segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

O ridículo não mata não

Alberto de Freitas
Arménio Carlos, foto: Mariline Alves/CM
O sempre vivo Marcelo Rebelo de Sousa, sobre a frase de Arménio Carlos, "o mais escurinho", relativamente ao representante do FMI, declarou: "fica mal a qualquer pessoa, ainda mais a um homem de esquerda".

O que será ser de esquerda? Pode ser esquerda pouca esquerda, ou esquerda nas bordinhas? Pode ser estalinista? Ou só marxista? Ou nem uma coisa nem outra, mas acreditar que Rosseau é que a sabia toda? Ou bastando auto-classificar-se de esquerda e acreditar que é a família de Sócrates que lhe suporta a estadia em Paris?

Algo se conclui: ser de esquerda é coisa de gente boa. Gente para quem o racismo é cruzes credo.

Mas bastaria perguntar a qualquer angolano ou moçambicano que tivesse estudado na URSS ou RDA, como tinha sido a estadia. Ou se calhar, as provocações e perseguições, vinham de elementos infiltrados ao serviço do imperialismo.

Ridículo aparte, eis que Arménio Carlos reclama: tiraram a coisa do contexto, "o que eu disse foi que em Fevereiro regressam os três reis magos, dois brancos e um escurinho, que são os representantes do Banco Central Europeu, da Comissão Europeia e do Fundo Monetário Internacional. São os representantes dos grandes senhores. E acrescentei que são os mesmos que fizeram a sexta avaliação da troika e já falam em baixar a TSU, o IRS e em alterar o IVA e intensificar as privatizações".

Agora pergunto eu: e se os tais "grandes senhores" - só esta classificação nos remete para uma mediocridade que dói - decidirem enviar uns tipos negros (ou será que devo escrever escurinhos, como pessoa de esquerda?)? Que diria o Arménio? O escurão, o escuro e o escurinho?

Claro que Arménio acrescenta, cada vez se "enterrando mais":"aqueles que vêm a Portugal - sejam brancos, pretos ou amarelos - pôr em causa os nossos interesses nós temos de contestar"...


E culmina com umas pazadas de terra no buraco onde se enfiou:"... racista não sou, não fui e nunca serei", alegando que a denominação "escurinho" foi num contexto político e não racial.

Ser de esquerda torna o racismo uma coisa carinhosa: escurinho. Para alguém de esquerda são todos humanos, podem ser pretos, amarelos ou brancos. Quem é de esquerda não é racista porque nem liga... mas repara, assinala, chama a atenção: "apesar de serdes escurinhos, vinde até mim... que sou de esquerda"
Título e Texto: Alberto de Freitas, 28-01-2013

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