domingo, 18 de novembro de 2012

De gays, cabras e asnos

Gustavo

Causou furor esta semana um artigo de J.R. Guzzo publicado na revista VEJA, tão acusada de "reacionarismo" pela turma que adora dizer que não a lê (mas se enche de raiva e indignação mesmo assim, vai entender...). O pessoal da esquerda-caviar, defensora do "controle social da mídia" (o que não incluiria, certamente, os telejornais da Record e a chapa-branca Carta Capital), e em particular os defensores da chamada "causa gay", rodaram a baiana e ameaçaram fazer um grande auto-de-fé com o articulista por causa do texto "Parada gay, cabra e espinafre". 

Pois bem. Eu estava quase achando graça nas piadas com referências a cabras e à VEJA que vi no Facebook e em outras redes sociais quando, ao clicar em um link, deparei-me com um artigo do ex-BBB e deputado federal (não necessariamente nesta ordem) Jean Wyllys (PSOL-RJ). Ao lê-lo, ficou claro para mim que grande parte da raiva dos gays e cia. com o artigo de Guzzo decorreu do fato de que simplesmente se abstiveram de ler o mencionado artigo ou, se o leram, não entenderam patavina, ou não quiseram entender, o que não me surpreenderia. E me deu vontade de aplaudir o texto de Guzzo. 

Antes, porém, de começar a análise do que seria a réplica do deputado-celebridade, devo começar afirmando que uma das coisas mais funestas hoje em dia - tão funesta quanto as tentativas dos petistas de justificar ou negar o mensalão, por exemplo - é a politização (ou, melhor dizendo: a ideologização) da vida privada. O que se faz entre quatro paredes, desde que não envolva menores de idade, violência não-consensual ou animais, deveria ficar entre quatro paredes, é o que diz o bom senso. Trata-se de assunto que é, ou deveria ser, estritamente privado, pertencente unicamente à esfera particular, e não política. Pelo mesmo motivo, é absurdo querer que preferências sexuais sejam fonte de direitos ou deveres. Acho que isso é mais ou menos óbvio para qualquer pessoa civilizada, não? 


Jean Wyllys, foto: Cristina Gallo/Agência Senado
Mas vamos ao texto de Jean Wyllis. Logo no início, lê-se uma clara demonstração de intolerância por parte de um autoproclamado paladino da tolerância, quando este, dizendo haver prometido não responder à coluna do ex-diretor de redação da VEJA "para não ampliar a voz dos imbecis", afirma que o texto deste "trata sobre o relacionamento dele com uma cabra e sua rejeição ao espinafre, e usa esses exemplos de sua vida pessoal como desculpa para injuriar os homossexuais", sendo, assim, um "monumento à ignorância, ao mau gosto e ao preconceito". Fecha aspas.

Quem quer que tenha passado os olhos sobre o artigo de Guzzo  (a íntegra vai ao final deste texto) não terá dificuldade em perceber que Jean Wyllys torce o sentido do artigo para fazer um ataque pessoal ao colunista, de baixo nível e - ironicamente - de péssimo gosto. Ao usar os pronomes "dele" e "sua", bem como a expressão "de sua vida pessoal" (de J.R.Guzzo), Jean Wyllis insinua - pior: afirma taxativamente - que o colunista teria tido um "relacionamento" com um espécime caprino. Pode-se ver no trecho destacado acima uma clara ofensa pessoal, que pode ser interpretada como injúria, crime passível de punição pelo Código Penal. 

Em seguida, Jean Wyllys, tomado de furor semântico (o policiamento da linguagem é outra característica desse pessoal), envereda por uma discussão meio acadêmica sobre os termos "homossexualismo" e "estilo de vida gay", que seriam, segundo ele, equivocados, sendo o correto falar em "homossexualidade" (homossexualismo traduziria uma tendência ideológica ou política). Não seria, tampouco, uma opção, pois "ninguém escolhe ser homo, hétero ou bi"  e "a orientação sexual é constitutiva da subjetividade de cada um/a e que esta não muda (Gosta-se de homem ou de mulher desde sempre e se continua gostando)", etc. 

