Ricardo Noblat
Onde se lê:
"Questionado sobre as
despesas com a organização e divulgação da passeata "Veta, Dilma",que ocorreu nesta segunda-feira (26), no centro do Rio de Janeiro, o governador
Sérgio Cabral (PMDB) afirmou não poder divulgar o valor gasto pelo governo do
Estado com o objetivo de, por meio do ato público, pressionar a presidente da
República, Dilma Rousseff (PT), a vetar o projeto de redistribuição dos royalties
do petróleo, já aprovado pelo Congresso. "Não
posso divulgar isso", afirmou Cabral.
Na sexta-feira, procurada pela
reportagem do UOL, a assessoria do governo informou que os investimentos feitos
com dinheiro público para realizar a manifestação seriam divulgados na coletiva
de imprensa, depois da passeata. Cabral, no entanto, optou por desconversar.
Segundo o jurista especializado em direito público Fábio Medina Osório, autor
do livro "Teoria da Improbidade Administrativa", embora a manifestação
não tenha "interesse privado", o governo do Rio é obrigado a
"prestar contas" quanto ao dinheiro público investido."
Leia-se:
De duas, uma. Pode ter custado
caro, muito caro, o ato público promovido por Cabral. As repartições públicas
fecharam ontem à tarde para que os servidores atendessem à convocação do
governador. Transporte público rolou de graça, de ônibus a barcas, para
facilitar a chegada e a saída da multidão do centro do Rio. Foi montada uma
gigantesca infraestrutura de serviços para atender a toda essa gente - algo
como 190 mil pessoas. Cabral teme que a cifra possa causar espanto.
Ou então: Cabral se nega a
revelar quanto gastou simplesmente porque não gosta de prestar contas ao
distinto público. Presta o necessário, o obrigatório por lei. E é só. Bobagem
essa história de transparência. De mais a mais, a imprensa tem a mania esquisita
de desconfiar a princípio de informações oferecidas por autoridades. Quando
pode ou quer ou tem algum motivo anterior para isso, tenta conferir para ver se
elas procedem. Se de fato são verdadeiras. Quando não são o mundo cai.
Sabe-se, por exemplo, que
Cabral fez dezenas de viagens ao exterior desde o primeiro ano do seu primeiro
governo. Quantas viagens ele fez? Quantas foram oficiais? Quantas particulares?
Destino, duração e objetivos de cada uma? Custos de cada uma? Fonte pagadora de
cada uma? Quem acompanhou Cabral em cada uma das viagens? Quem pagou as contas
dos acompanhantes? Em quantas viagens Cabral usou jatinhos cedidos por amigos?
Quantos desses amigos são fornecedores do governo?
Jamais Cabral respondeu
perguntas como essas de forma satisfatória, definitiva.
Título, Imagem e Texto: Blog do Ricardo Noblat, 27-11-2012
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