No Nordeste é um termo que
define pouco dinheiro. No restante do Brasil a palavra também tem esse
significado.
Lembro o termo porque ao final
do ano de 2006 (dezembro) o índice da inflação apurada pelo governo (IPCA)
fechou o ano com uma alta acumulada de 3,1418%. No mês de janeiro de 2007 a
trajetória continuou para baixo, acumulando nos últimos dozes meses 2,988%.
Na prática de correção
monetária inercial ainda adotada pela cultura brasileira significava que se
você tinha uma renda de R$ 1.500,00 mensais precisaria receber um aumento de R$
46,72 para repor o seu poder aquisitivo. Uma proposta dessa colocada pelas
empresas aos lideres sindicais eram identificadas como “uma mixaria”. Porque na
cabeça do trabalhador, acostumado a reajustes inflacionários superiores a 5% a
cada ano, representava uma ineficiência de negociação pelos líderes.
Creio que esse foi o núcleo
gerador da proposta de fixar a meta inflacionária em 4,5% a cada ano, com a
possibilidade de uma variação de 2% para baixo ou para cima. É claro que a
tendência seria sempre a variação para cima. Dessa forma seria possível
distender as pressões e continuar contando com o apoio dos mais de 2.000
sindicatos da sociedade brasileira.
E justo para aliviar as
disputas formulou-se por uma determinada escola de economistas que um pouco de
inflação não faria mal para a economia.
A proposta alternativa em
manter a meta de inflação em 3% e com plano de zerar o déficit nominal do
governo da União foi rejeitada pelo núcleo político do Planalto.
As conseqüências estão no
mercado. A inflação medida pelos dos preços dos serviços se aproxima dos dois
dígitos. E mais de 60% do PIB brasileiro está justamente na área de serviços.
Para terminar a greve em Belo Monte os salários foram reajustados em 11%, além
de outros benefícios. E os próximos dissídios continuarão a ser disputados na
casa dos dois dígitos.
Isto quer dizer que a inflação
se espalha por todos os lados. Para contê-la será preciso uma série de decisões
que inclusive afetarão o crescimento do PIB – Produto Interno Bruto. E os
resultados positivos acumulados poderão aparecer no final de 2014 ou início de
2015.
Título e Texto: Hélio Mazzolli, Economista, 29-04-2013
A impressão que eu tenho aqui
olhando o jogo da arquibancada é a de que o time no comando do país é péssimo e
os problemas estão fujindo do controle, se não é que já fujiram.
Mesmo depois do plano Real, a
inflação brasileira sempre foi alta, pois inflação acima de 2% e alta e preocupante.
Na média, a inflação após o Real supera os 5% ao ano. As causas desssa cultura
inflacionária têm suas orígens na estrutura econômica do país, excessivamente
estatizado e oligopolizado, além de estupidamente burocratizado. O arcabouço
tributário brasileiro é um manicômio que desanima qualquer empresário a
investir no país, seja pequeno, médio ou grande. Os que permanecem ai são os de
sempre e muitos abnegados, pois no geral grande parte sobrevive sonegando pois
ninguém é bobo.
Você que trabalhou na receita federal a vida quase inteira sabe muito bem que a sonegação do imposto de renda pelos que ganham mais é simplesmente espetacular, a começar pela declaração do patrimônio imobiliário. Quem tiver a curiosidade de examinar os valores do patrimônio imobiliário declarado à receita federal, se for estrangeiro, vai querer morar no Brasil porque os imóveis ai são os mais baratos do mundo.
Você que trabalhou na receita federal a vida quase inteira sabe muito bem que a sonegação do imposto de renda pelos que ganham mais é simplesmente espetacular, a começar pela declaração do patrimônio imobiliário. Quem tiver a curiosidade de examinar os valores do patrimônio imobiliário declarado à receita federal, se for estrangeiro, vai querer morar no Brasil porque os imóveis ai são os mais baratos do mundo.
Da mesma forma, a sonegação do
ICMS é mais que espetacular, porque ninguém é bobo de pagar tudo porque se
pagar vai falir. O Brasil não é lugar para gente honesta e cumpridora de seus
deveres para com o fisco. Só não escapam os empregados que têm seus impostos
descontados em folha. Você sabe muito bem disso.
Mas, por que é assim? É assim
porque no Brasil finge-se que vigora uma economia capitalista de mercado quando
em verdade o que prevalece desde o império é um mercantilismo selvagem de parte
dos “capitalistas” brasileiros e um estatismo não menos selvagem de parte dos
diversos governos.
Há um outro detalhe curioso
que ninguém até agora se preocupou em analisar, penso eu. A economia brasileira
é dominada pelo capital externo. Setenta por cento do que é produzido no país
em bens e serviços o é pelas multinacionais estrangeiras, do cigarro ao
automóvel, da aspirina à tetraciclina, do milho à pamonha, do látex à
camisinha. Não é curioso que essas empresas estrangeiras que atuam no Brasil
nunca reclamem de nada, nem da carga tributária excessiva, nem da burocracia
infernal ou das leis trabalhistas fascistas, muito menos da inflação e até nem
acreditam na corrupção estatal? O que você acha disso, Hélio, meu rapaz?
A resposta é simples. O
sistema atual vigorante no Brasil o condena ao atraso eterno e isto interessa
muito aos países ricos que não querem concorrência. O que eles querem e fazem
muito bem é explorar a imbecilidade e extrema ignorância dos brasileiros,
sobretudo dos políticos, comprando-lhes as consciências, para poder agirem
livremente num país que nunca despertou para a sua imensa importância. Culpa
dos estrangeiros? Não, culpa da pequenez do povo brasileiro. Prova disso é que
a China está se tornando uma potência e a Australia muito em breve estará entre
as dez maiores economias do planeta, não em PIB, mas em qualidade de vida e
riquezas produzidas. Aliás, em qualidade de vida a Australia já está entre os
cinco melhores países do mundo.
Sabe, amigo Hélio, sobe na
vida quem é mais capaz, mais esforçado, mais estudioso. Isto vale para pessoas
como também para países.
Um grande abraço,
Otacílio Guimarães, 30-04-2013
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