Acho estranho esse ponto, porque são os gays os primeiros a se reivindicarem de um "movimento" (o próprio Jean Wyllys é um representante desse "movimento", como se verá adiante). E movimento, seja qual for, não existe sem uma ideologia que o alimente e impulsione, sem um "ismo". Fala-se em feminismo, por exemplo, e ninguém parece se indignar com a expressão. No caso aqui analisado, há claramente uma ideologia, o homossexualismo.

Ou, melhor dizendo, o gayzismo, apologista da opção  (ou do estilo de vida, sei lá eu)  gay ou LGBT. 
Quanto a ser ou não uma opção, há registros de gays que, voluntariamente, decidiram tornar-se héteros (e vice-versa). Há alguns dias, inclusive, chamou a atenção o caso de um adolescente na Grã-Bretanha que, arrependido de ter feito uma operação de mudança de sexo, queria reverter a operação para voltar a ser menino. E assim como há libélulas que decidem, voluntariamente, deixar de ser gays há machões que, um belo e florido dia, resolvem sair do armário (os militantes gays, aliás, adoram citar casos assim). Longe de mim querer competir com autoridades no assunto como o deputado Jean Wyllis, mas fatos são fatos, não? 

Enfim, se o gayzismo não existe, e não é uma ideologia, uma opção de vida ou de pensamento da qual se pode fazer proselitismo, o que seria, então? Talvez o deputado Jean Wyllis tenha a resposta. 

Jean Wyllis prossegue, dizendo que "esse deslize lógico só não é mais constrangedor do que sua [de J.R. Guzzo] afirmação de que não se pode falar em comunidade gay e que o movimento gay não existe porque os homossexuais são distintos. E o movimento negro? E o movimento de mulheres? Todos os negros e todas as mulheres são iguais, fabricados em série?" 

Ao que parece, para o senhor Jean Wyllis, negros e mulheres podem não ser fabricados em série, mas gays, sim. A associação do "movimento gay" com outros movimentos é um truque retórico e um primor de desonestidade. Faz parte do discurso da vitimização gayzista, que pinta os gays como uma minoria oprimida ou à beira da extinção violenta (já chego lá). Mas tudo bem, empreguemos o raciocínio do ilustre deputado. Sim, o mesmo vale para os demais movimentos. E isso porque, como falar em "movimentos" ou "comunidades" baseadas em raça ou em sexo se todos são, na verdade, INDIVÍDUOS? 

Pelo visto é isso - a existência do indivíduo, com todas as suas complexidades - o que mais incomoda o distinto legislador. Ele não vê os gays como seres individuais, com interesses e opiniões políticas diversas (inclusive, anti-gayzistas, pois nem todos os gays pactuam do credo LGBT), mas como membros de um "coletivo", uma "comunidade". Para ele, é inconcebível que haja homossexuais que não sejam militantes, que preferem, em vez de agitar bandeiras, simplesmente ser deixados em paz para viver suas vidas da maneira que escolherem (a maioria, creio). Com isso, ele parece esquecer do elemento fundamental constitutivo da subjetividade humana, preferindo enquadrá-la num rótulo, o do "movimento gay". Não é para menos: afinal, ele foi eleito com essa bandeira e essa agenda política. Sem isso, sem essa "causa", ele simplesmente não existe. (A propósito: há uma comunidade ou um movimento heterossexual?) É isso que o colunista da VEJA certamente quis dizer quando escreveu que "A tendência [dos militantes gays] a olharem para si mesmos como uma classe à parte, na verdade, vai na direção exatamente contrária à sua principal aspiração – a de serem cidadãos idênticos a todos os demais."

Jean Wyllis diz não negar que a "comunidade LGBT" seja composta de indivíduos que são diferentes entre si etc., mas acaba sempre voltando ao ponto de partida: os membros dessa "comunidade" partilhariam "um sentimento de pertencer a um grupo cuja base de identificação é ser vítima da injúria, da difamação e da negação de direitos!" (com ponto de exclamação e tudo). Muito bem. Se a base de identificação da tal "comunidade LGBT" é "ser vítima de injúria, difamação e negação de direitos", então estamos diante de um critério que se caracteriza pela extrema elasticidade. 

