Ubiratan Iorio
Dizem que o amor é uma flor
delicada e da mais rara beleza, mas que nasceu e desabrochou bem na beira de um
abismo, para que quem deseje pegá-la e desfrutar de sua formosura, fragrância e
tudo o mais ue representa, tenha que demonstrar muita coragem.
O mundo inteiro chocou-se com
o episódio ocorrido no colégio Sandy Hook, em Newtown, no estado americano de
Connecticut, quando um psicopata, cujo nome não merece sequer ser mencionado,
assassinou a tiros vinte crianças entre cinco e dez anos e seis adultos,
incluindo a própria mãe. Imediatamente, a mídia mundial destacou o fato, mas,
como sempre acontece nesses momentos de comoção, procurou capitalizar seus
próprios interesses, sugerindo que, caso a posse de armas fosse proibida, a
tragédia teria sido evitada. O presidente Obama, com seu populismo
característico, está também tirando proveito do episódio, já se declarando a
favor de mudanças radicais nas leis que regem o porte de armas nos Estados
Unidos.
Isso não é verdade, pela mesma
razão - para usar uma imagem popular – pela qual a culpa por um aluno ter
tirado zero em uma prova não pode ser atribuída ao lápis com que fez a mesma...
No triste caso de Newtown, a culpa não foi da arma e nem da legislação, ela foi
simplesmente do assassino! Mas não pretendo aqui enveredar pela discussão sobre
se o porte de armas deve ser ou não permitido, embora me sinta na obrigação
moral de afirmar que qualquer cidadão de bem tem o direito de possuir armas
para se defender dos que não são de bem. Aliás, parecem preocupantes as razões
que estão por trás dessas frequentes tentativas de desarmamento das pessoas
corretas, porque naquele plebiscito realizado há alguns anos no Brasil nosso
povo manifestou-se maciçamente a favor do porte legal de armas para os cidadãos
se defenderem.
Mas, nesta postagem, quero
muito, também por dever moral, enaltecer as virtudes heroicas de uma jovem,
Victoria Soto, professora de origem porto-riquenha daquele colégio de
Connecticut, cristã da denominação protestante Lordship Community Church, que
não hesitou em entregar sua vida, na plenitude de seus vinte e sete anos, para
salvar suas crianças.
Victoria venceu, com sua morte, a cultura da morte. Foi cristã até o fim |
Ela reagiu sem pestanejar
assim que ouviu disparos na sala de aula que havia sido invadida pelo
criminoso, bem ao lado da sua. Em meio ao terror daqueles momentos que podemos
imaginar quão terríveis foram para quem os viveu, encontrou forças para ter o tirocínio
de dizer aos dezessete alunos que aqueles barulhos (tiros e, certamente,
gritos) faziam parte de uma brincadeira e que se eles desejassem ganhá-la
deveriam esconder-se nos armários da sala e permanecer absolutamente quietos,
em silêncio absoluto. As crianças obedeceram a essas instruções e quando o
monstro invadiu a sala de aula, ao não ver nenhum aluno, perguntou onde
estavam. Victoria novamente mostrou acuidade, dizendo-lhe que estavam em uma
aula de ginástica, mas, infelizmente, ele não ficou convencido disso e abriu
fogo contra um dos armários. Então, para proteger seus queridos alunos,
incontinenti e com impressionante destemor e coragem, se colocou entre eles e o
assassino, fazendo-se ela própria de escudo. Foi então atingida mortalmente,
dando a sua vida pelas daqueles inocentes que a ela estavam confiados naquele
momento. Ela foi encontrada amontoada sobre as crianças, as suas crianças, a
quem defendeu instintivamente como se fossem seus próprios filhos.
Victoria deu sua vida pelas
vidas de crianças inocentes. Vidas que não foi ela que gerou, mas que tratou
como se tivessem sido concebidas por ela. Um soco no queixo de quem defende
práticas abortivas em nome de um pretenso “direito ao corpo” da mulher, como se
os filhos que carregam no ventre a elas pertencessem, como se não possuíssem
vidas próprias. Nesse sentido, podemos dizer que Victoria venceu, com sua
morte, a cultura da morte. Foi cristã até o fim.
Quem é cristão sabe que não há
prova maior de amor do que dar a vida pelo irmão, como fez o próprio Cristo.
