sábado, 24 de novembro de 2012

Fotos do conflito em Gaza provocam acusações de mídia tendenciosa

Francisco Vianna
Em meio ao conflito armado, cada foto conta uma história. Não apenas o que se poderia pensar delas. Durante oito dias de hostilidades entre Israel e militantes palestinos na Faixa de Gaza, uma discussão teve começo sobre o uso das imagens que documentam a luta. Partidários de cada lado vêm injustiça na forma como os eventos foram retratados pelas lentes das câmeras da mídia jornalística, que tentam estimular o lado emocional dos que as veem e que, nem sempre reflete a verdade dos fatos. Aparentemente, mesmo o quadro universal do sofrimento humano está cheio de controvérsias.


Uma foto da Associated Press de um homem palestino com intensa expressão de sofrimento, segurando o que parece ser o corpo de um bebê supostamente morto pelo fogo israelense, está entre as mais chocantes. A foto, foi publicada na primeira página do jornal americano The Washington Post, em 15 de novembro e em outros jornais e sites, mostra um homem, um jornalista da BBC árabe chamado “Jihad Misharawi” – atente para o nome – embalando o corpo envolto de seu bebê morto. A angústia é evidente em seus olhos e na inclinação de sua cabeça para o céu como suplicando ajuda divina. Ele está no meio de um semicírculo de homens, um dos quais parece consolá-lo.

A foto postada na Internet foi motivo de dezenas de reclamações, segundo o diretor de fotografia da AP, Mary Anne Golon. Um dos reclamantes acusou o jornal americano de ser “tendenciosamente favorável aos palestinos”, parte do padrão geral da alegada tendência antissionista de grande parte da mídia estadunidense. Outros objetam o destaque dado à foto pelo jornal, ocupando o espaço de quatro colunas na página.


Outras fotos controversas que se seguiram — e um vídeo — que foi publicado na terça-feira, quando a AP, a Reuters e a CNN apresentaram o show macabro e chocante de palestinos não identificados arrastando o corpo sem vida de um de seus compatriotas pelas ruas de Gaza sendo puxado por uma corda amarrada aos seus pés e atada numa motocicleta. Todas as três agências de notícias disseram que o homem foi sumariamente assassinado, sem julgamento, pela simples suspeita de ser um colaborador de Israel. Essa é, de fato, uma cena que jamais será vista em Israel... 

Queixas de que a tendenciosidade na imprensa em cada lance dessa luta se multiplica e aumenta, não dá, no entanto, a nenhum dos lados em conflito a certeza de que têm a capacidade de influenciar a mídia e fazê-la “puxar a brasa para a sua sardinha” (“a desonestidade é bem uma desgraça de padrão realmente em voga”, como dizem alguns), muito embora se acredite que os israelenses levam vantagem perante o público americano graças as suas “afinidades culturais” com os jornalistas ocidentais, ou seja, todos falam inglês, ao passo que pouquíssimos falam árabe.




Além disso, o conflito é extremamente assimétrico e coloca as modernas e bem equipadas forças armadas de Israel contra guerrilheiros irregulares e fanáticos — convencidos a se imolarem estupidamente pelo Islã, algo que, diferentemente da religião muçulmana, é mais uma doutrina política que quer o extermínio daqueles que não a seguem. Com isso, há muita gente pelo mundo afora que critica, e com boa dose de razão, a maneira como muitas vezes a mídia americana retrata as ações israelenses.

O sistema de defesa antimíssil de Israel, chamado Pilar da Defesa, e seus abrigos limitam extraordinariamente o número de baixas causadas pelos mísseis palestinos de fabricação iraniana, e daí há poucas fotos de Israel sentindo a dor das perdas de guerra, o que ocasiona uma espécie de “desequilíbrio emocional” naqueles que leem os jornais carregados de fotos de morte, ferimentos e destruição do lado palestino e muitas vezes, tais leitores não se dão conta de que o lado agressor é exatamente o lado palestino que vem sendo, covardemente, utilizado pelas nações antissionistas como bucha de canhão numa guerra que esses mesmos estados não ousariam deflagrar contra Israel.

Ao mesmo tempo, o moderno armamento de Israel produz uma desproporção “telegênica” que alimenta a falsa impressão de quem vê Israel como o elemento agressor. Uma grande bola de fogo resultante de um ataque de um caça F-16 a uma mesquita, por exemplo, é uma imagem bem mais chocante do que os restos de mísseis destruídos em pleno voo e esparramados pelo lado israelense.

Os que apoiam Israel geralmente rejeitam qualquer retrato ou narrativa que tente mostrar a nação judia como agressora, e seus militares como uma força que mata indiscriminadamente civis de modo impune — uma narrativa que acreditam ser promovida pelas facções árabes.

Dizem que as imagens que mostram palestinos sofrendo não se ajustam a um contexto mais amplo: o de que os militares israelenses apenas agem em defesa própria de seus cidadãos, que têm sido deliberadamente alvejados pelos terroristas da Faixa de Gaza com seus mísseis fornecidos por países interessados em “riscar Israel do mapa” e propositalmente lançados de áreas densamente povoadas da Cidade de Gaza, de modo a causar, propositadamente, o maior número de mortes entre civis, mulheres e crianças, por trás de quem se esconde a covardia e a pusilanimidade dos “líderes” palestinos, para quem a vida de seus irmãos não vale nada.
Título e Texto: Francisco Vianna (da mídia internacional), 24-11-2012

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