Todos os seres humanos, sejam gays, héteros, brancos, negros, índios ou torcedores do Íbis Futebol Clube, podem dizer que já foram, um dia, vítimas de injúria e difamação e que tiveram algum direito seu negado (por exemplo, um branco que foi barrado no desfile do bloco de carnaval "só para negros" Ilê-Ayê da Bahia, ou um torcedor do Vasco que não pôde assistir a um jogo de seu time junto à torcida adversária). Enfim, são apenas alguns exemplos. Qualquer pessoa poderia se dizer pertencente a essa imensa comunidade, que seria a mais numerosa do mundo. E, a partir daí, "agir politicamente em nome do coletivo", como diz Jean Wyllis. Mas que coletivo? Mais uma vez: ser gay ou lésbica é fazer parte de um coletivo? Mas isso não é - deveria ser, pelo menos - um assunto privado, de cunho pessoal? 


Tamanha é a vontade de Jean Wyllys de ser o porta-voz de uma "comunidade" que só existe em sua ideologia estapafúrdia que ele chega a comparar o "movimento gay" com o movimento negro, o qual, assim como aquele, estaria baseado no "sentimento de pertença" - no caso, "preconceitos a serem derrubados, injustiças e violências específicas contra as quais lutar e direitos a conquistar".

Sem querer entrar na questão de que falar em "movimento negro" no Brasil é uma construção ideológica (aí está o absurdo sistema racista de cotas para demonstrar), e que o conceito de "raça", biologicamente, é uma falácia (quem tem raça é cachorro, como escreveu João Ubaldo Ribeiro), pode-se dizer que igualar tais movimentos é uma ofensa à razão. Igualar "raça" à homossexualidade (ou heterossexualidade) como critério de existência de um "movimento" baseado no "sentimento de pertença" é algo bizarro, que beira o grotesco. Então basta que alguém se "sinta" negro ou gay para pertencer, automaticamente, ao "movimento" negro ou gay? Pode-se falar em "comunidade de sentimentos"? É algo romântico, sem dúvida, mas isso dá (ou retira) direitos a alguém? 


Claro que o senhor Jean Wyllys, como político-artista (ou artista-político) que é, se esquiva dessas questões. E chega ao clímax da sonsice no seguinte trecho: "A luta do movimento LGBT pelo casamento civil igualitário é semelhante à que os negros tiveram que travar nos EUA para derrubar a interdição do casamento interracial, proibido até meados do século XX." Não lhe passa pela cabecinha que comparar o "casamento gay" (ou, em sua linguagem de palanque, "casamento civil igualitário") com a luta anti-racista pelo casamento interracial é um atentado ao bom senso. Primeiro, porque a proibição do casamento interracial, assim como o próprioapartheid, sendo o conceito de "raça" uma invenção ideológica, foi derrubado por ser absurdo em termos políticos, sociais e biológicos. Não há homens e mulheres "brancos" ou "negros", mas, simplesmente, homens e mulheres. Que relação existe entre essa conquista (e outras, como o voto feminino)  e o "casamento gay"? Nenhuma, claro.  

O deputado gayzista diz ainda: "Afirma o colunista de Veja que nós os e as homossexuais queremos “ser tratados como uma categoria diferente de cidadãos, merecedora de mais e mais direitos”, e pouco depois ele coloca como exemplo a luta pelo casamento civil igualitário. Ora, quando nós, gays e lésbicas, lutamos pelo direito ao casamento civil, o que estamos reclamando é, justamente, não sermos mais tratados como uma categoria diferente de cidadãos, mas igual aos outros cidadãos e cidadãs, com os mesmos direitos, nem mais nem menos. É tão simples! 

Não, senhor Jean Wyllys, não é tão simples. E digo porquê. 

Primeiro, a criação de uma figura jurídica chamada "casamento civil igualitário" entre dois homens ou duas mulheres não se inscreve no rol daquilo que se poderia chamar de "direitos iguais". 

