como posso dizer?, estranho (ou nem tanto) se passa no jornalismo paulistano. Leiam com atenção. Negrito (ou vermelhito) alguns trechos para chamar a atenção de vocês.
Desconfio, às vezes, da sanidade mental de professora de filosofia, que filósofa não é, Marilena Chaui. Mas depois me ocorre que o problema não é de sandice, mas de caráter mesmo. Leio na Folha de hoje um texto muito interessante. Por tudo o que informa e, especialmente, por aquilo que deixa de informar. Algo de muito, como posso dizer?, estranho (ou nem tanto) se passa no jornalismo paulistano. Leiam com atenção. Negrito (ou vermelhito) alguns trechos para chamar a atenção de vocês.
A filósofa e professora da USP
Marilena Chaui disse ontem que a vitória de Fernando Haddad (PT) na eleição
para prefeito de São Paulo representará a afirmação da “política contra
a religião”.
Ela participou de ato realizado por um coletivo de estudantes da universidade para “discutir a cidade”.
Embora os organizadores afirmem que o evento não tivesse conotação partidária, 10 dos 11 professores que discursaram defenderam voto no petista. O título do ato, “São Paulo quer mudança”, é um dos motes da campanha de Haddad.
Após uma introdução em que afirmou que uma das formas de se renegar a política é a crença de que o poder do governante emana de “escolha divina”, Chaui defendeu Haddad e atacou o apoio do pastor Silas Malafaia ao candidato do PSDB, José Serra.
“A eleição de Fernando Haddad significa que eu afirmo a política contra a religião e, portanto, contra os Malafaias e outras figuras [...]”, disse a professora.
Malafaia, líder da Assembleia Vitória em Cristo, vem atacando Haddad pela elaboração de material anti-homofobia em sua gestão no Ministério da Educação. Anteontem, o petista recebeu apoio de pastores evangélicos.
Um grupo de 15 estudantes estendeu cartazes contra a aliança do PT com o ex-prefeito Paulo Maluf (PP) e pregou voto nulo.
Em seu discurso pró-Haddad, a professora Daisy Ventura disse que o sistema eleitoral “leva forçosamente à realização de amplas alianças, e temos que estar nelas para defender o que achamos que deva ser a esquerda”.
Ela participou de ato realizado por um coletivo de estudantes da universidade para “discutir a cidade”.
Embora os organizadores afirmem que o evento não tivesse conotação partidária, 10 dos 11 professores que discursaram defenderam voto no petista. O título do ato, “São Paulo quer mudança”, é um dos motes da campanha de Haddad.
Após uma introdução em que afirmou que uma das formas de se renegar a política é a crença de que o poder do governante emana de “escolha divina”, Chaui defendeu Haddad e atacou o apoio do pastor Silas Malafaia ao candidato do PSDB, José Serra.
“A eleição de Fernando Haddad significa que eu afirmo a política contra a religião e, portanto, contra os Malafaias e outras figuras [...]”, disse a professora.
Malafaia, líder da Assembleia Vitória em Cristo, vem atacando Haddad pela elaboração de material anti-homofobia em sua gestão no Ministério da Educação. Anteontem, o petista recebeu apoio de pastores evangélicos.
Um grupo de 15 estudantes estendeu cartazes contra a aliança do PT com o ex-prefeito Paulo Maluf (PP) e pregou voto nulo.
Em seu discurso pró-Haddad, a professora Daisy Ventura disse que o sistema eleitoral “leva forçosamente à realização de amplas alianças, e temos que estar nelas para defender o que achamos que deva ser a esquerda”.
Voltei – Primeiro a
reportagem
Começo com algumas observações sobre a reportagem. O repórter teve o capricho de contar quantos estudantes estenderam a faixa contra a aliança do PT com Maluf — 15 — e quantos professores discursaram: 11. Mas não há uma só dica sobre o número de professores presentes ao ato. Dou uma dica: a USP tem perto de 100 mil alunos e pouco mais de 5 mil professores. Quanto estavam lá? Vinte? 30? 40? 400? Qual era o número segundo os organizadores ao menos?
