terça-feira, 30 de abril de 2013

Mixaria

Hélio Mazzolli
No Nordeste é um termo que define pouco dinheiro. No restante do Brasil a palavra também tem esse significado.
Lembro o termo porque ao final do ano de 2006 (dezembro) o índice da inflação apurada pelo governo (IPCA) fechou o ano com uma alta acumulada de 3,1418%. No mês de janeiro de 2007 a trajetória continuou para baixo, acumulando nos últimos dozes meses 2,988%.
Na prática de correção monetária inercial ainda adotada pela cultura brasileira significava que se você tinha uma renda de R$ 1.500,00 mensais precisaria receber um aumento de R$ 46,72 para repor o seu poder aquisitivo. Uma proposta dessa colocada pelas empresas aos lideres sindicais eram identificadas como “uma mixaria”. Porque na cabeça do trabalhador, acostumado a reajustes inflacionários superiores a 5% a cada ano, representava uma ineficiência de negociação pelos líderes.
Creio que esse foi o núcleo gerador da proposta de fixar a meta inflacionária em 4,5% a cada ano, com a possibilidade de uma variação de 2% para baixo ou para cima. É claro que a tendência seria sempre a variação para cima. Dessa forma seria possível distender as pressões e continuar contando com o apoio dos mais de 2.000 sindicatos da sociedade brasileira.
E justo para aliviar as disputas formulou-se por uma determinada escola de economistas que um pouco de inflação não faria mal para a economia.
A proposta alternativa em manter a meta de inflação em 3% e com plano de zerar o déficit nominal do governo da União foi rejeitada pelo núcleo político do Planalto.
As conseqüências estão no mercado. A inflação medida pelos dos preços dos serviços se aproxima dos dois dígitos. E mais de 60% do PIB brasileiro está justamente na área de serviços. Para terminar a greve em Belo Monte os salários foram reajustados em 11%, além de outros benefícios. E os próximos dissídios continuarão a ser disputados na casa dos dois dígitos.
Isto quer dizer que a inflação se espalha por todos os lados. Para contê-la será preciso uma série de decisões que inclusive afetarão o crescimento do PIB – Produto Interno Bruto. E os resultados positivos acumulados poderão aparecer no final de 2014 ou início de 2015.
Título e Texto: Hélio Mazzolli, Economista, 29-04-2013

A impressão que eu tenho aqui olhando o jogo da arquibancada é a de que o time no comando do país é péssimo e os problemas estão fujindo do controle, se não é que já fujiram. 
Mesmo depois do plano Real, a inflação brasileira sempre foi alta, pois inflação acima de 2% e alta e preocupante. Na média, a inflação após o Real supera os 5% ao ano. As causas desssa cultura inflacionária têm suas orígens na estrutura econômica do país, excessivamente estatizado e oligopolizado, além de estupidamente burocratizado. O arcabouço tributário brasileiro é um manicômio que desanima qualquer empresário a investir no país, seja pequeno, médio ou grande. Os que permanecem ai são os de sempre e muitos abnegados, pois no geral grande parte sobrevive sonegando pois ninguém é bobo.
Você que trabalhou na receita federal a vida quase inteira sabe muito bem que a sonegação do imposto de renda pelos que ganham mais é simplesmente espetacular, a começar pela declaração do patrimônio imobiliário. Quem tiver a curiosidade de examinar os valores do patrimônio imobiliário declarado à receita federal, se for estrangeiro, vai querer morar no Brasil porque os imóveis ai são os mais baratos do mundo. 
Da mesma forma, a sonegação do ICMS é mais que espetacular, porque ninguém é bobo de pagar tudo porque se pagar vai falir. O Brasil não é lugar para gente honesta e cumpridora de seus deveres para com o fisco. Só não escapam os empregados que têm seus impostos descontados em folha. Você sabe muito bem disso. 
Mas, por que é assim? É assim porque no Brasil finge-se que vigora uma economia capitalista de mercado quando em verdade o que prevalece desde o império é um mercantilismo selvagem de parte dos “capitalistas” brasileiros e um estatismo não menos selvagem de parte dos diversos governos. 
Há um outro detalhe curioso que ninguém até agora se preocupou em analisar, penso eu. A economia brasileira é dominada pelo capital externo. Setenta por cento do que é produzido no país em bens e serviços o é pelas multinacionais estrangeiras, do cigarro ao automóvel, da aspirina à tetraciclina, do milho à pamonha, do látex à camisinha. Não é curioso que essas empresas estrangeiras que atuam no Brasil nunca reclamem de nada, nem da carga tributária excessiva, nem da burocracia infernal ou das leis trabalhistas fascistas, muito menos da inflação e até nem acreditam na corrupção estatal? O que você acha disso, Hélio, meu rapaz?
A resposta é simples. O sistema atual vigorante no Brasil o condena ao atraso eterno e isto interessa muito aos países ricos que não querem concorrência. O que eles querem e fazem muito bem é explorar a imbecilidade e extrema ignorância dos brasileiros, sobretudo dos políticos, comprando-lhes as consciências, para poder agirem livremente num país que nunca despertou para a sua imensa importância. Culpa dos estrangeiros? Não, culpa da pequenez do povo brasileiro. Prova disso é que a China está se tornando uma potência e a Australia muito em breve estará entre as dez maiores economias do planeta, não em PIB, mas em qualidade de vida e riquezas produzidas. Aliás, em qualidade de vida a Australia já está entre os cinco melhores países do mundo.
Sabe, amigo Hélio, sobe na vida quem é mais capaz, mais esforçado, mais estudioso. Isto vale para pessoas como também para países. 
Um grande abraço,
Otacílio Guimarães, 30-04-2013

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