Simplesmente porque direitos iguais (como o de herança, por exemplo), já são assegurados pela lei brasileira a casais do mesmo sexo, como explica J.R.Guzzo no texto. Sem falar que o direito ao casamento, mesmo para os héteros, está longe de ser um direito ilimitado: não se pode casar, por exemplo, com menores de idade sem o consentimento dos pais, ou com mais de uma pessoa (bigamia é crime no Brasil), ou com uma irmã, ou com a própria mãe, como também afirma Guzzo.  E essa é, goste-se ou não, a forma como a família está estruturada em nossa sociedade. Cabe ao Estado reconhecer e proteger isso, e não impor à sociedade uma forma de organização familiar, qualquer que seja esta. A lei não pode (nem deve) ser modificada para satisfazer a agenda política de um "movimento", ainda mais um cujo critério de existência é tão subjetivo. Foi isso que J.R. Guzzo quis dizer ao citar o exemplo da cabra, que tão indignados deixou os militantes gayzistas e seus simpatizantes. 


Mas o mais importante: ao negar o fato de que os militantes gays querem ser tratados como uma categoria diferente de cidadãos, com mais direitos do que os demais, Jean Wyllys, coerente com seu papel de militante político, falta com a verdade. Basta ver o exemplo, também citado por Guzzo e ignorado por Jean Wyllys, da criminalização da chamada "homofobia". O que seria isso? Jean Wyllys não esclarece. E DUVIDO que ele venha dar uma definição concreta e acima de qualquer dúvida. Mas, como lembra Guzzo em seu texto - e Jean Wyllys não refuta esse ponto - qualquer artigo de imprensa que fale mal dos gays será imediatamente tachado de "homofóbico" (o artigo da VEJA é uma prova de que isso é verdade). E isso mesmo sem lei nenhuma que defina o que seria a tal "homofobia"... 

O máximo de argumentação a que chega o deputado Jean Wyllys é o parágrafo seguinte: "Guzzo também argumenta que “se alguém diz que não gosta de gays, ou algo parecido, não está praticando crime algum – a lei, afinal, não obriga nenhum cidadão a gostar de homossexuais, ou de espinafre, ou de seja lá o que for”. Bom, nós, os gays e lésbicas, somos como o espinafre ou como as cabras. Esse é o nível do debate que a Veja propõe aos seus leitores." Jean Wyllys não quer ser comparado a uma cabra ou a um espinafre. Está no seu direito ao pensar assim. Mas incorre em sério atentado à lógica e ao bom senso ao distorcer o que diz um texto para fugir às questões por ele colocadas. A questão é: pode-se obrigar alguém, por lei, a gostar de gays, ou de cabras, ou de espinafres?  

O próprio Jean Wyllys, tentando responder essa pergunta, acaba caindo numa contradição: "Não, senhor Guzzo, a lei não pode obrigar ninguém a “gostar” de gays, lésbicas, negros, judeus, nordestinos, travestis, imigrantes ou cristãos. E ninguém propõe que essa obrigação exista."  Mais uma vez: será mesmo, senhor Jean Wyllis? Tem certeza? E a criminalização da "homofobia", não é um passo - um passo enorme, aliás - no sentido de impor essa obrigação? 

E, mais adiante: "Pode-se gostar ou não gostar de quem quiser na sua intimidade (De cabra, inclusive, caro Guzzo, por mais estranho que seu gosto me pareça!). Mas não se pode injuriar, ofender, agredir, exercer violência, privar de direitos." Só se pode injuriar um colunista de revista insinuando que ele teria um gosto caprofílico... E de que agressão, violência e privação de direitos se está falando? Cito Guzzo: "Não há um único delito contra homossexuais que já não seja punido pela legislação penal existente hoje no Brasil". Pode-se dizer que isso é falso? Que agressão, física ou verbal, a um homossexual não está prevista e criminalizada nas leis já existentes? (Mas, para as "lideranças" LGBT como o deputado Jean Wyllys, isso não é suficiente...). 

