Mensagem de Natal do primeiro-ministro marcada por um discurso que aponta para uma generalização do esforço. Passos Coelho garante que programa de reformas
está bem encaminhado.
A íntegra
do discurso:
No momento em que se aproxima
o final de um ano de grandes sacrifícios para os portugueses, sabemos que ainda
não pusemos esta grave crise para trás das costas. Mas também sabemos que já
começámos a lançar as bases de um futuro próspero. Ainda não podemos declarar
vitória sobre a crise, mas estamos hoje muito mais perto de o conseguir. E uma
condição essencial para sermos vitoriosos sobre a dívida e sobre o desemprego é
acreditarmos em nós próprios. É encontrarmos a clarividência, a força e a
tenacidade para ultrapassarmos este momento. É renunciarmos de uma vez por
todas ao pessimismo que marcou a nossa história recente.
Em 2013 continuaremos a
preparar o nosso futuro. São grandes os desafios e as tarefas que nos aguardam,
sobretudo num momento em que na Europa e em várias regiões do mundo subsistem
inúmeras incertezas. Teremos de responder a essas incertezas com as nossas
certezas, as certezas que partilhamos como povo: a certeza de que vamos
ultrapassar as atuais dificuldades, a certeza de que Portugal é capaz de
reformar o Estado e as suas instituições, a certeza de que queremos uma
sociedade mais justa do que foi até hoje, a certeza de que a nossa economia
será competitiva no mundo globalizado, a certeza de que os dias mais prósperos
e mais felizes do nosso Pais estão à nossa frente.
Quando este Governo tomou
posse, Portugal tinha acabado de assinar um programa de ajuda financeira com
instituições internacionais, um programa cujo valor global equivaliaa
quasemetade de toda a riqueza que produzimos num ano. Este programa implicava a
realização de avaliações regulares e impunha uma longa lista de medidas
desenhadas para recuperar as nossas finanças públicas e a competitividade da
nossa economia.
Julgo que nesse momento todos
terão percebido que iríamos iniciar um período de grandes dificuldades. Não é
comum um país ter de pedir ajuda financeira. E quando isto sucede numa economia
desenvolvida como a nossa, onde o Estado tem compromissos muito pesados e
importantes, então podemos dizer que entramos verdadeiramente numa zona de
perigo. Foi isso mesmo que sucedeu há pouco mais de um ano e meio.
Já o disse, e torno hoje a
dizê-lo: para mim não existe forma mais elevada de coragem do que aquela que
tem sido diariamente demonstrada pelos Portugueses. Não existe forma mais
elevada de coragem do que enfrentar diariamente novas dificuldades, sem nunca
desesperar. Sem fingir que estas dificuldades não existem. Sem as empurrar para
outros. Sem renunciar às nossas responsabilidades, que subitamente se tornaram
mais pesadas.
As dificuldades do presente
nem sempre nos deixam ver o que conquistamos com a coragem de todos, mas
sabemos a sua importância. Conquistámos o caminho à nossa frente, um caminho
onde no início havia apenas dúvidas e incerteza. A esmagadora maioria das
medidas que faziam parte do nosso programa está já concluída ou em fase de
conclusão. Criámos uma relação de grande confiança com as instituições
internacionais responsáveis por esse programa.
Transformámos alguns aspectos
da nossa economia que sempre tinham sido obstáculos ao investimento e à criação
de riqueza e que em muitos casos se mantinha fechada à participação de todos.
Iniciámos um processo de reforma das estruturas e funções do Estado, um
processo tantas vezes adiado, aqui como noutros países, mas que é agora
inadiável, para nós como para os nossos parceiros europeus. Nalguns aspectos
temos de continuar o trabalho que fizemos até aqui. Noutros temos certamente de
melhorar, e noutros ainda haverá novas tarefas no futuro próximo. Mas há muito
que não tínhamos um caminho aberto para fazer tudo isto, e uma oportunidade que
é finalmente nossa para agarrar com ambas as mãos.
A minha obrigação neste
momento é oferecer uma dupla garantia. Primeiro, a de que todos foram e
continuarão a ser chamados a participar neste esforço nacional.
Segundo, a de que todos
beneficiarão das novas oportunidades que criaremos nos próximos anos. Julgo que
foi um imperativo de justiça que aqueles que vivem com mais recursos económicos
tenham sido chamados a dar um contributo maior para que - por exemplo - nove em
cada dez reformados não tenham sido atingidos por cortes ou reduções nas suas pensões.
Conseguimos mesmo, pelo segundo ano consecutivo, atualizar as pensões mínimas
acima da inflação. Cumpre agora garantir que ninguém sairá desta crise sem a
capacidade plena de aproveitar essas oportunidades. Ninguém que esteve presente
nos piores momentos da crise, com a sua coragem e o seu esforço, será deixado
para trás nos anos de oportunidade que temos pela frente.
Como sempre acontece, esta
quadra natalícia será um momento especial para recordarmos aqueles que estão
mais longe, ou aqueles que se afastaram de nós no último ano. Devemos lembrar
as comunidades portuguesas e todos os emigrantes no estrangeiro, ou os nossos
militares em missões noutras regiões do planeta. Também eles são atingidos pelo
que se passa em Portugal. São atingidos porque muitos têm a família aqui, mas
também porque este é e sempre será o seu país, pelo qual sofrem e para o qual
desejam o melhor. Todos podemos fazer um pouco mais para ajudar quem mais
sofre, quem perdeu o emprego, ou quem teve de adiar os seus sonhos ou projetos.
Estes anos difíceis irão passar, não tenhamos dúvidas. É nossa obrigação não
esquecer - nunca esquecer - os que mais sofrem para que os possamos ultrapassar
em conjunto.
Desejo-vos um Bom Natal e um
Feliz Ano Novo.
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