quarta-feira, 28 de novembro de 2012

O caminho das pedras

Imagem: Alécio Brandão
Maurício Barra
Coincidindo com a aprovação do orçamento, uma sondagem demonstra que 63,5 % dos portugueses defendem que Portugal deve cumprir o acordo negociado com a troika e que 62,8 % afirmam que Portugal não deve sair do Euro. Paralelamente, 84% querem que o memorando assinado com os nossos credores seja renegociado.
O caminho das pedras do Governo está definido: cumprir o acordo ao mesmo tempo que liberta os portugueses da pressão fiscal e do nível de desemprego que lhes está a ser imposta, por um lado diminuindo a despesa pública (os famosos 4 mil milhões), por outro lado com incentivos fiscais e impondo à banca portuguesa instrumentos financeiros que libertem a economia do “crash default” que efectivamente está a atrasar a recuperação económica, impedindo liquidez ao investimento, à gestão das PME’s e à revitalização da microeconomia. E, mais do que renegociar o memorando (a que deve estar sempre atento, sobretudo pressionando na diminuição acentuada dos juros e no retorno de parte substancial dos lucros obtidos em juros pelos nossos credores), deve acabar com ele em 2014. Mais tempo para pagar mais dinheiro é a política dos irresponsáveis.
Para este caminho o Governo tem o apoio condicional de dois terços dos portugueses. Apoio condicional à efectiva execução dos objectivos pretendidos.
Pior é o caminho das pedras do PS.
Com 20% do seu eleitorado a compreender que o Governo está num processo do que “tem de fazer” num exercício de “real politic” que se sobrepõe aos chavões negacionistas da realidade gritados todos os dias pela esquerda não democrática (a que 10 % do eleitorado socialista ainda se submete), o espaço de afirmação dos socialistas enquanto projecto governativo não existe (foi ridículo ver ontem Seguro fazer de conta que era autor da deliberação do EuroGrupo de estender à Irlanda e Portugal a revisão dos critérios de apoio financeiro à Grécia).
O PS tem de se defrontar a si próprio: ou segue a maioria do seu eleitorado e opta definitivamente por um modelo político de governação europeu, criando condições para com os outros partidos democráticos obter consensos reformadores do regime que evitem que Portugal volte à bancarrota, ou deixa-se continuar aprisionado pela coacção ideológica de uma minoria companheira de estrada da extrema-esquerda e da esquerda radical.
Título e Texto: Maurício Barra, Forte Apache, 28-11-2012

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