Na noite de 26 para 27 de
janeiro deste ano, a cidade de Santa Maria, localizada virtualmente no centro
do Estado do Rio Grande do Sul, foi palco de uma tragédia sem precedentes em
território gaúcho. (E nacional).
Em uma boate não muito grande,
houve a apresentação de uma banda aparentemente bastante conhecida pelos
jovens, que superlotaram o estabelecimento (dizem que havia cerca de 1.500
pessoas).
Lá pelas tantas, houve uma
pirotecnia (fazia parte da apresentação da banda contratada) em que ocorreu o
perfeitamente previsível: o forro da boate, feito de material que devia abafar
o som mas era altamente inflámavel, pegou fogo.
Um dos músicos achou um
extintor de incêndio, que pifou; outra pessoa fez o mesmo e não conseguiu fazer
o aparelho funcionar.
Como é virtualmente praxe em
tais casos, os assistentes ficaram mesmerizados e saíram a procurar
pelas indicações de “saída” da boate. Essas, naturalmente, não existiam.
O estabelecimento só tinha uma
abertura que servia, ao mesmo tempo, de entrada e de saída.
Àquela hora, era mais saída.
Mas, e sempre há um, os seguranças do estabelecimento pensaram que quem estava
querendo sair tinha o desejo de não pagar a conta; por essa razão,
impediram que alguém saísse sem pagar. Preciosos minutos foram consumidos nessa
confusão, mas finalmente os seguranças se convenceram que a razão da saída era outra!
E o destino de cerca de 230
jovens estava selado: a morte!
Essa foi a maior tragédia que
já assolou o Estado Gaúcho.
E passo agora ao tema que me
motivou a escrever o presente texto:
De quem foi a culpa dessa
tragédia?
Dos donos da boate, já presos?
Da banda, com sua pirotecnia?
Do público desorientado,
que ficou desesperado?
Dos seguranças, que atrasaram
a saída das pessoas cobrando o pagamento?
Ou, finalmente, das várias
autoridades, de várias especialidades, que aprovaram a planta do
estabelecimento, que acompanharam o andamento da obra e, finalmente, concederam
o alvará para que a boate pudesse funcionar?
Em meu entender, os únicos
culpados são as pessoas desse último grupo e a elas cabe serem cominadas
as penas aplicáveis.
Já prenderem um dos, ou todos,
sei lá, donos da boate! Mas que diabos, eles tinham licença para funcionar!
(Ah, o alvará estava vencido! Mas o pedido de renovação já havia sido apresentado!)
O relativamente pequeno prédio
foi construído, imagino que com licença do CREA, pois nenhuma edificação, seja
de que tamanho for, obrigatoriamente tem que ser aprovada por esse Conselho. E
o CREA deve ter aprovado!
A propósito, vem-me à mente um
fato ocorrido há 36 anos, quando do casamento de minha filha. A festa foi
realizada em um clube local, em que já haviam sido realizados incontáveis
eventos de toda espécie. Pois bem, na véspera, da festa, os bombeiros
vistoriaram as dependências do clube e condicionaram sua aprovação do evento à
inversão das portas de entrada, que abriam para dentro do clube. Elas tinham
que abrir para fora (o que, diga-se de passagem, fazia sentido!). Foi um
tremendo corre-corre; não foi possível dar os toques do arremate final, mas a
parte inacabada foi coberta com flores e o problema estava resolvido.
Cabe perguntar por que os
bombeiros só fizeram a exigência naquele dia, considerando-se que nos salões
daquele clube eram realizadas festas em quase todos os fins de semana.
Para finalizar, repito: os
principais responsáveis pela tragédia de Santa Maria são as autoridades que
aprovaram o local do evento.
Fica uma lição para a banda:
deixem a pirotecnia para ambientes abertos ou, se em ambiente fechado, quando o
mesmo for muito grande!
Naturalmente, como todos os
brasileiros, estou profundamente consternado com esse infausto acontecimento!
Título e Texto: Peter Wilm Rosenfeld, Porto Alegre, 30 de janeiro de 2013
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