Carlos Lúcio Gontijo
A vida nos ensina a não tomar a parte pelo todo nem confundir segmento com seguidores. O invisível sempre age em nossa caminhada terrena, mesmo quando não acreditamos nem percebemos a presença de luzes espirituais benfazejas entre nós, preparando-nos para o término da precária e breve existência material.
A vida nos ensina a não tomar a parte pelo todo nem confundir segmento com seguidores. O invisível sempre age em nossa caminhada terrena, mesmo quando não acreditamos nem percebemos a presença de luzes espirituais benfazejas entre nós, preparando-nos para o término da precária e breve existência material.
Já nos alinhamos, no período
“revolucionário” da juventude, ao lado do grupo dos inconformados, mas hoje, na
condição de sexagenário, procuramos poupar nosso coração de aflições vãs,
optando por aceitar a vida como ela é – num processo de adaptação sem sofrimentos
nem desgastes diante das injustiças produzidas pelas ações humanas, apesar da
pompa e do aparato de suas cortes guardiães da desordem, então tida como ordem
social em nome da desigualdade, uma vez que não há como fazer de todo ser
humano um próspero detentor de riqueza. Ou seja, é preciso que uma imensa gama
de pessoas sobreviva na miséria, para que uma minoria viva como camada da
população abençoada com o divino poder dos reis.
Assistimos com certa
naturalidade ao avanço da predisposição dos que se colocam como responsáveis
pelo destino da humanidade em propagar a exaltação a produtos culturais
grotescos e desprovidos de valor capaz de auxiliar a sociedade na indispensável
busca de aperfeiçoamento ou mesmo preservação de predicados morais e éticos inarredáveis
para a construção da harmônica convivência social, fator garantidor do respeito
ao supremo direito de ir e vir sem ser atingido por quaisquer atos de bala
perdida disparada pela violência extrema, pela discriminação, pela
intolerância, pelo fanatismo ou pelo moralismo de gente imoral travestida de
cordeiro e ungida alma representante de Deus e Cristo na Terra.
A internet ampliou em muito o
alcance de difusão de trabalhos literários ruins, que invadem as redes virtuais
sem a necessária avaliação ou autocrítica de seus autores, levando os pretensos
artistas da palavra a não avançar no tocante à qualidade, pois não contam com a
velha lata de lixo, que no passado foi a grande conselheira de todos os
escritores e poetas, que produziam em menor escala e não tinham a sublime
inspiração de escrever um poema por dia como agora ocorre no âmbito da
virtualidade.
Temos levado uma vida em que
preferimos dar uma boiada para não entrar em polêmica, sob a certeza de que ter
razão, na maioria das vezes, não vale coisa alguma. A realidade é que o
individualismo e a vaidade estão presentes em tudo e, claro, que é erva daninha
que também prospera no campo literário. Não é à toa que o aclamadíssimo Manuel
Bandeira nos recomendava: “Quem não quiser fazer desafetos, comece não fazendo
antologias”.
O moderno mundo cultural
padece como nunca de excesso de vaidade, apesar de a literatura, em especial,
ser processo dependente de longa maturação, situando-se como produção acima do
imediatismo imposto pela sociedade de consumo, cuja filosofia se baseia na
analise simplista que aponta como bom tão-somente o que é altamente vendido e
comercializado, fenômeno que não serve de parâmetro para dimensionar a
importância ou a qualidade de uma obra literária.
Contudo, ainda bem que de vez
em quando, para compensar todo esse balaio de gatos em que nos metemos, nos
deparamos com obra literária de intensa sensibilidade poética como a que se nos
apresenta no livro “Canção para despertar os pássaros & novos planos de
voo”, de Ádlei Duarte de Carvalho, onde somos abraçados por versos como “Viver é saber tocar./
Vencer é uma oitava acima”. Ou ainda, “O voo acontece/ Primeiro na alma,/
Depois nas asas/ Do passarinho”.
Título e Texto: Carlos Lúcio Gontijo, Poeta, escritor e jornalista
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