Mas o ápice da desonestidade Jean Wyllys deixou para o final. Ao se referir à frequente alegação de um "holocausto" gay no Brasil, J.R. Guzzo lembrou números irrefutáveis (entre 250 e 300 homossexuais assassinados em 2010, em um universo de 50.000 homicídios por ano) para demonstrar o que é obvio: que o problema não é a violência contra os gays, mas a violência contra todos. Aí vem Jean Wyllys e diz o seguinte: "O que Guzzo não diz, de propósito (porque se trata de enganar os incautos), é que esses 300 homossexuais foram assassinados por sua orientação sexual!" E completa, não se esquecendo do ponto de interrogação: As estatísticas se referem aos LGBTs assassinados exclusivamente por conta de sua orientação sexual e/ou identidade de gênero!"  E aproveita para comparar a violência contra os gays com a violência racista etc. etc. 

Repetindo: foram 250-300 mortos em um ano. Digamos que todos tenham sido assassinados "por sua orientação sexual" (ou seja: porque eram gays). Ainda assim, entre 50 mil homicídios, trata-se de um número irrisório, menos de 0,001% do total. Mas vou além, e pergunto ao deputado Jean Wyllys (e a quem se dispuser a responder): quantos, destes 250-300 mortos, foram realmente vítimas de crimes de ódio, ou seja, mortos por gente que odeia gays, simplesmente por serem gays? Quantos desses crimes não foram praticados também por gays? (Por exemplo: o michê que mata o cliente ou vice-versa, brigas entre casais homossexuais etc.) Acredito que crimes assim acontecem, não? Pois bem. Quem tem essa estatística? 

Ninguém, claro. A afirmação de Jean Wyllys é mais uma tentativa de reforçar a impostura do "holocausto" homossexual no país que tem a maior parada gay do mundo. Ele irá sempre tentar distorcer números e estatísticas, tentando "adaptá-las" à sua teoria fabricada a priori. Como todo militante, se os fatos contrariam sua ideologia, pior para os fatos. E ele jamais vai admitir o óbvio: que não somos homofóbicos 

No final de seu mal-costurado libelo, Jean Wyllys pergunta: "Qual seria a reação de todas e todos nós se Veja tivesse publicado uma coluna em que comparasse negros e negras com cabras e judeus com espinafre?" Não sei. Mas imagino como seria se fosse aprovada uma lei dando a um grupo de indivídios mais direitos do que ao restante dos cidadãos, com base unicamente em um "sentimento de pertença" vagamente definido, e isso a pretexto da "igualdade". Haveria, no mínimo, uma revolução contra essa tentativa de golpe contra a democracia. 

Qualquer um que já ouviu o discurso de um porta-voz da causa gayzista provavelmente percebeu que se trata de pessoas ultra-sensíveis que, em sua maioria, vêem a si mesmas como paladinos de uma causa progressista, representantes de uma categoria à parte e especial da sociedade, a quem se deveria não garantir direitos comuns aos demais cidadãos - tais direitos já existem -, mas, na verdade, impor à sociedade uma visão de mundo, que pode ser chamada de ideológica. No caso, uma visão que se baseia tão-somente no que as pessoas fazem debaixo dos lençóis. E que, pela incapacidade de reconhecer o "outro" e de aceitar o pensamento discordante, em quase nada difere de outros movimentos de cunho totalitário, como os comunistas e os fascistas. Não por acaso, tal causa foi adotada por partidos de extrema-esquerda como o PSOL do deputado Jean Wyllys. Para quem acredita que socialismo e liberdade são compatíveis, impor as falácias gayzistas como ideologia oficial é café pequeno.

Quem crê ser tal coisa possível não deveria ser comparado a uma cabra. Se é para ficarmos nas comparações zoológicas, há outro tipo de animal que se encaixa melhor no perfil. Dica: tem quatro patas, grandes orelhas e zurra. 


