O que é desaposentação?
Curto e grosso: “A
desaposentadoria ou desaposentação permite a renúncia à aposentadoria para
recálculo do benefício. Com isso, o aposentado que tiver voltado à ativa pode
somar tempo de contribuição ao cálculo e conseguir um benefício maior”.
Por que chegamos a isso?
A 1ª reforma da Previdência,
em 1994, imposta pelo FMI, acabou com o pecúlio que era pago aos trabalhadores
que se aposentavam e continuavam trabalhando. Quando saiam da empresa, recebiam
como pecúlio, suas contribuições corrigidas.
Desde 1994, os trabalhadores
aposentados que continuaram trabalhando ou voltaram ao trabalho, passaram a
contribuir para encher o caixa do INSS sem direito a mais nada.
Com isso, institucionalizou-se
uma violação de um dos princípios básicos da Previdência Social: toda
contribuição tem como contrapartida um benefício.
Em 1999, por nova imposição do
FMI, o governo adotou o fator previdenciário (instituído para reduzir o déficit
da Previdência), mas que serviu mesmo foi para punir os segurados da
Previdência com o retardamento e o achatamento de suas aposentadorias.
A perseguição contra os
inativos chegou finalmente aos ativos. Desde então nenhum aposentado do Regime
Geral de Previdência Social-RGPS se aposenta pelo teto.
As lideranças dos
trabalhadores concordaram com as duas vilanias impostas por um Estado perverso
que age sorrateira e ostensivamente contra os idosos.
Neste momento, os dados da
desaposentação são os seguintes:
As autoridades de Previdência
Social dizem que se o projeto do senador Paulo Paim for aprovado custará R$ 70
bilhões. Os dados são falsos, pois se trata de chute. Usam o mesmo chute
utilizado para perpetuar o fator previdenciário! Com isso querem decretar a
morte do projeto e condenar os aposentados.
Muitas “autoridades” opinam
sobre a matéria sem conhecimento da causa.
As autoridades do Ministério
da Fazenda que usam e abusam das receitas previdenciárias para outros fins,
inclusive para desonerações contributivas, fraudando a lógica do financiamento
previdenciário, estão caladas.
Alguém do Ministério da
Previdência revelou que há 500 mil aposentados trabalhando e que, em tese,
poderiam se desaposentar e aposentar-se de novo, com uma regra capenga que não
lhes permitirá chegar aos 10 salários mínimos.
A Advocacia Geral da União
trombeteou que existem 24 mil ações judiciais na justiça federal aguardando
sentença.
Ninguém no INSS sabe quantas
desaposentadorias deram entrada por decisão judicial e quantas já foram
implantadas.
O Supremo Tribunal Federal
considerou a questão da desaposentadoria como de "repercussão geral"
e anuncia para breve uma decisão definitiva.
O governo manobrou, revogando
disposição regimental do Senado, e impôs que o projeto do senador Paim, ao
invés de ser enviado direto à Câmara, passe pelo plenário do Senado para ser
derrubado. O senador Renan Calheiros, prestativo, assim o fez, sob protestos do
senador Paim. Mais uma vez as lideranças dos trabalhadores se omitiram.
O clima ficou pesado e milhões
de brasileiros acabarão triplamente prejudicados.
Os aposentados, desta leva, (talvez 20% dos 27
milhões de beneficiários do RGPS) não tiveram direito ao pecúlio liquidado com
a 1 a. Reforma da previdência, em 1994;
Nestes quase 20 anos milhões
foram prejudicados e a Previdência beneficiada com bilhões uma vez que deixou
de pagar de pecúlios;
Os trabalhadores privados que
se aposentaram tiveram seus benefícios retardados e achatadas pelo fator
previdenciário, instituído em 1999 para encher o caixa da previdência sem
qualquer contrapartida.
Nós da ANASPS fomos os
primeiros a protestar contra o fator previdenciário, que já caiu no Senado e
aguarda a extinção da Câmara.
O país aceita a fixação de
idade mínima, já adotada para o servidor público, para acabar com o fator
previdenciário que não serviu para a finalidade indicada na sua criação.
Há muito tempo que a ANASPS
defende a volta do pecúlio e mais do que isso proclama a tese de que aposentado
não deve contribuir mais para a previdência, uma vez que não terá beneficio.
Diriam vocês que a Previdência quebraria.
A Previdência brasileira não
vai quebrar. Nem no modelo histórico de financiamento. Nem no modelo atual,
informalmente realinhado com apropriação indébita das receitas previdenciárias
e generosas transferências fiscais da União.
Claro que há necessidade de
revisão e consolidação do formato atual de financiamento (com renúncias,
desonerações, subsídios diretos ou cruzados, parcelamentos, refis, desacertos
diversos na arrecadação, fiscalização, cobrança e recuperação de crédito,
dívidas ativa e administrativa) para que ela tenha vida longa.
Não são o fator previdenciário
e a desaposentação que ameaçam a previdência Social, mas, além dos atropelos no
financiamento, os quatro “funrurais”, recentemente criados, e que impactarão no
futuro, começando pelos autônomos subsidiados, a massa do Simples e
Supersimples, a massa da microempresa e dos empreendedores individuais e os
segurados especiais (donas de casa, trabalhadores rurais) etc.
Em nome da dignidade dos
segurados contribuintes, devem ficar no RGPS só os contribuintes cheios em
termos atuariais. Os demais terão que ir para a área assistencial da LOAS.
Título e Texto: Paulo César Régis de Souza é
vice-presidente executivo da Associação Nacional dos Servidores da Previdência
e da Seguridade Social-ANASPS, 02-05-2013
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