Em sua descrição sobre os presídios brasileiros («são medievais», «preferia perder
a vida a passar anos numa prisão brasileira») o ministro brasileiro da Justiça,
José Eduardo Cardozo, não nos disse nada que já não soubéssemos há tempos. Deu
aquele tipo de declaração franca que quase nunca esperamos de um ministro de
Estado. Nossas prisões são depósitos desumanos de gente – sempre foram. Aliás,
em termos de custódia de pessoas, o Estado brasileiro pode escrever
enciclopédias sobre sua desumanidade patente ao longo dos anos: presos
políticos, índios em reservas, doentes em manicômios e, mais recentemente,
viciados em crack podem dar testemunho dos invisíveis campos de concentração
para as gentes indesejáveis.
Nossa legislação não fala em regime fechado e martirizante, e no entanto é o que temos. Tampouco fala em acesso ao mundo exterior para apenados de alto risco, mas a atual onda de violência no Estado de São Paulo, com média de 10 mortos por dia, parte de ordens dadas dentro de presídios. Em suma, poucas coisas são mais obsoletas e imprestáveis do que um presídio brasileiro. E dez anos destas culpas já cabem ao PT de Lula e Dilma.
Um ministro da Justiça não
querer ir para uma cadeia brasileira é até razoável – não conheço ninguém que
queira ir para qualquer cadeia, e creio que em Portugal não se encontrariam fãs
delas. Mas gostaria de saber como se sairiam outros ministros em declarações
hipotéticas, pois suspeito que a década se perdeu também em outras áreas.
Depois de 10 anos de PT, o
ministro da Educação, Aloizio Mercadante, confiaria filhos ou netos à escola
pública? O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, se permitiria tratar uma
doença grave no Sistema Único de Saúde? O ministro dos Transportes, Paulo
Sérgio Passos, se aventuraria num trajeto de ônibus num rush de São Paulo, Rio
ou Recife? Se deixarmos os ministros daqui e daí responderem a tais perguntas,
perceberemos a inconveniência das opiniões honestas para qualquer governo.
Título e Texto: Márvio dos Santos, Destak,
21-11-2012
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.
Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.
Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-