quinta-feira, 2 de maio de 2013

Só no Brasil – congresso se ocupa de matéria que não lhe diz respeito

Francisco Vianna
Agora o Estadão nos traz da babel Brasília, a chamada Ilha da Fantasia brasileira, a notícia de que o Deputado do PSC (paulista) – da "base alugada" do governo, com certeza – Marcos Feliciano, no cargo de presidente da famigerada "Comissão de Direitos Humanos" da Câmara dos Deputados, pôs em pauta a votação do chamado projeto da “cura gay”.


A proposta é do tucano João Campos, do PSDB de Goiás, e que pretende suspender norma do Conselho Federal de Psicologia que proíbe profissionais da área de tentar "alterar a orientação sexual" do paciente ou atribuir caráter patológico à opção sexual do homossexualismo, já recebeu parecer favorável do deputado Anderson Ferreira (PR-PE), indicado por Feliciano como relator. Ambos, Feliciano e Anderson são pastores evangélicos.
Tal projeto, de João Campos, vai a plenário para discussão e debate no próximo dia 8 e em seguida, segue para a Comissão de "Seguridade Social e Família", e mais tarde para a Comissão de Constituição e Justiça.
Enquanto isso, o STF analisa a emissão de mandato de segurança contra o projeto da "cura gay", impetrado pelo próprio PSDB. O partido 'socialdemocrata' alega que o tucano João Campos (GO) "é mais da bancada evangélica do que da bancada tucana, e que o projeto é uma tentativa de desvincular o parlamentar do partido”.
Campos, pastor da Assembleia de Deus, que é contra os projetos de lei que criminaliza a homofobia, que legaliza o aborto, que legaliza o "casamento" entre pessoas do mesmo sexo e que torna legal a cirurgia para mudança de sexo pelo SUS, geralmente vota conforme o estabelecido pela chamada "bancada evangélica", uma espécie de "ghost-party" existente no Congresso brasileiro.
Segundo Campos, a resolução que impede que o homossexualismo seja reconhecido como patologia comportamental e impede a adoção de medidas terapêuticas para o seu tratamento "vai de encontro aos direitos constitucionais de psicólogos e pacientes e é preciso zelar pela Carta Magna”, disse o deputado. “Não se trata aqui de uma cura do homossexualismo, mas do direito que as pessoas têm de buscá-la”.
A polêmica do projeto de Campos, que é alvo do Conselho Federal de Psicologia, está na Comissão de Direitos Humanos da Câmara. Em março, o presidente da comissão, Marco Feliciano (PSC-SP), também pastor, indicou o deputado Anderson Ferreira (PR-PE), outro pastor, para relatar o texto.
 “O projeto de decreto legislativo em tela nada mais significa que a sustação da norma editada pelo referido Conselho, até que haja apreciação judicial que decida a questão levantada", disse Ferreira, ao conceder parecer favorável ao mesmo na semana passada.
Alega ainda que o texto constitui "uma defesa da liberdade de exercício da profissão e mesmo da liberdade individual de escolher um profissional para atender a questões que dizem respeito apenas ao foro íntimo de cada pessoa, sem prejuízo de terceiros".
O ator da TV Globo, José de Abreu, recorreu a Yoko Ono, via Twitter, para informá-la sobre os ataques de Feliciano a Lennon que, em vídeo (tornado público recentemente), o deputado diz que "o músico dos Beatles morreu por ter 'afrontado' Deus ao dizer, na década de 1960, que os Beatles eram mais famosos que Jesus Cristo", sendo assassinado em 1980 em Nova Iorque.
Por enquanto, Yoko Ono, a viúva de John Lenon, ainda não se manifestou a respeito. E não acredito que ela se dê ao trabalho de embarcar nessa polêmica de botequim.
Para finalizar, eu pergunto: Isso lá é matéria para ser regulamentada pelo Congresso?
Com tanta coisa importante sobre a qual legislar, os nossos nababos representantes, pagos regiamente com o suado dinheiro do imposto escorchante cobrado de quem de fato trabalha neste país, ficam a despender energia e recursos para discutir e se intrometer em assuntos de foro íntimo das pessoas, numa tentativa decadente e vã de estabelecer o sexo dos anjos...
Os pastores e sacerdotes religiosos que levem o tema para discussão dentro de suas igrejas, mas usem o Parlamento para normatizar o que realmente interessa para que o país cresça e se desenvolva com segurança jurídica democrática e capitalista, ao invés de contribuirem para que a nação continue a patinar no atraso das ideias socialistas, de há muito desmoralizadas.
Título, Imagem e Texto: Francisco Vianna, 02-05-2013

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