Reinaldo Azevedo
O que faz essa multidão diante de um míssil? Ou: “Cada árvore e cada pedra gritará: ‘Oh, Muçulmanos! Oh, servos de Alá! Há um judeu atrás de mim, venha e mate-o” |
Khaled Meshaal, o líder mais
importante do Hamas, que vive no Catar – esta estranha tirania que dá apoio à
dita Primavera Árabe… – visitou nesta sábado a Faixa de Gaza. Falando a um
multidão, que se estimou em 500 mil pessoas, sob as bênção de um foguete M75,
de fabricação iraniana, Meshaal deu a sua contribuição à paz: afirmou que o
Hamas jamais reconhecerá Israel, que todo o território é palestino “do rio ao
mar, do Sul para o Norte”, referindo-se ao Rio Jordão e ao Mar Mediterrâneo.
Segundo ele, os palestinos não darão um centímetro de terra a Israel – que,
nessa hipótese, desapareceria. “Nunca vamos reconhecer a legitimidade da
ocupação israelense e, portanto, não há legitimidade para Israel”. Volto a ele
daqui a pouco. Vamos lembrar aqui algumas coisinhas.
A ONU
Enquanto todos os
progressistas e as pessoas boas do mundo, inclusive do Brasil, aplaudiam de pé
a admissão da Autoridade Palestina como estado observador da ONU, eu, que não
sou nem progressista nem bom (segundo os sábios da militância ao menos),
advertia que as consequências caminhariam num sentido oposto ao pretendido.
Haveria mais dissabores do que soluções. Aliás, fui mais longe do que isso e
afirmei que mais lucrariam os terroristas do Hamas do que Mohamed Abbas, o
presidente da Autoridade Palestina. Reproduzo um trecho do artigo publicado no dia 30 de novembro:
“É uma tolice supor que a decisão de ontem vá fortalecer a sua posição [de Mohamed Abbas] contra o Hamas. A facção que governa Gaza também comemorou o resultado (…) É evidente que as nações que votaram em favor do reconhecimento expressaram uma espécie de censura ao país que se defende, o que é um escândalo moral. Como é o Hamas a força que hoje se apresenta para o confronto, mais os terroristas lucraram com o evento aloprado de ontem do que Abbas.”
“É uma tolice supor que a decisão de ontem vá fortalecer a sua posição [de Mohamed Abbas] contra o Hamas. A facção que governa Gaza também comemorou o resultado (…) É evidente que as nações que votaram em favor do reconhecimento expressaram uma espécie de censura ao país que se defende, o que é um escândalo moral. Como é o Hamas a força que hoje se apresenta para o confronto, mais os terroristas lucraram com o evento aloprado de ontem do que Abbas.”
Não tenho bola de cristal, só
lógica elementar. Era, como se vem mostrando, estupidamente imprudente aceitar
a existência de um estado que, por razões que nem preciso demonstrar, estado
não é. Quando menos, seria necessário que esse ente estivesse sob um só
comando, o que é falso. Os terroristas do Hamas governam a Faixa de Gaza; a
Cisjordânia é governada pelo Fatah. Em seu discurso, Khaled Meshaal pregou a
união das duas correntes. Como o Hamas não abre mão de sua forma de luta, o
acordo só acontecerá se Abbas voltar ao terrorismo.
Pois é… Que sentido faz a ONU
reconhecer a Palestina como estado, ainda que observador, se essa condição
depende, necessariamente, de negociações bilaterais –- no caso, com Israel? É
evidente que se tratou de uma ação hostil, e isso sempre enseja reações. O
governo israelense cortou repasse de recursos à Autoridade Palestina e decidiu
construir mais três mil residências em Jerusalém Oriental, na Cisjordânia.
Ouvi certo alarido: “Você não
vai condenar Israel? Não vai?” É negável que a decisão não colabora com a paz,
mas me pergunto se alguém, de fato, esperava que não houvesse uma reação… Ora,
se a Autoridade Palestina acha que o interlocutor não é Israel, por que Israel
deve achar que é a Autoridade Palestina. Tem início a escalada da
irracionalidade. E antevi alguma grande bobagem palestina como fruto da
excitação. Pimba! Antes que continue, uma lembrança: o governo brasileiro,
seguindo os passos de alguns outros, chamou o embaixador de Israel para cobrar
explicações. Dos companheiros do Hamas, ninguém vai cobrar nada…
Os terroristas não querem
negociar, deixa claro seu líder máximo. Querem a destruição de Israel e fim de
papo! Eu sei disso faz tempo porque já li o Estatuto do Hamas, publicado neste blog. O Artigo
2º é lascar! Eis aí o que o PT gostaria de ser (em vermelho):
“Art. 2º O Movimento de Resistência Islâmica é um dos ramos da Irmandade Muçulmana na Palestina. A Irmandade Muçulmana é uma organização global (universal) e é o maior movimento islâmico nos tempos modernos. Ela se distingue por seu profundo entendimento e sua precisão conceitual e pelo fato de englobar a totalidade dos conceitos islâmicos em todos os aspectos da vida, em ideias e crença, na política e na economia, na educação e assuntos sociais, em matérias judiciais e em matérias de governo, na pregação e no ensino, na arte e nas comunicações, no que deve ser secreto e no que deve ser transparente, bem como em todas as áreas da vida.”
