quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

De quem é a culpa?

Peter Rosenfeld
Na noite de 26 para 27 de janeiro deste ano, a cidade de Santa Maria, localizada virtualmente no centro do Estado do Rio Grande do Sul, foi palco de uma tragédia sem precedentes em território gaúcho. (E nacional).
Em uma boate não muito grande, houve a apresentação de uma banda aparentemente bastante conhecida pelos jovens, que superlotaram o estabelecimento (dizem que havia cerca de 1.500 pessoas).
Lá pelas tantas, houve uma pirotecnia (fazia parte da apresentação da banda contratada) em que ocorreu o perfeitamente previsível: o forro da boate, feito de material que devia abafar o som mas era altamente inflámavel, pegou fogo.
Um dos músicos achou um extintor de incêndio, que pifou; outra pessoa fez o mesmo e não conseguiu fazer o aparelho funcionar.
Como é virtualmente praxe em tais casos, os assistentes  ficaram  mesmerizados e saíram a procurar pelas indicações de “saída” da boate. Essas, naturalmente, não existiam.
O estabelecimento só tinha uma abertura que servia, ao mesmo tempo, de entrada e de saída.
Àquela hora, era mais saída. Mas, e sempre há um, os seguranças do estabelecimento pensaram que quem estava querendo sair tinha o desejo de não pagar a conta;  por essa razão, impediram que alguém saísse sem pagar. Preciosos minutos foram consumidos nessa confusão, mas finalmente os seguranças se convenceram que a razão da saída era outra!
E o destino de cerca de 230 jovens estava selado: a morte!
Essa foi a maior tragédia que já assolou o Estado Gaúcho.
E passo agora ao tema que me motivou  a escrever o presente texto:

De quem foi a culpa dessa tragédia?
Dos donos da boate, já presos?
Da banda, com sua pirotecnia?
Do público  desorientado, que ficou desesperado?
Dos seguranças, que atrasaram a saída das pessoas cobrando o pagamento?
Ou, finalmente, das várias autoridades, de várias especialidades, que aprovaram a planta do estabelecimento, que acompanharam o andamento da obra e, finalmente, concederam o alvará para que a boate pudesse funcionar?
Em meu entender, os únicos culpados são as pessoas desse último grupo e a elas cabe serem cominadas as  penas aplicáveis.
Já prenderem um dos, ou todos, sei lá, donos da boate! Mas que diabos, eles tinham licença para funcionar! (Ah, o alvará estava vencido! Mas o pedido de renovação já havia sido apresentado!)
O relativamente pequeno prédio foi construído, imagino que com licença do CREA, pois nenhuma edificação, seja de que tamanho for, obrigatoriamente tem que ser aprovada por esse Conselho. E o CREA deve ter aprovado!
A propósito, vem-me à mente um fato ocorrido há 36 anos, quando do casamento de minha filha. A festa foi realizada em um clube local, em que já haviam sido realizados incontáveis eventos de toda espécie. Pois bem, na véspera, da festa, os bombeiros vistoriaram as dependências do clube e condicionaram sua aprovação do evento à inversão das portas de entrada, que abriam para dentro do clube. Elas tinham que abrir para fora (o que, diga-se de passagem, fazia sentido!). Foi um tremendo corre-corre; não foi possível dar os toques do arremate final, mas a parte inacabada  foi coberta com flores e o problema estava resolvido.
Cabe perguntar por que os bombeiros só fizeram a exigência naquele dia, considerando-se que nos salões daquele clube eram realizadas festas em quase todos os fins de semana.
Para finalizar, repito: os principais responsáveis pela tragédia de Santa Maria são as autoridades que aprovaram o local do evento.
Fica uma lição para a banda: deixem a pirotecnia para ambientes abertos ou, se em ambiente fechado, quando o mesmo for muito grande!
Naturalmente, como todos os brasileiros, estou profundamente consternado com esse infausto acontecimento!
Título e Texto: Peter Wilm Rosenfeld, Porto Alegre, 30 de janeiro de 2013

Relacionados:

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.

Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.

Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-