sexta-feira, 22 de março de 2013

Diplomatas cubanos tentam impedir a visibilidade pública de Yoani Sánchez

Francisco Vianna

A blogueira cubana Yoani Sánchez, com sua conferência de imprensa realizada numa das dependências dos escritórios da Associação de Correspondentes da ONU (UNCA), no prédio da ONU em Nova Iorque, provocou protestos “agressivos” de diplomatas cubanos junto à ONU. Yoani compareceu ao evento conforme tinha sido acordado às 3h da tarde da quinta-feira de ontem, depois que o local teve que ser mudado de um auditório da ONU para uma sala menor dos escritórios da UNCA, segundo informaram diversos jornalistas acreditados pelo organismo internacional e que acompanharam o evento.
A mudança de local foi provocada pela gritaria dos diplomatas cubanos, segundo membros da UNCA e relatos noticiosos. Mas, os ‘partidários’ da blogueira expressaram suas suspeitas de que tais diplomatas organizaram ou animaram grupos hostis que tentaram interromper vários comparecimentos recentes de Sánchez no Brasil, no México e em Nova Iorque.
Os manifestantes de rua, que entoaram e brandiram cartazes com slogans pró-Castro, repetiram as alegações de Havana de que Sánchez é uma “mercenária” a soldo do governo dos EUA e, na ocasião, jogaram uma chuva de cópias de notas de dólares estadunidenses. Todavia, as queixas dos diplomatas cubanos contra a conferência de imprensa da UNCA representaram a primeira vez em que se confirma que funcionários do governo comunista da ilha tentam impedir a visibilidade pública de Yoani Sánchez.
A gritaria cubana assinalou que a UNCA planejava levar a cabo a conferência de imprensa no auditório da ONU utilizado habitualmente para eventos desse tipo, violando o regulamento que estipula que os espaços da ONU são para uso exclusivo das nações membros, segundo os jornalistas. O evento foi então transferido para uma sala menor do mesmo andar em que se situam os escritórios da UNCA. “Eles agiram com muita agressividade neste assunto”, disse um dos repórteres, que pediu para permanecer no anonimato para evitar que se deteriorem suas relações com a missão diplomática cubana perante a ONU.
As queixas dos diplomatas cubanos, apresentadas em cartas oficiais conhecidas como ‘démarches’, foram enviadas na segunda-feira ao secretário geral Ban Ki Moon e a Peter Launsky-Tieffenthal, subsecretário geral de Informação Pública, segundo os citados jornalistas. Assinadas pelo embaixador cubano Rodolfo Reyes, as cartas alegaram que a conferência de imprensa seria “um ato anticubano” e um “atentado grave” contra o clima de cooperação nas Nações Unidas, segundo a agência de notícias francesa AFP.
Disse ainda o embaixador que “o secretário-geral deveria impedir que os locais da ONU sejam ‘manchados’ e sua utilização manipulada em função de interesses espúrios”.
Durante sua conferência de imprensa, Sánchez denunciou essas queixas cubanas dizendo que é hora da ONU “sair de sua letargia e reconhecer que o governo cubano é uma ditadura” e “se esta reunião tivesse ocorrido no fosso do elevador, estaríamos mais livres do que em Cuba”. Disse ainda: “Estou orgulhosa pelo fato de que essa minha primeira vez neste edifício tão significativo das Nações Unidas seja com meus colegas correspondentes”.
O porta-voz adjunto do Secretário-geral da ONU, Eduardo del Buey, disse que a secretaria da ONU não interferiu nos planos da UNCA para a conferência de imprensa de Sánchez, e que a secretaria “não organizou nem participou deste evento de forma nenhuma”. Também não foi possível contatar diretores da UNCA para que comentassem esta estória.
Sánchez foi apresentada na conferência de imprensa pelo ex-presidente da UNCA Tuyet Nguyen, correspondente da agência de notícias alemã DPA.
A Sánchez, cujo blog ‘Geração Y’ está sendo traduzido atualmente para quase 20 idiomas, o governo cubano negou sistematicamente permissão para que ela saísse de Cuba umas 20 vezes, antes que Havana suavizasse em geral suas restrições de viagens de seus cidadãos em 14 de janeiro último. Ela está agora num giro relâmpago de 80 dias em que já visitou o Brasil, o México, a Espanha, a República Checa, Washington D.C. e Nova Iorque.
Sánchez estará em Miami em princípio de abril próximo para uma série de eventos, incluindo uma entrevista com estudantes e líderes da comunidade auspiciada pelo ‘Miami Dade College’. Além disso, ela receberá a Medalha Presidencial do MDC e a Medalha de Valor da Universidade Internacional da Flórida, por seu trabalho em prol dos direitos humanos em Cuba, e se espera que compareça a programas de debates de rádio e TV.
Título e Texto: Francisco Vianna (da mídia internacional), 22-03-2013

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.

Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.

Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-