Trabalhando há anos com
política classista, vinha me especializando em direito de propriedade e, sobre
esse tema, escrevia alguns raros textos. Em determinada ocasião montei um blog
na internet onde postei, durante um mês, o diário e as fotos dos locais por
onde passava durante uma viagem de moto que fiz, por quatro países, com quem à
época era minha esposa.
Eram minhas únicas
experiências como “escritor”, mas ao sofrer um acidente moto ciclístico e ficar
acamado, imobilizado durante dois anos, comecei a observar tudo e todos à minha
volta.
A ausência de pessoas que
considerava amigas e a presença constante de outras que não imaginava ser, o
noticiário do que estava ocorrendo no mundo, a leitura de novos livros e o
tempo totalmente ocioso, faziam minha mente pensar sobre muitas coisas que
antes não pensava e pouco a pouco fui colocando no papel o que sentia sobre
minhas observações, pensamentos e sentimentos.
Entretanto, sempre tive
consciência de não possuir preparo literário suficiente para – que seja razoavelmente
-, escrever de forma a ser considerado um escritor. Escrevo simplesmente porque
gosto e penso que algum dia algum de meus descendentes pode ter a curiosidade
de saber o que seu antepassado pensava sobre determinado assunto, ou como eram
os costumes da época.
Atualmente, através dos
comentários postados no próprio blog onde os publico, nos jornais, revistas,
sites, blogs e outras redes sociais onde os mesmos são republicados, ou mesmo
quando me dizem pessoalmente como o entenderam, tenho até me divertido ao perceber
como cada pessoa interpreta um texto de modo diferente.
Imaginam que escrevi isso por
aquilo e ouvindo várias delas separadamente, fica claro que cada uma imagina
que escrevi aquele texto por uma ocorrência específica ou para determinada
pessoa. As interpretações dos motivos pelos quais ou para quem escrevi uma
frase, um parágrafo ou um texto, são de uma diversidade inimaginável.
Quando escrevi algo
direcionado a alguém – como já ocorreu em algumas oportunidades -, certamente o
texto não se tornou público, ou a pessoa para quem foi escrito foi
antecipadamente informada da “homenagem” que seria publicada, mas não foi o que
ocorreu em relação a alguns textos sobre os quais ouvi esse tipo de
interpretação.
A partir de ocorrências como
essas podemos imaginar os motivos pelos quais, durante séculos, não se chega a
um acordo sobre nenhum parágrafo bíblico. Cada um interpreta de uma forma e uma
das consequências disso foi e continua sendo a criação de uma infinidade de
igrejas pelo mundo que seguem a mesma Bíblia com interpretações diferentes,
inclusive entre os membros de uma mesma igreja, o que normalmente provoca a
criação de outra e assim por diante.
Isso torna a escrita uma das
mais fascinantes capacidades do ser humano, uma vez que transcende o tempo,
documenta a história e as descobertas em todos os aspectos, cria fatos,
imaginações, lendas, estórias e, claro, gera cultura.
Há um brocardo latino que
define isso com precisão: “Verba volant, scripta manent” ou “Palavras voam, a
escrita permanece”.
Após ter “parido” um texto,
praticamente já nem me lembro dele, passando a observar novas coisas, pessoas,
comportamentos e situações, que possam gerar a criação de outro e ao escrever
sobre essas minhas interpretações, não penso em como o texto será interpretado
por quem o ler.
A interpretação de um texto cabe ao leitor, que a fará de acordo com
sua educação, nível cultural e suas próprias experiências.
Título, Imagem e Texto: João Bosco Leal, 06-06-2013
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