“Art. 2º O Movimento de Resistência Islâmica é um dos ramos da Irmandade Muçulmana na Palestina. A Irmandade Muçulmana é uma organização global (universal) e é o maior movimento islâmico nos tempos modernos. Ela se distingue por seu profundo entendimento e sua precisão conceitual e pelo fato de englobar a totalidade dos conceitos islâmicos em todos os aspectos da vida, em ideias e crença, na política e na economia, na educação e assuntos sociais, em matérias judiciais e em matérias de governo, na pregação e no ensino, na arte e nas comunicações, no que deve ser secreto e no que deve ser transparente, bem como em todas as áreas da vida.”
Uau! É o que o PT quer ser
quando crescer: cuidar de tudo! O que vai acima é a síntese de uma ditadura
religiosa. Pois bem! A cada vez que leio sugestões para que Israel negocie com
o Hamas, eu me lembro das palavras do seu estatuto. Logo na introdução, a gente
lê:
“Israel existirá e continuará existindo até que o Islã o faça desaparecer, como fez desaparecer a todos aqueles que existiram anteriormente a ele.”
“Israel existirá e continuará existindo até que o Islã o faça desaparecer, como fez desaparecer a todos aqueles que existiram anteriormente a ele.”
Leiam agora o que diz o Artigo
7º:
Art. 7º Em todos os países do mundo encontram-se muçulmanos que seguem o caminho do Movimento de Resistência Islâmica, e tudo fazem para apoiá-lo, adotando seu posicionamento e reforçando a sua Guerra Santa (jihad). Por isso, é um Movimento universal, qualificado para esse papel devido à clareza de sua ideologia, superioridade de seus fins e sublimidade de seus objetivos. Nessas bases é que deve ser visto e avaliado, e é nessas bases que seu papel deve ser reconhecido.
(…)
o Movimento de Resistência Islâmica aspira concretizar a promessa de Alá, não importando quanto tempo levará. O Profeta, que as bênçãos e a paz de Alá recaiam sobre ele, disse: “A hora do julgamento não chegará até que os muçulmanos combatam os judeus e terminem por mata-los e mesmo que os judeus se abriguem atrás de árvores e pedras, cada árvore e cada pedra gritará: “Oh, Muçulmanos! Oh, Servos de Alá, há um judeu atrás de mim, venha e mate-o”.
Art. 7º Em todos os países do mundo encontram-se muçulmanos que seguem o caminho do Movimento de Resistência Islâmica, e tudo fazem para apoiá-lo, adotando seu posicionamento e reforçando a sua Guerra Santa (jihad). Por isso, é um Movimento universal, qualificado para esse papel devido à clareza de sua ideologia, superioridade de seus fins e sublimidade de seus objetivos. Nessas bases é que deve ser visto e avaliado, e é nessas bases que seu papel deve ser reconhecido.
(…)
o Movimento de Resistência Islâmica aspira concretizar a promessa de Alá, não importando quanto tempo levará. O Profeta, que as bênçãos e a paz de Alá recaiam sobre ele, disse: “A hora do julgamento não chegará até que os muçulmanos combatam os judeus e terminem por mata-los e mesmo que os judeus se abriguem atrás de árvores e pedras, cada árvore e cada pedra gritará: “Oh, Muçulmanos! Oh, Servos de Alá, há um judeu atrás de mim, venha e mate-o”.
Voltei
Esse é o Hamas que muito pretendem que esteja se tornando menos radical Quando a ONU reconhece o estado palestino como observador, queira ou não, está admitindo tanto esse horizonte como os métodos empregados para alcançá-lo.
Assim, saibam os senhores,
enquanto o Hamas estiver no comando de uma parte do povo palestino, não há nem
o que negociar. E o tal Khaled Meshaal deixou isso bastante claro! Ele foi mais
longe: anunciou que o movimento pretende praticar novos sequestros de soldados
israelenses para obter a liberação de terroristas palestinos presos.
Não obstante, quem é chamado a
dar “explicações” no Brasil e em alguns outros países é Israel. O Hamas, como
se nota, não precisa explicar nada. Basta tentar matar judeus atrás de pedras e
árvores e cultuar um míssil com devoção quase religiosa.
Eis aí um dos desdobramentos
práticos daquela votação irresponsável, que contou com o apoio entusiasmado do
governo Dilma: em vez da paz, bomba!
Título, Imagem e Texto: Reinaldo
Azevedo, 09-12-2012, 11h35 (TMG)
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