Embaixador J. Eduardo Ponce
Vivanco
O ‘simpático Lula’, ícone das
camaleônicas esquerdas do século XXI, chegou a Lima num avião particular da
Odebrecht, a ‘rainha’ das construtoras brasileiras. Ao chegar, compartilhou de
uma cena íntima com o casal governante em palácio, onde seus ‘conselhos’ devem
ter sido a melhor sobremesa para seus inexperientes anfitriões. Depois
acompanhou o Presidente peruano na inauguração de um importante encontro
empresarial peruano-brasileiro.
Os dois discursos foram
significativos e evidenciaram que a “integração" nas Américas se converteu
numa barafunda: UNASUL, CELAC, MERCOSUL, ALBA e PETROCARIBE são siglas que
coexistem com as da OEA, ALCA, SELA, ALADI, OLADE, CAN, SICA, CARICOM, entre
outros acrônimos sobreviventes da velha onda latinoamericana.
Lula se vangloriou de ter
‘assassinado’ o projeto de integração econômica, mais amplo e ambicioso: a ALCA
(Aliança de Livre Comércio da América), um acordo continental de livre comércio
que incluía os EUA e o Canadá. Destacou seus cúmplices – Chávez e Kirchner – e
apontou a cena do crime: a Cúpula das Américas em Mar del Plata (2005). Mas não
confessou que seu objetivo real era desviar o comércio internacional mediante
acordos para assegurar o predomínio político e econômico do cone sul, com o
“nobre pretexto de salvar a região do neocolonialismo ianque”.
Afirmou que a América do Sul é
a prioridade do Brasil, porque não haverá “integração latinoamericana” enquanto
o México tiver uma relação econômica tão intensa com os EUA. A UNASUL é, pois,
a primeira linha de uma espécie de “exército popular de libertação” daquilo que
a ALBA chavezista chama de "o império".
A operação revolucionária dos
esquerdopatas, conduzida pelo Foro de São Paulo (que a grande mídia da região
insiste em ignorar), consiste em manipular o intercâmbio para pô-lo a serviço
da política (e não dos interesses dos consumidores e produtores, como deve
ser).
O Presidente Humala respondeu
bem e à altura ao destacar a Aliança do Pacífico, que até no Brasil é mostrada
como “a nova estrela da integração”, comparando o novo bloco latinoamericano
com os demais existentes e que não passam de sistemas protecionistas falidos,
como o MERCOSUR, ou insignificantes, como a CAN.
Antes da visita de Lula,
Morales, Maduro e Ortega rugiram como feras, porque a Colômbia quer cooperar
com a OTAN para a sua segurança nacional bem como para a vigilância da Amazônia
colombiana. Evo exigiu a convocação de uma reunião urgente da UNASUL para
freiar Santos.
Embora os esclarecimentos de
Bogotá tenham acalmado a gritaria esquerdopata sulamericana, La Paz ainda
insiste formalmente na convocatória da UNASUL. Este incidente evidencia que o
verdadeiro objetivo da UNASUL é o de uma “integração política" – e não
econômica, como inicialmente se propôs – que condicione as decisões soberanas
de seus membros à pressão da maioria dominante de estados de esquerda. O Peru,
a Colômbia e o Chile – este último já incluído na lista de países desenvolvidos
– se encontram numa situação claramente minoritária frente à visão chavezista
que se pretende impor em quase todos os campos de atividade nacional.
Trata-se de uma situação que,
seguramente, não pode ser antevista por quem negociou o Tratado Constitutivo
dessa invenção sulamericana que tem crescido ao ritmo cardíaco do
‘bolivarianismo’, empenhado agora em levar Lula para a Secretaria Geral da
UNASUL (Correa acaba de lançar sua candidatura em Quito); uma posição chave
para consolidar a CELAC, "comunidade" latinoamericana que se tem
entregado aos cuidados de Raúl Castro, o monárquico ditador da paupérrima ilha
socialista de Cuba.
Não vislumbramos a realidade.
A cada dia se torna mais urgente resistir e
coibir os avanços de todas estas estruturas opressivas e mal
intencionadas destinadas a fazer prevalecer o “sucialismo”* da região,
exercitando o sagrado direito de dizer "NÃO", de desmascarar e evitar
consensos que não convenham ao interesse nacional peruano ou de qualquer outro
país que queira continuar soberanos para tomar suas próprias decisões.
Ao mesmo tempo, é vital que
mantenhamos o critério de afinidade num sistema de integração econômica que
tenha tido êxito, como a proporcionada pelo novo bloco da Aliança do Pacífico,
bloqueando a penetração de ‘cavalos de Troia, grandes ou pequenos, como essa
ação de Lula, em Lima, orquestrada pelo Foro de São Paulo.
A integração será mais forte
entre aqueles países que buscam objetivos convergentes e que coincidem na
idoneidade dos meios para consegui-la, especialmente se estão convencidos de
que a democracia é uma soma reciprocamente enriquecedora da liberdade política
e da liberdade econômica, garantidas pelo império do Estado de Direito,
pré-requisitos que passam longe das metas socialistas.
Título e Texto: Embaixador J.
Eduardo Ponce Vivanco, no jornal peruano “Correo”,
10-06-2013
Tradução: Francisco Vianna
Não é ruim como eu pensava. É muito pior. Enquanto esses palhaços estiverem aboletados no poder esses países Sul-Amerisquerdos não vão passar de países terceiro-mundistas vagabundos.
ResponderExcluirJosé Manuel