Murphy
O episódio em torno do plano de resgate cipriota, é bem demonstrativo da miséria de comunicação social que temos e do ambiente histérico e doentio em que o debate público é mergulhado à boleia do jornalismo militante.
Vejamos, desde o início da crise financeira, não foram as redacções que constantemente passaram ideias como “os bancos é que devem pagar a crise” ou então que os “ricos” é deviam suportar a austeridade? Pois bem, quando um País, no caso o Chipre, prefere adoptar medidas que vão nessa linha (10% do património financeiro acima de 100.000 €) afinal parece que esse caminho, em vez de representar uma solução, é sinónimo de caos. Num ápice, especialistas em jornais e televisões afiançam-nos que esta via se trata de uma irresponsabilidade, que as autoridades europeias são levianas e imbecis, que – pasme-se, para quem advogava que se deveria “deixar cair os bancos” – que esta decisão é um “rombo na confiança das pessoas no sistema financeiro”!
O episódio em torno do plano de resgate cipriota, é bem demonstrativo da miséria de comunicação social que temos e do ambiente histérico e doentio em que o debate público é mergulhado à boleia do jornalismo militante.
Vejamos, desde o início da crise financeira, não foram as redacções que constantemente passaram ideias como “os bancos é que devem pagar a crise” ou então que os “ricos” é deviam suportar a austeridade? Pois bem, quando um País, no caso o Chipre, prefere adoptar medidas que vão nessa linha (10% do património financeiro acima de 100.000 €) afinal parece que esse caminho, em vez de representar uma solução, é sinónimo de caos. Num ápice, especialistas em jornais e televisões afiançam-nos que esta via se trata de uma irresponsabilidade, que as autoridades europeias são levianas e imbecis, que – pasme-se, para quem advogava que se deveria “deixar cair os bancos” – que esta decisão é um “rombo na confiança das pessoas no sistema financeiro”!
Em que ficamos?! Parece que o
dia-a-dia do Séc. XXI (a tal Era da Informação…) se transformou numa
experiência de Pavlov: estímulo – resposta; estímulo – resposta. Mas, no
presente, o cidadão comum toma o lugar do canídeo e qualquer que seja o
estímulo, pretende-se que o resultado se traduza na mesma resposta: a de
indignação e revolta popular aos factos relatados. Nem que os novos factos
venham precisamente ao encontro do que os indignados andavam a clamar até aí…
Só terão percebido agora que
deixar cair os bancos, para além dos banqueiros, tem consequências para os depositantes?!
E, estando de fora a taxação
de depósitos abaixo dos 100.000 €, não deixa de ser curioso ver no Avante,
isto:
Enquanto existir um revoltado,
um descontente, a esquerda lá estará a capitalizar essa insatisfação para as
suas fileiras...
Blogue “Com jornalismo assim, quem precisa de censura?...”, 21-03-2013
Quem defende impostos sobre
os depósitos?
João Miranda
Francisco Louçã defendeu
por várias vezes uma taxa sobre as grandes fortunas e sobre o capital.
Daniel Oliveira
defendeu o default da Islândia em relação aos depositantes do Icesave.
O governo da Catalunha
tentou criar um imposto sobre os bancos, proporcional aos depósitos.
O Ministro das Finanças
espanhol parece defender algo do género. É um imposto indirecto mas que tem um efeito semelhante.
Miguel Cadilhe defendeu
uma taxa “one off” sobre toda a riqueza líquida, incluindo depósitos.
Pacheco Pereira defendeu
a mesma ideia como alternativa às medidas da Troika.
João Miranda, Blasfémias,
20-03-2013
Relacionado:
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.
Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.
Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-