A seguir, o texto que deu origem à toda a celeuma.
Título e Texto: Gustavo, Blog "Do Contra"

PARADA GAY, CABRA E ESPINAFRE

J.R. Guzzo

Já deveria ter ficado para trás no Brasil a época em que ser homossexual era um problema. Não é mais o problema que era. Com certeza, mas a verdade é que todo o esforço feito há anos para reduzir o homossexualismo a sua verdadeira natureza – uma questão estritamente pessoal – não vem tendo o sucesso esperado. Na vida política, e só para ficar num caso recente, a rejeição ao homossexualismo pela maioria do eleitorado continua sendo considerada um valor decisivo nas campanhas eleitorais. Ainda agora, na eleição municipal de São Paulo, houve muito ruído em torno do infeliz “kit gay” que o Ministério da Educação inventou e logo desinventou, tempos atrás, para sugerir aos estudantes que a atração afetiva por pessoas do mesmo sexo é a coisa mais natural do mundo. Não deu certo, no caso, porque o ex-ministro Fernando Haddad, o homem associado ao “kit”, acabou ganhando – assim como não tinha dado certo na eleição * anterior, quando a candidata Marta Suplicy (curiosamente, uma das campeãs da “causa gay” no país) fez insinuações agressivas quanto à masculinidade do seu adversário Gilberto Kassab e foi derrotada por ele. Mas aí é que está: apesar de sua aparente ineficácia como caça-votos, dizer que alguém é gay, ou apenas pró-gay, ainda é uma “acusação”. 

Pode equivaler a um insulto grave – e provocar uma denúncia por injúria, crime previsto no artigo 140 do Código Penal Brasileiro. Nos cultos religiosos, o homossexualismo continua sendo denunciado como infração gravíssima. Para a maioria das famílias brasileiras, ter filhos ou filhas gay é um desastre – não do tamanho que já foi, mas um drama do mesmo jeito.


Por que o empenho para eliminar a antipatia social em torno do homossexualismo rateia tanto assim? O mais provável é que esteja sendo aplicado aqui a Lei das Consequências Indesejadas, segundo a qual ações feitas em busca de um determinado objetivo podem produzir resultados que ninguém queria obter, nem imaginava que pudessem ser obtidos. É a velha história do Projeto Apollo. Foi feito para levar o homem à Lua; acabou levando à descoberta da frigideira Tefal. A Lei das Consequências Indesejadas pode ser do bem ou do mal. É do bem quando os tais resultados que ninguém esperava são coisas boas, como aconteceu no Projeto Apollo: o objetivo de colocar o homem na Lua foi alcançado – e ainda rendeu uma bela frigideira, além de conduzir a um monte de outras invenções provavelmente mais úteis que a própria viagem até lá. É do mal quando os efeitos não previstos são o contrário daquilo que se pretendia obter. 

No caso das atuais cruzadas em favor do estilo de vida gay, parece estar acontecendo mais o mal do que o bem. Em vez de gerar a paz, todo esse movimento ajuda a manter viva a animosidade: divide, quando deveria unir. O kit gay, por exemplo, pretendia ser um convite à harmonia – mas acabou ficando com toda a cara de ser um incentivo ao homossexualismo, e só gerou reprovação. O fato é que, de tanto insistirem que os homossexuais devem ser tratados como uma categoria diferente de cidadãos, merecedora de mais e mais direitos, ou como uma espécie ameaçada, a ser protegida por uma coleção cada vez maior de leis. Os patronos da causa gay tropeçam frequentemente na lógica- e se afastam, com isso, do seu objetivo central.


O primeiro problema sério quando se fala em “comunidade gay”é que a “comunidade gay” não existe – e também não existem, em consequência, o “movimento gay” ou suas “lideranças”. Como o restante da humanidade, os homossexuais, antes de qualquer outra coisa, são indivíduos. Têm opiniões, valores e personalidades diferentes. Adotam posições opostas em política, religião ou questões éticas. Votam em candidatos que se opõem. Podem ser a favor ou contra a pena de morte, as pesquisas com células-tronco ou a legalização do suicídio assistido. Aprovam ou desaprovam greves, o voto obrigatório ou o novo Código Florestal – e por aí se vai. Então por que, sendo tão distintos entre si próprios, deveriam ser tratados como um bloco só? Na verdade, a única coisa que têm em comum são suas preferências sexuais – mas isso não é suficiente para transformá-los num conjunto isolado na sociedade, da mesma forma como não vem ao caso falar em “comunidade heterossexual” para agrupar os indivíduos que preferem se unir a pessoas do sexo oposto. A tendência a olharem para si mesmos como uma classe à parte, na verdade, vai na direção exatamente contrária à sua principal aspiração – a de serem cidadãos idênticos a todos os demais.

