FGV aponta estabilidade no mercado de trabalho, mas alerta para
desemprego futuro
Vladimir Platonow
Se a economia brasileira não
der sinal de recuperação nos próximos meses, os empresários poderão começar a
demitir trabalhadores. Até agora, as empresas se ajustaram ao fraco desempenho
do mercado com a redução das horas de trabalho.
O alerta é do economista
Fernando de Holanda Barbosa Filho, do Instituto Brasileiro de Economia da
Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), que hoje (7) divulgou o Indicador
Antecedente de Emprego (IAEmp) e o Indicador Coincidente de Desemprego (ICD),
referentes a novembro.
O IAEmp tem objetivo de
antecipar movimentos do mercado de trabalho e apresentou recuo de 0,4% em
comparação a outubro. O ICD visa monitorar a evolução presente da taxa de
desemprego e apontou recuo de 0,1%, na comparação com o mês anterior.
“Os índices mostram
estabilidade no mercado de trabalho no momento, o que é uma boa notícia, dado o
mau desempenho da economia, que apesar de não estar crescendo bastante, não
estar com a atividade econômica em ritmo elevado, mantém o nível de emprego”,
disse Holanda.
Segundo ele, a piora no IAEmp
sinaliza uma necessidade de maior atenção ao resultado da atividade econômica
futura, pois até o momento os empresários estavam enxugando o número de horas
trabalhadas, para preservar os empregos.
“Dado o resultado ruim [da
economia] este ano, a retenção de trabalhadores pode estar chegando ao fim. O
que estimulava a retenção era a expectativa do empresário de um melhor
desempenho econômico em um futuro próximo. Dadas as constantes frustrações de
expectativa nesse sentido, é bem possível que os empresários comecem ajustes no
número de trabalhadores”, esclareceu.
Holanda questionou o que ainda
pode ser feito e sugeriu mudanças na política do governo, para evitar
aceleração no desemprego. “É difícil utilizar mais medidas anticíclicas. A taxa
de juros já está muito baixa, o governo aumentou gastos, então fica difícil
imaginar que exista mais arsenal para ser utilizado. A economia não está
respondendo. O governo deveria mudar suas políticas de incentivos setoriais
específicos e tentar buscar uma solução mais global para o problema, com
aumento da produtividade, para aumentar o crescimento no futuro. No curto
prazo, não há o que se fazer no mercado de trabalho.”
Os dados completos podem ser
acessados na página do Ibre na internet.
Texto: Vladimir Platonow; Edição: Denise
Griesinger, Agência Brasil, 07-12-2012
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