Caro leitor,
Quando, às vezes, acontece uma
porcaria qualquer no mundo (ou no Brasil), e eu, aqui, escrevo algo como “eu
bem que avisei”, não o faço por jactância, não, ou para demonstrar que sou
espertinho… É que os meus “aviseis” quase sempre se referiam a eventos vindouros
que eram… lógicos.
Apanhei muito de alguns
leitores habituais do blog porque afirmei que Barack Obama, Nicolas Sarkozy e
David Cameron estavam fazendo uma besteira monumental na Líbia. Não reconheço a
existência de uma “Primavera Árabe”; acho que isso é uma ilusão tola da
imprensa e de intelectuais ocidentais. Mesmo assim, observava à época que a
questão líbia era de outra natureza. Preocupava-me, especialmente, o fluxo de
jihadistas para tentar derrubar Kadafi em parceria com a… Otan!!!
Pois bem… Obama, Sarkozy e
Cameron conseguiram: incendiaram o norte da África. No momento, diga-se, o
Ocidente se esforça para entregar a Síria aos jihadistas. É matéria de fato,
não de gosto.
A Economist desta semana chega
aonde eu havia chegado desde que a crise líbia começou. Alerta para o fato de
que o jihadismo se espalha pelo norte do continente africano. Diz que nem por
isso o Ocidente deve deixar aqueles países à sua própria sorte — o que eu
também acho. Leiam trecho do que publica a VEJA.com.:
Na semana passada, um
sequestro de centenas de funcionários em uma usina de gás da cidade de In
Amenas, na Argélia, chamou a atenção do mundo a evolução da ameaça terrorista
na região. O atentado, atribuído ao grupo islâmico Batalhão de Sangue, foi
considerado uma reação dos rebeldes ao apoio do governo argelino à intervenção
francesa no Mali. No início desta semana, um representante de Mokthar
Belmokthar, o terrorista que comandou o ataque à usina, fez ameaças à França,
considerando o ataque ao complexo como um “sucesso” e prometeu mais ações
contra os ocidentais no futuro. Análises publicadas na imprensa internacional
mostram que o perigo é ascendente e que o assunto é, cada vez mais, de
interesse global.
A revista inglesa The
Economist lembra que os “ecos” do Afeganistão soaram no início do mês, quando
as forças francesas iniciaram a intervenção contra o terrorismo islâmico no
Mali, e na última semana, quando um dos grupos que atuam no país norte-africano
liderou o sequestro de centenas de pessoas, muitas delas ocidentais, no campo
de gás na Argélia. “Após 11 anos travando guerras contra o terror no
Afeganistão e no Iraque, quase 1,5 trilhões de dólares em custos diretos e
centenas de milhares de vidas perdidas, os ocidentais sentem que aprenderam uma
dura lição. Estão mais convencidos do que nunca de que mesmo a intervenção
estrangeira mais bem-intencionada acaba mergulhando seus soldados em guerras
intermináveis contra inimigos invisíveis para ajudar habitantes ingratos”, diz
o texto.
(…)
Intervenção
Porém, a reportagem ressalta
que seria ingênuo pensar que a instabilidade que se estende da Somália e do
Sudão, no leste, até o Chade e o Mali, no oeste, seria “mais um Iraque ou
Afeganistão”. Para a revista, as lições dessas guerras não devem desencorajar
os estrangeiros a ajudar a acabar com conflitos perigosos como o do Mali.
“Embora qualquer intervenção sempre venha acompanhada de riscos, na África ela
não precisa ser tão longa, nem tão desacreditada”, diz a Economist. Vale
lembrar que na África um grande e crescente número de muçulmanos não são
alinhados com o jihadismo. Mas, no longo prazo, o Saara só vai ficar mais
estável quando se tornar próspero. E o Ocidente pode estar cometendo um grave
erro se evocar as dificuldades da intervenção como uma desculpa para abandonar
a população local.
O norte da África é um grande
produtor de petróleo e gás. Fechar empresas na região seria uma grande perda
para os ocidentais – uma das razões que levaram François Hollande a enviar suas
tropas ao Mali, além de proteger pelo menos 6.000 franceses que moram ali. Além
disso, se os jihadistas já lutam para implantar uma campanha de terror sobre a
Europa e os EUA, isso pode se acentuar se um dia conseguirem controlar os
recursos naturais da região inteira. “O melhor é mantê-los no deserto”, afirma
a Economist.
(…)
Ameaça global
Neste momento, destaca a
Economist, a ameaça direta dos jihadistas do norte da África é
predominantemente local. Mas é sabido que os terroristas espalhados pelo mundo
tentam radicalizar os jovens muçulmanos, que buscam inspiração em redes como a
Al Qaeda, dando às suas queixas locais uma amplitude muito maior, baseada em
ideais extremistas. Uma vez criada, essa proximidade incentiva a replicação da
mensagem de hostilidade ao Ocidente e seus amigos da própria África.
Consequentemente, os muitos serviços de segurança mal treinados na região podem
acabar alimentando a insurgência com sua brutalidade. “Ao longo de anos, uma
insurgência islâmica radicalizada, armada e treinada pode trazer danos
imensuráveis para uma parte frágil do mundo.”
Segundo a agência Stratfor,
atualmente a Líbia é o país da região com mais riscos de sofrer atentados. “A
Líbia é o estado mais fraco nas regiões do Magreb e Sahel”, diz a agência,
destacando como problemas a quase total ausência de controles de fronteira e
serviços de inteligência e a presença de diferentes grupos jihadistas na
região, junto com grupos armados subnacionais, etnicamente alinhados, “todos
competindo pela defesa do território, pela pilhagem de armas e se vendendo pelo
maior lance”.
(…)
Título e Texto: Reinaldo Azevedo, 25-01-2013
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