A blogueira cubana Yoani
Sánchez, com sua conferência de imprensa realizada numa das dependências dos
escritórios da Associação de Correspondentes da ONU (UNCA), no prédio da ONU em
Nova Iorque, provocou protestos “agressivos” de diplomatas cubanos junto à ONU.
Yoani compareceu ao evento conforme tinha sido acordado às 3h da tarde da quinta-feira
de ontem, depois que o local teve que ser mudado de um auditório da ONU para
uma sala menor dos escritórios da UNCA, segundo informaram diversos jornalistas
acreditados pelo organismo internacional e que acompanharam o evento.
A mudança de local foi
provocada pela gritaria dos diplomatas cubanos, segundo membros da UNCA e
relatos noticiosos. Mas, os ‘partidários’ da blogueira expressaram suas
suspeitas de que tais diplomatas organizaram ou animaram grupos hostis que
tentaram interromper vários comparecimentos recentes de Sánchez no Brasil, no
México e em Nova Iorque.
Os manifestantes de rua, que
entoaram e brandiram cartazes com slogans pró-Castro, repetiram as alegações de
Havana de que Sánchez é uma “mercenária” a soldo do governo dos EUA e, na
ocasião, jogaram uma chuva de cópias de notas de dólares estadunidenses.
Todavia, as queixas dos diplomatas cubanos contra a conferência de imprensa da
UNCA representaram a primeira vez em que se confirma que funcionários do
governo comunista da ilha tentam impedir a visibilidade pública de Yoani
Sánchez.
A gritaria cubana assinalou
que a UNCA planejava levar a cabo a conferência de imprensa no auditório da ONU
utilizado habitualmente para eventos desse tipo, violando o regulamento que
estipula que os espaços da ONU são para uso exclusivo das nações membros,
segundo os jornalistas. O evento foi então transferido para uma sala menor do
mesmo andar em que se situam os escritórios da UNCA. “Eles agiram com muita
agressividade neste assunto”, disse um dos repórteres, que pediu para
permanecer no anonimato para evitar que se deteriorem suas relações com a
missão diplomática cubana perante a ONU.
As queixas dos diplomatas
cubanos, apresentadas em cartas oficiais conhecidas como ‘démarches’, foram
enviadas na segunda-feira ao secretário geral Ban Ki Moon e a Peter
Launsky-Tieffenthal, subsecretário geral de Informação Pública, segundo os
citados jornalistas. Assinadas pelo embaixador cubano Rodolfo Reyes, as cartas
alegaram que a conferência de imprensa seria “um ato anticubano” e um “atentado
grave” contra o clima de cooperação nas Nações Unidas, segundo a agência de notícias
francesa AFP.
Disse ainda o embaixador que
“o secretário-geral deveria impedir que os locais da ONU sejam ‘manchados’ e
sua utilização manipulada em função de interesses espúrios”.
Durante sua conferência de
imprensa, Sánchez denunciou essas queixas cubanas dizendo que é hora da ONU
“sair de sua letargia e reconhecer que o governo cubano é uma ditadura” e “se
esta reunião tivesse ocorrido no fosso do elevador, estaríamos mais livres do
que em Cuba”. Disse ainda: “Estou orgulhosa pelo fato de que essa minha
primeira vez neste edifício tão significativo das Nações Unidas seja com meus
colegas correspondentes”.
O porta-voz adjunto do Secretário-geral
da ONU, Eduardo del Buey, disse que a secretaria da ONU não interferiu nos
planos da UNCA para a conferência de imprensa de Sánchez, e que a secretaria
“não organizou nem participou deste evento de forma nenhuma”. Também não foi
possível contatar diretores da UNCA para que comentassem esta estória.
Sánchez foi apresentada na
conferência de imprensa pelo ex-presidente da UNCA Tuyet Nguyen, correspondente
da agência de notícias alemã DPA.
A Sánchez, cujo blog ‘Geração
Y’ está sendo traduzido atualmente para quase 20 idiomas, o governo cubano
negou sistematicamente permissão para que ela saísse de Cuba umas 20 vezes,
antes que Havana suavizasse em geral suas restrições de viagens de seus
cidadãos em 14 de janeiro último. Ela está agora num giro relâmpago de 80 dias
em que já visitou o Brasil, o México, a Espanha, a República Checa, Washington
D.C. e Nova Iorque.
Sánchez estará em Miami em princípio
de abril próximo para uma série de eventos, incluindo uma entrevista com
estudantes e líderes da comunidade auspiciada pelo ‘Miami Dade College’. Além
disso, ela receberá a Medalha Presidencial do MDC e a Medalha de Valor da
Universidade Internacional da Flórida, por seu trabalho em prol dos direitos
humanos em Cuba, e se espera que compareça a programas de debates de rádio e
TV.
Título e Texto: Francisco Vianna (da mídia
internacional), 22-03-2013
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