Francisco Vianna
Pare de ficar a rezar e a
bater no peito! O que eu quero que faças é que saias pelo mundo e desfrutes da
tua vida. Eu quero que gozes, cantes, que te divirtas e que desfrutes de tudo o
que Eu fiz para ti e te proporcionei.
Para de ir a esses templos
lúgubres, obscuros e frios, que tu mesmo construístes e que acreditas e dizes
ser a minha casa. Minha casa está nas montanhas, nos bosques, nos rios, nos
lagos, nas praias. No cerne das coisas animadas ou não. Aí é onde Eu vivo e aí
onde expresso meu amor por ti.
Para de me culpar pela tua
vida miserável: Eu nunca te disse que há algo mau em ti, ou que és um pecador,
ou ainda que a tua sexualidade fosse algo ruim. O sexo é um presente que Eu te
dei e com o qual podes expressar o teu amor, o teu êxtase, a tua alegria.
Assim, não me culpes por tudo
o que te fizeram crer.
Para de te pores a ler as
supostas ‘escrituras sagradas’, que nada têm a ver Comigo. Se não podes me
envergar num amanhecer, numa paisagem, no olhar de teus amigos, nos olhos de
teu filhinho, não me encontrarás tampouco em nenhum desses livros!
Confia em mim e deixa de me
pedir por tudo. Vais, por acaso, me dizer como fazer meu trabalho?
Para de ter tanto medo de mim.
Não te julgo, nem te critico, nem me irrito, nem te incomodo, nem te castigo,
pois sou puro amor.
Para de me pedir perdão. Não
há nada por que te perdoar. Se Eu te fiz, isso significa que Eu te enchi de
paixões, de limitações, de prazeres, de sentimentos, de necessidades, de
incoerências, de livre arbítrio. Como posso te culpar se respondes a algo que
eu pus dentro de ti?
Como posso te castigar por
seres como és, se fui Eu quem te fez? Crês que eu poderia criar um lugar para
queimares e sofreres e a muitos de meus filhos que não se comportaram bem, pelo
resto da eternidade? Que tipo de Deus poderia fazer tal coisa absurda? Esqueça
qualquer tipo de mandamento, qualquer tipo de lei; essas são artimanhas para te
manipular, para te controlar, para te manietar, e que só geram culpa em ti.
Segue apenas as leis naturais que são evidentes por si próprias.
Respeita o teu próximo e não
faças a ninguém o que não queiras que façam a ti. A única coisa que te peço é
que dês total atenção à tua vida, e que teu estado de alerta e o bom senso do
qual te dotei sejam teus guias e parâmetros. Esta vida não é uma prova,
nem um degrau, nem um passo no caminho, nem um ensaio, nem um prelúdio para o
paraíso ou para uma suposta vida depois da tua morte. Esta vida é a única coisa
que há, aqui e agora, e a única que precisas para ser feliz.
Eu te fiz absolutamente livre. Não há prêmios nem castigos. Não há pecados nem
virtudes. Ninguém leva consigo um placar ou um registro das coisas que faz.
Apenas poderá pagar o preço quando o que fazes se volte contra ti. És
absolutamente livre para fazer da tua vida um céu ou um inferno.
Não te poderia dizer se há algo depois desta vida, pois isso tiraria dela toda
a graça, todo o atrativo, todo o mistério. Mas posso te dar um conselho: viva
como se não houvesse o depois e morra como quem está prestes a descobrir todo o
mistério.
Vive como se esta fosse tua única oportunidade de aproveitar, de amar, de
existir e seja feliz. Assim, se não houver nada depois da vida, terás
aproveitado a oportunidade que te dei. E se houver, com certeza não te perguntarei
se fostes bem comportado ou não. Só te perguntarei se gostastes de ter vivido,
se conseguistes ser feliz. Hei de querer saber se te divertistes, do que mais
apreciastes, o que aprendestes?
Para de crer em mim – crer é supor, adivinhar, imaginar, fazer de conta. Não
quero que simplesmente acredites em mim. Quero que me sintas em ti e no teu
entorno. Quero que me sintas em ti quando beijas tua amada, quando agasalhas
tua filhinha, quando acaricias teu cachorro, quando tomas banho de mar e quando
tua visão do universo alcança patamares mais altos pelo conhecimento, mesmo que
isso te traga invariavelmente muitas novas dúvidas e te mostre imensas
ignorâncias.
Para de me louvar! Que tipo de Deus ególatra tu pensas que sou? Aborrece-me que
me louvem. Cansa-me que vivam a me agradecer. Sentes-te grato? Muito bem, só as
almas boas são gratas, mas demonstre tua gratidão a cuidar de ti próprio, de
tua saúde, de tuas relações com o próximo, de tuas ações no mundo. Sentes-te
olhado, surpreendido? Então, se isso te alegra ou reconforta, expresse tua
alegria aos demais! Muitos a compartilharão e o mundo será um lugar melhor de
se viver. Esse é o melhor jeito de me louvar.
Para de complicar as coisas e de repetir como papagaio o que te ensinaram sobre
mim. Só os puros, sinceros, e bons sabem alguma coisa de Mim. A única certeza é
que estás aqui, agora, que estás vivo, e que este mundo está cheio de
maravilhas que fiz para que as admirasses e nelas te inspirasses.
Para que precisas de mais
milagres? Para que queres tantas explicações? Não me procures fora de ti! Não
me acharás. Procura-me dentro... É aí que estou, a pulsar em ti.
As palavras acima são de Baruch Spinoza – nascido em 1632 em Amsterdã,
falecido em Haia em 21 de fevereiro de 1677. Foi um dos grandes racionalistas
do século XVII dentro da chamada Filosofia Moderna, juntamente com René
Descartes e Gottfried Leibniz. Era de família judaica portuguesa e é
considerado o fundador do criticismo bíblico moderno. Essas palavras foram
ditas em pleno Século XVII.
Einstein,
quando perguntado se acreditava em Deus, respondeu: “Acredito no Deus de
Spinoza, que se revela por si mesmo na harmonia de tudo o que existe, e não no
Deus que se interessa pela sorte e pelas ações dos homens”.
Alguns esquerdopatas têm o desplante de dizer que Spinoza era
socialista e ateu... Pergunto eu: COMO? Um agnóstico verdadeiro nunca é um
ateu. Pelo contrário, para ele Deus não é uma crença, mas uma realidade
suprarreligiosa, axiomática, e palpável. E o mundo, no século XVII ainda
não estava infectado dessa sociopatia chamada "socialismo".
Francisco Vianna, 16-06-2013
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