Francisco Vianna
O governo de Obama repreendeu
Israel na terça-feira de ontem, por ter aprovado a construção de 1.500 novas residências de judeus árabes a leste de Jerusalém,
alegando que “a construção continuada afeta a questão do compromisso de Israel
de manter conversações de paz visando um estado
palestino separado e independente”. A porta-voz do Departamento de Estado,
Victoria Nuland, disse que “o governo americano está profundamente decepcionado
com a insistência de Israel em continuar este padrão de ação provocativa”.
A áspera e inusitada repulsa a
um aliado íntimo dos EUA no Oriente Médio revela profundo ceticismo quanto à
possibilidade das lideranças tanto de Israel quando da AP (Autoridade
Palestina) na Cisjordânia de retornarem a um diálogo substancioso. “Tais
anúncios repetidos de planos de construir novos assentamentos vão de encontro à
causa da paz”, disse Nuland. “Os
líderes israelenses dizem continuamente que apoiam a criação de uma solução
binacional, mas tais planos e ações põem esses objetivos em risco”, acrescentou
ela.
Uma comissão de planejamento
israelense deu na segunda-feira a aprovação preliminar para a construção de
novo conjunto residencial no assentamento de Ramat Shlomo, um projeto
especialmente tocante de ocupação de terra incorporada pela vitória israelense
na guerra de 1967 e considerado crucial para a “viabilidade de um estado
palestino”. O plano de expansão é, aparentemente, uma retaliação pelo recente
sucesso da AP ter sido elevada à condição de “estado observador” pela ONU.
A Assembleia Geral da ONU aprovou de forma esmagadora o reconhecimento “de fato” de um estado palestino na
qualidade de “observador”, em 29 de novembro último. Os EUA se opuseram à
medida alegando que ela sabotava o objetivo de um acordo negociado com Israel.
“Não estamos numa boa por lá. Precisamos quebrar o atual ciclo dos
acontecimentos, por fim às ações
provocativas, e trazer de volta as partes para a mesa de negociação”, disse
Nuland. “Não é fácil; não tem sido fácil já há um bom tempo. Não cabe a nós
querer essa solução binacional mais do querem as partes em conflito. Vamos
continuar a trabalhar nisso e continuar a defender a coisa como a vemos mesmo
em face das ações provocativas de ambos os lados”, explicando assim que o
governo americano considera que a melhora de status conferida pela ONU à AP, a
pedido de Mahammud Abbas, também foi uma ação provocativa do lado palestino.
O anúncio da expansão do
assentamento na Cisjordânia faz reviver um plano que havia sido engavetado há
dois anos em função da forte pressão internacional europeia e norteamericana.
Israel deixou o Vice-presidente Biden embaraçado ao anunciar a retomada do
plano enquanto ele visitava Israel em 2010, provocando uma ferida diplomática
que custou a cicatrizar. Biden chamou a medida de uma violação de confiança,
muito embora tenha parecido também ter pegado o seu anfitrião, o Primeiro-ministro
Benjamin Netanyahu, de surpresa.
Netanyahu defendeu a retomada
do projeto mesmo contra a crítica internacional na terça-feira de ontem.
“Jerusalém é a eterna capital cultural e espiritual do Estado de Israel, e continuaremos a
construir lá”, disse Netanyahu, segundo a agência de notícias Associated Press.
Os EUA e muitos outros
governos consideram os assentamentos israelenses, na “terra palestina”, como
ilegais, mas os americanos nem sempre condenam Israel publicamente por
fazê-los. As autoridades israelenses disseram na terça-feira de ontem que o
país também vai começar a rever seus planos para a construção de mais 4.500
residências em duas outras áreas de assentamentos próximas a Jerusalém.
Israel, conforme os fatos
deixam perceber, parece estar cansado de esperar por um “estado palestino” e,
mesmo, convicto de que a sua criação é muito pouco provável, pela absoluta
incapacidade econômica (os palestinos sob a AP não têm um PIB suficiente para
sustentar um estado soberano) e política (o Fatah, que “controla” os palestinos
que vivem na Cisjordânia, se opõe ferozmente ao Hamas, que controla os
palestinos que vivem na Faixa de Gaza) para tal. A própria Autoridade
Palestina, chefiada por Mahammud Abbas, é um arremedo de governo que só
funciona graças ao envido de dinheiro da ONU, de uns poucos países, dos EUA e –
por incrível que possa parecer – do próprio Israel.
Grande parte das populações
nômades árabes que habitavam a região da Palestina, forma fixadas em Gaza e na
Cisjordânia graças aos esforços primeiro da Grã-Bretanha e depois de Israel. Um
grande contingente delas se tornou israelense e usufruem de ampla liberdade
religiosa de professar livremente a fé maometana. Muitos enriqueceram e
construíram suas famílias e fazem parte inclusive de instituições israelenses
como o Governo, o Knesset e as Forças de Segurança de Israel.
Países declaradamente
antissemitas usam as populações, principalmente da Faixa de Gaza, como “buchas
de canhão” contra as cidades israelenses mais próximas da fronteira com o
território cedido por Israel a essas populações. O processo foi doloroso para
os judeus, e em muitos casos o governo de Tel Aviv teve que retirar seus
colonos à força e demolir suas residências nos assentamentos dessa área
costeira do Mediterrâneo.
Tel Aviv parece ter chegado à
conclusão de que todo esse esforço foi inútil, haja vista o crescimento do
Hamas como grupo jihadista recebendo
o apoio ativo do Hezbollah do sul do Líbano, da Síria e do Irã além do apoio
passivo do Egito (que faz vistas grossas para o contrabando de componentes de
foguetes e armas pela sua fronteira com Gaza).
Uma vez convencido de que a
incapacidade dos palestinos de Gaza e da Cisjordânia em instituir um “estado
palestino” é definitiva e absoluta, não resta mais nada a ser feito por Israel
senão tocar a vida do país adiante e crescer. Isso será feito pacificamente ou pela
força das armas, independentemente do que os demais países ocidentais ou não
possam achar da situação.
Se os palestinos mudarem de
atitude e desistirem da jihad contra
Israel, e depuserem suas armas, a paz duradoura estará assegurada na região
onde os palestinos, a qualquer hora, poderão se tornar israelenses (como muitos
já o fizeram) ao passo que, se os judeus desistirem de seus objetivos e
depuserem suas armas, não haverá mais definitivamente o Estado de Israel.
O governo socialistóide de
Barak Obama parece não entender com a nitidez esperada de uma nação-potência,
como são os EUA, essa situação que é clara para qualquer um que se debruce no
estudo sobre o Oriente Médio.
Título e Texto: Francisco Vianna (com base na mídia
internacional), 20-12-2012
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