Outra tentativa de considerar os gays como um grupo de pessoas especiais é a postura de seus porta-vozes quanto ao problema da violência. Imaginam-se mais vitimados pelo crime do que o resto da população; já se ouviu falar em “holocausto” para descrever a sua situação. Pelos últimos números disponíveis, entre 250 e 300 homossexuais foram assassinados em 2010 no Brasil. Mas, num país onde se cometem 50 000 homicídios por ano, parece claro que o problema não é a violência contra os gays; é a violência contra todos. Os homossexuais são vítimas de arrastões em prédios de apartamentos, sofrem sequestros-relâmpago, são assaltados nas ruas e podem ser monos com um tiro na cabeça se fizerem o gesto errado na hora do assalto – exatamente como ocorre a cada dia com os heterossexuais; o drama real, para todos, está no fato de viverem no Brasil. E as agressões gratuitas praticadas contra gays? Não há o menor sinal de que a imensa maioria da população aprove, e muito menos cometa, esses crimes; são fruto exclusivo da ação de delinquentes, não da sociedade brasileira.

Não há proveito algum para os homossexuais, igualmente, na facilidade cada vez maior com que se utiliza a palavra “homofobia”; em vez de significar apenas a raiva maligna diante do homossexualismo, como deveria, passou a designar com frequência tudo o que não agrada a entidades ou militantes da “causa gay”. Ainda no mês de junho, na última Parada Gay de São Paulo, os organizadores disseram que “4 milhões” de pessoas tinham participado da marcha – já o instituto de pesquisas Datafolha, utilizando técnicas específicas para esse tipo de medição, apurou que o comparecimento real foi de 270.000 manifestantes, e que apenas 65000 fizeram o percurso do começo ao fim. A Folha de S.Paulo, que publicou a informação, foi chamada de “homofóbica”. Alegou-se que o número verdadeiro não poderia ter sido divulgado, para não “estimular o preconceito”- mas com isso só se estimula a mentira. Qualquer artigo na imprensa que critique o homossexualismo é considerado “homofóbico”; insiste-se que sua publicação não deve ser protegida pela liberdade de expressão, pois “pregar o ódio é crime”. Mas se alguém diz que não gosta de gays, ou algo parecido, não está praticando crime algum – a lei, afinal, não obriga nenhum cidadão a gostar de homossexuais, ou de espinafre, ou de seja lá o que for. Na verdade, não obriga ninguém a gostar de ninguém; apenas exige que todos respeitem os direitos de todos.


Há mais prejuízo que lucro, também, nas campanhas contra preconceitos imaginários e por direitos duvidosos. Homossexuais se consideram discriminados, por exemplo, por não poder doar sangue. Mas a doação de sangue não é um direito ilimitado – também são proibidas de doar pessoas com mais de 65 anos ou que tenham uma história clínica de diabetes, hepatite ou cardiopatias. O mesmo acontece em relação ao casamento, um direito que tem limites muito claros. O primeiro deles é que o casamento, por lei, é a união entre um homem e uma mulher; não pode ser outra coisa. Pessoas do mesmo sexo podem viver livremente como casais, pelo tempo e nas condições que quiserem. Podem apresentar-se na sociedade como casados, celebrar bodas em público e manter uma vida matrimonial. Mas a sua ligação não é um casamento – não gera filhos, nem uma família, nem laços de parentesco. Há outros limites, bem óbvios. Um homem também não pode se casar com uma cabra, por exemplo; pode até ter uma relação estável com ela, mas não pode se casar. Não pode se casar com a própria mãe, ou com uma irmã, filha, ou neta, e vice-versa. Não poder se casar com uma menor de 16 anos sem autorização dos pais, e se fizer sexo com uma menor de 14 anos estará cometendo um crime. 