Quem é ateu e tem bom coração, certamente, haverá de concordar com isso. Mas
quem achar que atos assim não são heroicos, seja cristão ou ateu, pode parar de
ler esta pequena elegia, porque, sinceramente, sua ausência não me fará a menor
falta... Todas, rigorosamente, todas as
pessoas que possuem bons sentimentos – protestantes como Vickie, católicos,
judeus, espíritas, ateus – reconhecem seu ato de heroísmo. Victoria não
titubeou em morrer para que aqueles pequenos anjos tivessem a chance de
permanecer vivos. Colocou a vida deles em primeiro plano. Seu primo Jim
Wiltsie, segundo postagens na Internet, afirmou que ela "perdeu a vida
fazendo o que amava. Ela amava essas crianças e sua meta na vida era chegar a
ser uma professora para moldar estas jovens mentes" [graduada na Eastern
Connecticut State University, estava cursando o mestrado em educação para
deficientes na Southern Connecticut State University]. Sua amiga Andrea Crowell
disse que Vickie "pôs suas crianças em primeiro lugar. Ela sempre falava
disso. Ela quis fazer o melhor por eles, ensinar-lhes algo novo cada dia".
Sua igreja, segundo pude
constatar na Internet, está organizando uma campanha para angariar fundos para
sua família que, ao que parece, vive com dificuldades financeiras. Uma bela
iniciativa.
Estamos acostumados a ver
imagens dos santos em estátuas e estampas que nós, católicos, veneramos (o que
é muito diferente de adorar), como se estivéssemos olhando com carinho para uma
estátua ou fotografia de uma pessoa querida.
Pois ao olhar ontem para a
fotografia de Victoria na Internet, uma jovem bonita, de olhar que irradiava
pureza e alegria e plena de vida, tive a certeza de que sua demonstração
heroica de amor fez dela uma santa de nossos dias, mártir dos tempos modernos!
Sem estampa, sem estátua, sem pertencer à Igreja que beatifica e canoniza
pessoas que demonstraram em vida virtudes heroicas. Pois o que menos importa é
a que igreja pertencia, já que o que resulta – e que Deus certamente já levou
em conta – é que Victoria, com a dedicação à sua missão de professora, com a
qualidade de procurar fazer sempre suas tarefas profissionais da melhor maneira
possível dentro de suas limitações humanas, colheu destemidamente a flor do
amor.
O abismo não a intimidou! A
flor é sua, Professora, você a colheu com muita coragem, desfrute de sua
beleza, fragrância e tudo o mais que representa o amor. Amor que você dedicou a
seus pequenos inocentes. O Pai certamente há de ter-se alegrado com a sua
atitude e há de ter concedido a você a maior de todas as alegrias, a que
reserva para as pessoas humanas, os únicos seres transcendentais criados, que é
a alegria da Sua presença, Vickie!
Título, Imagem e Texto: Ubiratan Iorio, Mídia Sem Máscara, 25-12-2012
Colaboração: Francisco Vianna
Jim, me perdoe, mas não consegui passar da metade do texto. Mídia sem Máscara? Nunca ouvi falar, e pelo que já subentendi, não me interessa, um texto cacete, forma de expressão forçada, cacete mesmo, do tempo em que cacete queria dizer cacete mesmo. Chato! Ao autor do texto e seu colaborador, digo que, de tão surrado, nem vale à pena retrucar. Quer dizer então que o Obama é populista?? E você, seu Ubirajara, é o que? Chato e cacete e maçante e pretencioso eu já sei que é e torou-se íntimo de uma desconhcida ... Vickie ... então tá Birinha. PFdeM
ResponderExcluirOi, Paulo!
ResponderExcluir"Mídia Sem Máscara" é um site cujo fundador e editor-chefe é Olavo de Carvalho.
Abração./-
Se o Obama não é populista (Yes, We Can! Humm), eu não sei o que esse termo quer dizer...
ResponderExcluir"Yes we can" é apenas um bordão, que passar a idéia de que apesar de tudo e de todos os contras, "Sim, nos podemos mudar"
ResponderExcluirTalvez a frase em Inglês teria sido melhor se disesse. "Yes we cam change". Perto do populismo americano do sul, perto de Lulas, Hugo Chaves, o Obama é um principiante. Não sei como o cara que escreveu esse primeiro texto aqui, reproduzido pelo Jim, conseguiu dar um nó e associar a atitude heróica da professora com o aborto... isso sim é oportunismo populista de católico. As mulheres deveriam ser incentivadas a cuidar mais para evitar gradvidez indesejada, mas se esse for a última solução, não é o Estado, muito menos a igreja - aquela confraria de tarados: Tarados por dinheiro, Tarados por Mulheres, Tarados por homens e, como se não bastasse, pedófilos também, e que tosoa juntos gostam antes de tudo de $$$. Uma mulher que pratica abordo, respnderá ela por esse ato, não tem que ficar sendo achincalhada por isso, é a melhor solução que ela está encontrando para aquele momento, quem ten direito de se meter, os que se metem darão uma pensão para que ela possa sustentar o filho, para ficarmos apenas nessa questão? PFdeM