quinta-feira, 29 de novembro de 2012

A dupla Passos/Portas errou

Nuno Gouveia

Sim, o título deste post poderia aplicar-se a outras situações. Mas neste caso refiro-me especificamente ao apoio dado por Portugal à Palestina na ONU, onde se colocou deliberadamente contra os interesses de Israel e da paz. Poderia ser tema de outro post, mas a verdade é que a política externa deste governo (se é que tem uma) tem sido exactamente igual à de Sócrates, que tanto foi criticada por membros da actual maioria. Desta vez, e contra aquilo que seria de bom senso, Portugal declarou o apoio à entrada da Palestina como Estado Observador na ONU. Não, não manifestou dúvidas abstendo-se. Ou votando contra, como estou certo que seria defendido por vários membros da maioria, se estivessem na oposição. A Palestina é um Estado que não existe. Mais, Portugal não reconhece a Palestina como Estado, pelo que não se percebe como pode apoiar o seu reconhecimento na ONU enquanto não o faz per si. Ainda em 2011, o CDS e PSD reprovaram na AR uma proposta do BE para reconhecer a Palestina como Estado. O que terá mudado entretanto? Qual é a capital da Palestina para o governo português? Quais as suas fronteiras? Qual é o seu governo legítimo? O de Gaza ou da Cisjordânia? Uma coisa é defender a solução de dois estados, o que me parece correcto. Mas isto só será uma realidade através de negociações directas entre as duas partes. Enquanto o Hamas, organização que não reconhece Israel e tem nos seus princípios a destruição do estado judaico, não renunciar à violência e aceitar Israel, esta solução será uma miragem. Por isso, tudo o que passe por prejudicar as negociações directas entre as duas partes é prejudicial à paz e, óbvio, aos interesses da segurança de Israel. Se Israel aceita a solução de dois estados, é óbvio que não poderá viabilizá-la enquanto a sua segurança estiver em causa. Apoiar a criação de um estado que tem como parte do governo uma organização terrorista como o Hamas (a UE assim o diz) não faz sentido. Portugal, com esta decisão de "Maria vai com todas", coloca-se do lado errado, talvez para receber umas benesses de uma Venezuela ou de um país árabe qualquer. Sabemos como Sócrates conseguiu um lugar no Conselho de Segurança da ONU. Que a maioria PSD/CDS alinhe na mesma estratégia, que no passado criticou, só demonstra a sua credibilidade (ou falta dela) nestas matérias.
Título e Texto: Nuno Gouveia, 31 da Armada, 29-11-2012

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