Ninguém, nem os gays, acha que qualquer proibição dessas é um preconceito. Que discriminação haveria contra eles, então, se o casamento tem restrições para todos? Argumenta-se que o casamento gay serviria para garantir direitos de herança – mas não parece claro como poderiam ser criadas garantias que já existem. Homossexuais podem perfeitamente doar em testamento 50% dos seus bens a quem quiserem. Tem de respeitar a “legítima”", que assegura a outra metade aos herdeiros naturais – mas essa obrigação é exatamente a mesma para qualquer cidadão brasileiro. Se não tiverem herdeiros protegidos pela “legítima”, poderão doar livremente 100% de seu patrimônio – ao parceiro, à Santa Casa de Misericórdia ou à Igreja do Evangelho Quadrangular. E daí?


A mais nociva de todas essas exigências, porém, é o esforço para transformar a “homofobia” em crime, conforme se discute atualmente no Congresso. Não há um único delito contra homossexuais que já não seja punido pela legislação penal existente hoje no Brasil. Como a invenção de um novo crime poderia aumentar a segurança dos gays, num país onde 90% dos homicídios nem sequer chegam a ser julgados? A “criminalização da homofobia”é uma postura primitiva do ponto de vista jurídico, aleijada na lógica e impossível de ser executada na prática. Um crime, antes de mais nada, tem de ser “tipificado” – ou seja, tem de ser descrito de forma absolutamente clara. Não existe “mais ou menos” no direito penal; ou se diz precisamente o que é um crime, ou não há crime. O artigo 121 do Código Penal, para citar um caso clássico, diz o que é um homicídio: “Matar alguém”. Como seria possível fazer algo parecido com a homofobia? Os principais defensores da “criminalização” já admitiram, por sinal, que pregar contra o homossexualismo nas igrejas não seria crime, para não baterem de frente com o princípio da liberdade religiosa. Dizem, apenas, que o delito estaria na promoção do “ódio”. Mas o que seria essa “”promoção”? E como descrever em lei, claramente, um sentimento como o ódio?

Os gays já percorreram um imenso caminho para se libertar da selvageria com que foram tratados durante séculos e obter, enfim, os mesmos direitos dos demais cidadãos. Na iluminadíssima Inglaterra de 1895, o escritor Oscar Wilde purgou dois anos de trabalhos forçados por ser homossexual; sua vida e sua carreira foram destruídas. Na França de 1963, o cantor e compositor Charles Trenet foi condenado a um ano de prisão, pelo mesmo motivo. Nada lhe valeu ser um dos maiores nomes da música popular francesa, autor de mais de 1 000 canções, muitas delas obras imortais como Douce France – uma espécie de segundo hino nacional de seu país. Wilde, Trenet e tantos outros foram homens de sorte – antes, na Europa do Renascimento, da cultura e da civilização, homossexuais iam direto para as fogueiras da Santa Madre Igreja. Essas barbaridades não foram eliminadas com paradas gay ou projetos de lei contra a homofobia, e sim pelo avanço natural das sociedades no caminho da liberdade. É por conta desse progresso que os homossexuais não precisam mais levar uma vida de terror, escondendo sua identidade para conseguir trabalho, prover o seu sustento e escapar às formas mais brutais de chantagem, discriminação e agressão. É por isso que se tomou possível aos gays, no Brasil e no mundo de hoje, realizar o que para muitos é a maior e mais legítima ambição: a de serem julgados por seus méritos individuais, seja qual for a atividade que exerçam, e não por suas opções em matéria de sexo.
Perder o essencial de vista, e iludir-se com o secundário, raramente é uma boa ideia.
Texto: J. R. Guzzo

2 comentários:

  1. O melhor texto do genero que já lí.sempre fiz essa conta de assassinatos hetero gay e por ela descobri como é mentirosa a afirmação lsbt que a religião e a sociedade odeia gay,tudo palanque .

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  2. Pra tu ser burro ainda vai precisar estudar bastante. Vc conseguiu escrever um amontoado de asneiras ainda maior do que o tal de Guzzo. Em retrospecto, fica claro por que a veja faliu. Ninguém ganha dinheiro escrevendo para direitista, pq direitista mal sabe ler. Se puser de quatro eles relincham e pastam.

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