segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

O paulistano está entregue à propria sorte

Francisco Vianna
A pior coisa que pode acontecer a um país é a deterioração da segurança pública. A saúde até que a gente se vira e consegue obter de modo mais ou menos razoável. A educação e o ensino também, embora a lavagem cebral marxista as tenha desvirtuado. Mas quando as pessoas vivem com medo até de sair de casa, aí a coisa pega de vez. E essa é a situação do Brasil, principalmente das grandes cidades e, em particular, a maior da América do Sul, ou seja, São Paulo.

A situação beira os limites da tragédia nacional, pois a megalópole brasileira é a sede das grandes empresas nacionais e transnacionais, além de ser a capital econômica da nação e o maior centro cultural da América do Sul.

Um casal de excelentes amigos meus, hoje, mora e concentra seus negócios e atividades de uma empresa familiar em Jacareí, que dista de São Paulo cerca de setenta quilômetros. Conhecem São Paulo como as palmas de suas mãos, mas não suportaram mais viver lá, depois que ele foi assaltado mais de quarenta vezes e chegou a ser baleado no joelho, que hoje o incomoda muito. Estão sempre indo lá para quase tudo, mas, na hora de deitar e dormir com segurança e depreocupação, dirigem os setena quilômetros de volta para a segurança paga do condomínio onde moram e são meus vizinhos.

E não são apenas eles, pois conforme uma pesquisa realizada recentemente, 56% dos que vivem em São Paulo, mudariam de cidade, caso pudessem; 71% têm medo da violência urbana; 63% não saem de casa à noite, a não ser em caso de absoluta necessidade. São números impactantes que refletem a crua realidade da falência da segurança pública na megalópole, onde a municipalidade se tornou refém da bandidagem e onde os marginais, simplesmente, entravam a maior cidade do país. 

Pergunta-se, em intermináveis mesas redondas e debates prolixos, como combater e reverter uma situação trágica como essa?

Como carioca, inevitavelmente me lembro da década de 1960, quando a bandidagem começava a sitiar a cidade do Rio de Janeiro, onde eu ainda morava, e como o chamado “esquadrão da morte”, colocou os pingos nos is e passou a despachar bandidos dessa para pior com uma eficiência invejável. Os “presuntos” se multiplicaram a cada dia e apareciam nos locais de “desova” com seus corpos cravejados de balas dos mais diversos calibres e quase sempre com um cartaz rústico de papelão que em poucas palavras “qualificava” o bandido e dava o nome do próximo a ser executado.

Cartaz do Esquadrão da Morte, “Scuderie Le Cocq" que aparecia junto aos cadáveres das execuções no RJ
Foram anos de sossego e segurança para a família carioca, que gostava de se reunir à noite nas calçadas para tomar cerveja, discutir futebol e jogar buraco. A bandidagem que não foi executada, conseguiu se espaventar para São Paulo, para Minas Gerais e para o Espírito Santo, para salvar a própria pele. Isso no escalão inferior, já que a bandidagem do escalão superior começava a se transferir para o planalto central do país. Paulistas, mineiros e capixabas se apavoraram com o súbito crescimento da criminalidade em seus estados, fruto dessa diáspora maldita e, como se poderia esperar, começaram a combater o EM (que para uns era “esquadrão motorizado”, mas para a maioria era mesmo “esquadrão da morte”) e conseguiram acabar com essa milícia paramilitar que trouxera quase uma década de segurança e tranquilidade para a família carioca.

O resultado disso foi que a bandidagem retornou ao Rio de Janeiro, tanto no baixo escalão como no alto, com o governo do gaúcho Leonel Brizola. Aí juntaram-se a fome com a vontade de comer. O retorno das gangues à “terra prometida” e o “socialismo moreno” de Brizola estupraram a cidade e criaram o crime organizado na antiga “cidade maravilhosa”. Daí a estender-se para uns 450 quilômetros ao sul e se estabelecer em Sâo Paulo, foi um pulo.

O que ocorre na ”pauliceia desvairada” de hoje é a concentração de um fenômeno que já se dissemina por todo o Brasil, qual seja a “era da bandidagem organizada e impune, tanto em nível comunitário como em nível governamental”, ambas as instâncias interagindo para se protegerem da justiça e da indignação das pessoas de bem, que trabalham e geram a riqueza deste país.

Em São Paulo o crime organizado, tanto por baixo como por cima – ou como diz uma conhecida charge: tanto ‘privado’ como ‘estatal’ –, adquiriu características de “grande empresa”, com apoio local, nacional e até internacional, de traficantes de drogas, das FARC, de políticos corruptos, de outros tantos tentando subverter – e conseguindo – a ordem democrática e institucional do país, tudo como uma orquestra sob a regência do famigerado Foro de São Paulo, uma organização espúria de “socialistas” na maioria deles ‘viúvas da Queda do Muro de Berlim’, com sede em Brasília, e que, no seu afã de trazer para o Brasil o atraso socialista do qual o mundo já tem se livrado, tem gerado mais mortes do que todas as guerras atuais do mundo juntas são capazes de produzir.

Há uma guerra civil, não declarada mas não surda, atuante em curso no Brasil, centrada em São Paulo, com suas “cracolândias” e com uma bandidagem estimulada a detornar com a cidade, para mostrar o “quão ineficiente é o governo não petista”...

