Uma formiguinha, funcionária
de um formigueiro de renome, carregava sua folha, três vezes maior que ela
mesma na sua faina diária e sempre passava por um arbusto onde Zilcléia, uma
cigarra desbocada fazia troça de seu esforço para viver. Todo o dia era a mesma
coisa: Ó, aí, Otávia… (era o nome da
formiguinha), enquanto você fica aí se rasgando por essa merreca de folha, eu
vou levando a vida numa boa!
A formiguinha, quando se dava
ao trabalho de responder dizia:
– Eu não trabalho só pra hoje,
não. Eu penso no futuro. Aderi a uma previdência. Todo mês o formigueiro
deposita folhas no meu plano de previdência formigal, o Insectus. Quando não
puder mais catar folhas, eu me aposento. O pessoal do Insectus me garantiu que
até o fim da vida eles me pagam uma pensão direitinho!
– Ah, é…?, exclamava Zilcléia,
bote as barbas de molho, quando te contarem que esse Insectus aí tem seus
próprios meios de correção…hahaha…
O tempo passou, a formiguinha
sempre dando duro e contribuindo para o Insectus e a cigarra porra louca
batendo cabeça aqui e acolá, acabou descolando um jeito de gravar um CD. Formou
uma banda (Zizi Starr e as Ziziletes) e conseguiu se apresentar no Faustão.
Meteu a mão numa grana esperta, comprou apê na Barra e agora só anda de Pajero
(que tem alarme com som de cigarra).
A formiguinha, ao ver
aproximar a tão esperada hora de pendurar suas seis chuteiras, juntou a
papelada e se mandou pro Instituto Insectus de Previdência Formigal. Conseguiu
se aposentar e já fazia planos para uma vidinha decente. Que não durou muito,
pois com o passar do tempo, notou que a sua pensão de folhinhas mensais
diminuía… e logo ficou sabendo que o formigueiro havia muito, não depositava a
sua parte das folhas que rezava no contrato. Foi o primeiro golpe. O primeiro jato
de Rodox. E pior… um grupo de tamanduás estrangeiros havia comprado o
formigueiro por uma fração do valor, num leilão fajuto levando só a parte boa.
Logo começaram a aparecer as suas colegas demitidas que nem podiam mais se
aposentar. É que a AARDVARKS, a empresa de tamanduás agora dona do formigueiro,
só queria agora aquelas formiguetes saradas com tudo em cima, tipo desenho da
Disney…
Só agora, tarde na vida, é que
Otávia, (Oh, Otávia!), começava a entender que Zilcléia, a cigarra, (agora Zizi
Starr), tinha razão. Em terra de tamanduá, formiga não tem vez…
Moral da história: Fala sério!
Essa história tem de tudo, menos moralidade…
Título e Texto: José Carlos Bolognese, 17-06-2013
Título e Texto: José Carlos Bolognese, 17-06-2013
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