sábado, 4 de maio de 2013

"Ó cumpade, o jumento é seu..."

Otacílio Guimarães
Sabe, meu caro cão viciado, eu acho que o único direito que esses pervertidos imorais têm é de dar a rosquinha. Deixemo-los portanto dando suas rosquinhas e que não nos incomodem, senão o couro come!

Me lembrei agora de um fato. Um fato é um acontecido. Um acontecido é um episódio na vida de alguém... como é complicado esse idioma português... é português mesmo!

Um sitiante (sitiante significa morador em um sítio, não confundir com um site) tinha um vizinho por cuja mulher nutria uma paixão avasaladora. Entretanto, dado o respeito que impera entre essas pessoas simples que moram na roça (roça significa mato, morar no mato feito bicho), não tinha coragem de revelar sua paixão para o objeto de seus desejos. Ou talvés fosse por medo do vizinho saber porque entre essa gente questões de traição são resolvidas à bala ou na peixeira (peixeira é um objeto pontiagudo e cortante, feito de aço com um cabo de madeira, muito usado no nordeste brasileiro para matar desafetos).

Well, certo dia o vizinho lhe apareceu e falou:
- Cumpade (eram compadres, veja só!), eu vou viajá prá capitá a fim de visitá uma irmã. Acontece que minha jumenta vai entrar no cio quarquer dia desse e eu gostaria que seu jumento emprenhasse ela.  

O jumento (jumento, mesma coisa que jeque ou asno) do compadre era famoso na região e muito requisitado para cruzar, pois era um garanhão magnífico e bom de trabalho. O compadre apaixonado pela mulher do outro, respondeu:
- Num se faça de rogada, minha cumade! Estou aqui prá lhe servi em tudo!

Nesse “em tudo” estava embutida toda a sua maldade.

O compadre viajou e dois dias depois a mulher foi ao sítio do vizinho e lhe disse:
- Cumpade, a jumenta entrou no cio. Conforme meu marido combinou com cê, precisa levar seu jumento lá para cruzar com ela.  
- Agora mesmo, minha cumade! Vou pegar o jumento.  

Pegou o jumento pelo cabresto e lá se foram os dois até o sítio do visinho. Lá a jumenta já estava presa num curral cuja porteira foi aberta e o dito cujo introduzido. Você pode muito bem imaginar uma cena como esta: uma jumenta no cio e um jumento carente, pois o apaixonado pela comadre, de propósito, tinha deixado o bricho sem satisfazer suas necessidades sexuais por dois longos meses já esperando por isto.

Mal foi introduzido no curral, o jumento partiu para cima da jumenta com o mastro em riste e ai eu não preciso lhe dizer o que aconteceu.

Diante do quadro que se desenhara aos olhos dos dois, o compadre falou:
- Cumade, a gente vê uma coisa dessa e dá uma vontade danada, não é?
A comadre, de bate pronto, respondeu:
- Ô, cumpade, o jumento é seu, o cu é seu, qual é o problema? O que está esperando?
Otacílio Guimarães, 04-05-2013

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