Justamente pela cidade contar com os maiores veículos de comunicação, a criminalidade é estimulada de forma covarde com fins políticos e econômicos espúrios, onde sua ação passou a ser rotineira, intimidante, criando o espectro mais assustador de uma população que cresceu e se desenvolveu com as armas do trabalho e do capital.

São Paulo deixou de ser hoje o destino de brasileiros egressos de outras regiões mais atrasadas, porque o mercado de trabalho está cada vez mais competitivo, e aqueles que para aqui vieram e não se educaram e se capacitaram estão voltando às suas regiões de origem. A cidade, no entanto, continua sendo o ‘El Dorado’ dos bandidos de todo o país e até do exterior, alguns até condenados em seus países, mas ideologicamente protegidos em Pindorama.

Eles formam hoje a principal força contra o trabalho e a empresa produtiva, esta última tendo ainda que enfrentar a maior extorsão fiscal de todos os tempos impostas pela “ilha da fantasia” na qual Brasília foi transformada nas duas últimas décadas. O brasileiro – e a maior parte de São Paulo – gera a sexta maior economia do mundo... Gera, mas não consegue geri-la! Quem o faz é a restrita burguesia do politiburo armado em Brasília e composto de “sucialistas”, ou seja, de pessoas representantes do “socialismo de súcia”, de quadrilheiros, a predarem o dinheiro público. Está aí o imenso rosário de escândalos que se sucedem diuturnamente, com mais ênfase nas duas últimas décadas.

A lei dos grandes números, no entanto, ainda situa a criminalidade paulistana, com base no índice de assassinatos por cada cem mil habitantes, como um dos menores do Brasil, e issso significa apenas que essa mesma criminalidade ainda tem muito espaço para se expandir. E os recursos que já são gastos no combate tradicional da violência pela violência desfalcam de forma inexorável as aplicações que a cidade deveria alocar em educação, transporte público, infraestrutura e assistência médica e hospitalar.

Pergunto, então, se a segurança pública não seria algo a ser “terceirizado”, privatizado, feita através de “milícias empresariais”, uma espédie de “EMs” oficiais? Já que, mesmo de forma clandestina deu tão certo para os cariocas por mais de uma década, por que não daria certo também para os paulistanos?

É claro que o nosso judiciário teria que criar uma metodologia legal que desse a essas “empresas de segurança por concessão”, o poder de operar uma limpeza sumária da bandidagem, pelo menos no “baixo clero” da sociedade paulistana, uma vez que na cúpula, a coisa é bem mais complicada. Sabe-se que, “havendo vontade política” – e é aí que a porca torce o rabo – o Judiciário brasileiro, cuja maleabilidade de interpretação da lei já é antológica, poderia perfeitamente criar as condições para esse tipo de “modus operandi” empresarial. 

Com mais tranquilidade e paz social, o poder público poderia gastar muito menos no setor e passar a ter um montante de recursos maior para investir na educação e ensino, na formaão de mão-de-obra competitiva, na melhoria da assistência médica e hospitalar – inclusive para a imensa legião de drogados que povoam as ruas da cidade – e para combater a exclusão social, inserindo os excluídos no mercado de trabalho e não mantendo-os marginalizados pela simples distribuição de esmolas e bolsas.

A maior população urbana do país, São Paulo, tem hoje também a maior população carcerária e, quando se tem um Ministro da Justiça a dizer que “preferiria a morte a ser internado numa penitenciária brasileira” – alocução que proferiu muito mais em vista da condenação de seus colegas e amigos réus do mensalão do que por qualquer outro motivo antropológico –, vemos que, na prática, a polícia prende e a justiça solta, mais para aliviar a pressão carcerária do que por qualquer convicção de uma pseudo-reeducação social dos que cumprem pena.

Ora, se tal círculo vicioso cresce exponencialmente, resultando em mais mortes, então há motivos de sobra para se crer que a tal “terceirização da segurança pública”, possa de fato direcionar essa mortandade em grande parte para as hostes criminosas, pelo menos do ‘baixo crime’, já que, no ‘alto crime’, o buraco é mais embaixo.

Uma coisa me parece certa: ou se encontra um meio de, literalmente, limpar a cidade de São Paulo, fazendo prevalecer o conceito de conhecido delegado de polícia que afirmava que “bandido bom é bandido morto e enterrado de pé para não ocupar muito espaço”, ou veremos cada vez mais a barbárie sendo incorporada ao dia a dia dessa imensa cidade e, por via de consequência, ao do país inteiro.

Não nos iludamos, estamos em guerra e numa guerra que está matando muito mais do que as guerras habituais matam. Assim sendo, temos que prover bunkers e trincheiras eficientes para proteger a vida e o patrimônio daqueles que de fato trabalham e geram a riqueza nacional, mesmo sem poder gerí-la.
Que venham, então, os EMs terceirizadores e concessionários da segurança pública. A medida é mais radical, menos dispendiosa, e mais eficiente para combater a criminalidade comum de “baixo clero”... A cena final do filme nacional "Tropa de Elite" mostra em cinemascope a causa de toda a bandidagem que atua em São Paulo. Cena mais explícita não poderia ser concebida. Se você não viu o filme, veja, e saberá a resposta.
Título e Texto: Francisco Vianna, 28-01-2013

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