Começo com algumas observações sobre a reportagem. O repórter teve o capricho de contar quantos estudantes estenderam a faixa contra a aliança do PT com Maluf — 15 — e quantos professores discursaram: 11. Mas não há uma só dica sobre o número de professores presentes ao ato. Dou uma dica: a USP tem perto de 100 mil alunos e pouco mais de 5 mil professores. Quanto estavam lá? Vinte? 30? 40? 400? Qual era o número segundo os organizadores ao menos?
Evidentemente, está claro, era
uma manifestação partidária, em favor de um candidato. Cumpria à reportagem — e
não estou ensinando nada a ninguém porque obrigação profissional não se ensina
a profissionais — saber que a manifestação é ilegal porque a USP é um prédio
público. Não está claro a que hora aconteceu o ato. Foi durante o expediente de
algum professor? Se for assim, aí já é uma segunda transgressão.
Notem que a reportagem fala em “coletivo
de estudantes” sem nem mesmo as aspas. Isso corresponde a incorporar a
linguagem militante como algo referencial. Fala-se em “coletivo” como quem fala
em “grupo”. Se eles se intitulassem “soviete estudantil”, viria igualmente sem
aspas.
Observem que, no texto da
Folha, Malafaia não “critica” Haddad, mas “ataca”.
Afinal, sabem como é, trata-se de uma pastor evangélico que vota em Serra, e
tratá-lo como mero celerado deve ser coisa considerada “progressista”. No
vídeo que gravou com críticas ao candidato petista, o pastor deixa claro que
acha correto atacar todas as formas de preconceito na escola, inclusive contra
gays, e se opõe é ao “kit gay”. Mas não! Na reportagem, ele “ataca” por
causa do “material anti-homofobia”, deixando a sugestão — e as
palavras fazem sentido — de que Malafaia é contra o combate à “homofobia”.
Logo, seria favorável à homofobia. É o fim da picada!
Agora as professoras
Marilena, a que não padece de problemas de insanidade, mas de caráter, liderou o tal ato um dia depois de Haddad ter convocado uma reunião, no diretório municipal do PT, com pastores evangélicos, arrancando deles um manifesto de apoio. Ela resolveu afirmar o valor da “política contra a religião” no que respeita aos apoiadores de Serra. Já os evangélicos que estão com Haddad, naturalmente, são pessoas iluminadas.
Marilena não fez referência ao
manifesto em sua fala. E, como se vê, a reportagem da Folha também não. Bem,
esta é aquela senhora que, em recente reunião no comitê de uma candidata a
vereadora do PT, afirmou que Maluf, agora, é só “engenheiro”; não é mais de
“direita”.
A outra professora, uma tal
Dayse Ventura, tentou explicar a aliança com o ex-prefeito. Para ela, o sistema
eleitoral “leva forçosamente à realização de amplas alianças, e temos
que estar nelas para defender o que achamos que deva ser a esquerda”.
Entendi. Em nome do que eles
acham “que deva ser a esquerda”, qualquer aliança é possível, de sorte que, em
certas circunstâncias, Maluf pode ser um bom atalho para um programa de…
esquerda.
Problema de caráter? É, sim!
De caráter! E não é de hoje. Em 2012, dona Dayse acha que a aliança com Maluf é
a maneira que há de “defender o que achamos (o que eles acham…) que deva ser de
esquerda”. Em agosto de 1939, ser de esquerda era apoiar o pacto
Molotov-Ribbentrop (o acordo de Stálin com Hitler). Em 1956, ser de esquerda
era apoiar a invasão da Hungria pelo Pacto de Varsóvia; em 1968, a da
Checoslováquia… E vai por aí…
Em nome do que eles acham “ser
de esquerda”, qualquer coisa é justificável, qualquer aliança é nobre, qualquer
crime é louvável. É o esgoto moral. Se Haddad for eleito, uma parte da
Prefeitura será dada a Maluf. Em nome de um governo de… esquerda!
Título e Texto (e Grifos):
Reinaldo Azevedo
PS – Sim, eu vou votar
em Serra. E conto isso aos leitores. De todo modo, se existe alguma
restrição de natureza técnica ao que escrevi acima ou se feri os fatos, que me
digam! Eu sou um jornalista que declara voto e procura ser rigoroso com os
fatos. Eticamente doloso é não declará-lo e fraudar a realidade factual.
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