quarta-feira, 5 de junho de 2013

Édipo monoparental

Édipo e a Esfinge, 
pintura de Gustave Moreau
Vitor Cunha
Não faltarão hoje, como não faltaram ontem e no dia anterior, e tal como na semana passada e no mês antecedente, as demonstrações com números do tipo “recessão aumenta”, “quebra de receita”, “espiral recessiva”, “maremoto de incompetência” (esta última pode ser usada livremente mediante atribuição autoral).
Não faltarão saudosos socráticos – ou pior: servos – com números fantásticos sobre Portugal antes do mundo tirar o tapete ao colosso lusitano. Serem falsos não importa nada à causa: o “devolvam as nossas vidas” significa exactamente “devolvam-me a governação que isto é do PS“. Tudo isto é cansativo: para lá do sebastianismo bacoco, resta sempre a irresponsabilidade da atribuição de causas e suas soluções a outrem.
Que estes achem que compete à União Europeia resolver o problema da estrutura portuguesa, não é de surpreender: sempre gostaram de modelos de inspiração soviética; que não consigam perceber que são os criadores da estrutura cuja resolução esperam de outrem é que é muito preocupante.
Título e Texto: Vitor Cunha, Blasfémias, 05-06-2013

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