domingo, 16 de dezembro de 2012

Então é Natal, e o que você fez?

José Carlos Bolognese

So this is Christmas
And what have you done?
Another year over
And a new one just begun 
John Lennon

Então é Natal, e o que você fez?
O ano termina, e nasce outra vez

Mais um Natal e a tristeza e o desapontamento são os mesmos dos últimos sete que passaram. Nem todos têm tudo ou podem ser felizes nesta época especial. Faz parte da vida, dizem. Mas de um modo ou de outro, as relações, o afeto, os bons sentimentos que afloram em festas e reuniões, afastam por um tempo a tristeza de se saber excluído a maior parte do ano. Mas quem teve seu modo de vida cruelmente alterado por sete Natais de penúria e quase sete anos não vividos na plenitude dos direitos, vai responder o quê se alguém lhe perguntar...

“Então é Natal, e o que você fez?”
Porque, para justificar a pergunta, era preciso ter vivido. Os anos têm dias, semanas e meses, enfim... números... para que se somem as realizações, o que se fez e se conquistou, não para contar o tempo que falta para remover o obstáculo do viver.
Então, poderia chamar este texto de “2006, o ano que não terminou”, e aí me dispensar de cantar junto...

“O ano termina, e nasce outra vez”
Sim, pois um ano que não acaba, não deixa que outro ano comece. E, se as festividades natalinas nos afastam da tristeza pelo conforto dos afetos, o Ano Novo começamos sós. Cada um com seus problemas, suas contas, sua falta de recursos...

Mas, para aqueles que deveriam nos prestar contas através dessas duas frases da canção, o... ”Então é Natal”, bem... é... Natal o ano inteiro; eles sabem se cuidar e não faltam os “amigos ocultos”- ou “secretos” - como dizem meus irmãos paulistas. E... o... “E o que você fez?”… Pode-se deduzir que tudo de bom pra eles próprios e tudo de ruim pra nós, como provam esses já quase sete anos roubados.

Pensando bem, essa gente que se presenteia o ano todo tem algo em comum conosco. Eles, porque sem escrúpulos em tomar o que querem, perderam a noção dos limites e se dão todas as coisas, até o que não precisam. Nós, pelos insanos limites deles, estamos perdendo a noção das coisas, daquelas que jamais teremos de volta e, a cada dia, das mais essenciais.

Quem se acostuma a tomar, não se convence a devolver. Vejam que mais uma vez, outra medida cruel tomou o lugar da nossa esperança. Mais uma, às portas do Natal e do recesso de fim de ano que não é só de fim, mas também de começo. Quando é mesmo que eles voltam? Fevereiro, março? Se passam mais um ano sem querer devolver o que tiraram de nós - porque trabalhadores e aposentados - também fazem de tudo para não pegar de volta o que roubaram os mensaleiros... porque... bandidos sim, mas "companheiros" da corte! E os "graves danos de difícil reparação para os cofres da União" se anulam, porque são a "caixinha de Natal" da quadrilha?

Nós não estamos e jamais estaremos imersos num dilema só - o azul-e-branco-com-Ícaro-e-rosa-dos-ventos chamado Varig. Nosso problema é o Brasil – não o que ajudamos a construir em quase 80 anos de Varig – mas o que estão fazendo com ele há dez anos. Aqui alguns tolos irão correndo me corrigir com a tal herança maldita de antes de 2003. Pois que vão fundo, a mim pouco importa, podem ir até Pero Vaz Caminha, cinco séculos atrás escrevendo a El Rey de Portugal, D. Manuel, a pedir um favor de um emprego para o genro ou algo assim.

Mas que não esqueçam que o “nuncaantesnessepaís” vale mais para coisas ruins nesses últimos dez anos do que para os cinco séculos de antes. Especialmente para nós da aviação comercial.

Mas, com “as gentes” que estamos tratando, os sentimentos superiores de Natal e Ano Novo não existem, pois estes, como tudo o que é bom, não dependem de calendário. Eu, por exemplo, me senti no Natal em julho de 2012, quando o juiz Jamil reacendeu minhas esperanças. E passei a me sentir na Sexta-Feira da Paixão todos os outros dias, quando essa esperança era violentada pelas negações do desgoverno.

A persistir o nosso dilema com essa gente que é nomeada, negociada e comprada para posições que na máquina estatal se transformam em feudos e cidadelas fortificadas com os fossos e os crocodilos da corrupção, devemos orar para que a deusa da justiça, essa longínqua e relutante senhora, guarde em algum canto do coração um sentimento de Natal, que esteja vivo em qualquer parte do ano.

De minha parte, o sentimento existe e eu o ofereço a todos.
Feliz Natal!
Título e Texto: José Carlos Bolognese, 16-12-2012

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.

Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.

Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-