sábado, 4 de maio de 2013

Viajante com pequena família

Imagem: Fundação BUNGE
Otacílio Guimarães
Um viajante (viajantes, no Brasil, são aqueles vendedores que viajam pelo interior vendendo mercadorias) chegou numa cidade do interior da Bahia, visitou seus clientes e à noite foi tomar umas cervejas e bater papo num clube local. Fazia a praça daquela cidade regularmente e já tinha vários amigos. Ao chegar ao clube, logo se enturmou e o bate papo regado a cerveja começou.  
Eis que de repente lhe surge à frente uma bela mulher já entrando nos seus quarenta anos. Adorava uma coroa assim e logo tratou de estabelecer um colóquio com vistas a algo mais interessante. Um amigo lhe apresentou a mulher e os dois se refugiaram num reservado do clube e o colóquio teve início. Você, cão fumante, apesar das suas quatro patas, sabe do que eu estou falando, não é?
Não decorreu muito tempo para que os dois iniciassem uma troca de abraços carinhosos, carícias nos lugares certos e beijos variados. Well, quando o kiss acontece tudo o mais também acontece e assim aconteceu: o viajante terminou dormindo na casa da mulher, que era viúva e estava muito carente. Afinal, o coitado tinha ido para o outro mundo já fazia uns três anos.  
Este colóquio inicial resultou numa promessa de casamento por parte do viajante que, segundo ele, seria para breve. Como tinha que cumprir o seu roteiro, se despediu da viuvinha deixando-a com lágrimas nos olhos e seguiu seu caminho.  
Ficou oito anos sem voltar àquela cidade e pediu ao chefe que mandasse outro em seu lugar atender os clientes locais.  
Decorrido esse tempo, resolveu voltar porque gostava da cidade e lá deixara vários amigos, pensando que a viuvinha teria esquecido o episódio e, quem sabe, já teria se casado com outro.  
Em lá chegando, visitou a clientela e à noite foi para o mesmo clube onde aconteceria uma festa para a qual foi convidado por um amigo. Sentou-se a uma mesa ampla onde havia um grupo e de repente percebeu que a mulher sentada à sua frente era nada mais nada menos que a viuvinha, um pouco mais velha, porém ainda atraente. Fez de conta que não a conhecia e entabulou conversa com o amigo ao lado. A viuvinha ficou na dela, conversando com a amiga ao lado. Lá para as tantas, a viuvinha resolve abordar o malandro e travou-se o seguinte diálogo: - Cavalheiro, não se lembra de mim? - Oh, perdão, sinceramente não. De onde eu poderia lhe ter visto já que é a primeira vez que venho a esta cidade? - Acho que o cavalheiro está enganado. Já esteve aqui antes, nos conhecemos, nos demos bem e até o levei para conhecer uma casa que estava alugando já que me disse que pretendia vir morar nesta cidade. Mostrei-lhe a casa toda, o cavalheiro me disse que gostou, e depois sumiu sem me dar nenhuma satisfação.
Desarmado, o malandro respondeu:
- Ah, nobre dama, me desculpe o lapso de memória. Agora me lembro.  
- Por que o cavalheiro desistiu de alugar a minha casa e não me deu nenhuma satisfação?
- Veja bem, quer mesmo saber?
- Quero, sim!
- O problema é que ao adentrar à casa, eu percebi que o gramado no jardim estava muito alto. Em seguida, eu notei que as paredes da casa estavam úmidas e frias. Mas o problema maior é que a casa era muito grande para minha família.  
Ao que a viuvinha retrucou:
- Oh, cavalheiro, se tivesse me avisado disso, eu teria resolvido o problema da grama alta no jardim mandando apará-la. Quanto ao interior da casa, o senhor entenda que uma casa que ficou desabitada por longos três anos, realmente fica com as paredes úmidas e frias. Mas, ao voltar a ser habitada ela volta ao normal. Quanto ao último problema, eu não poderia fazer nada a respeito, uma vez que sua família é tão pequena!
Otacílio Guimarães, 04-05-2013

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