Pedro Abramovay, vocês sabem,
é o chefão no Brasil da organização internacional de petições chamada “Avaaz”.
Ele já deixou claro que só ficam no site as petições com as quais o grupo
concorda. O rapaz é advogado, ex-secretário nacional de Justiça e prosélito
entusiasmado de várias causas. As mais notórias são a descriminação de todas as
drogas e uma mudança de tratamento ao chamado “pequeno traficante”.
Pedro e seus pedretes
resolveram mandar um e-mail aos associados do site Avaaz em defesa da petição
que pede que a PEC 376 seja rejeitada. A PEC 37 é aquela que impede o
Ministério Público de fazer investigações. Atenção! Eu também acho que ela tem
de ser rejeitada. Mas vamos ver como Pedrinho usou o seu bodoque para convocar
os seus (texto segue em vermelho). Volto depois.
Caros amigos do Brasil,
Após tanto descaso, abusos de
poder e ineficiência das nossas instituições políticas, o povo está tomando o
país de volta. Mas para esse movimento construir um país melhor, precisamos
vencer alguns desafios, a começar pela PEC37, uma proposta de emenda
constitucional que quer tirar do Ministério Público os seus poderes de
investigação, o que pode levar o Brasil a uma era ainda mais sombria de
corrupção e impunidade. Clique abaixo e assine:
A rua é do povo! E o Brasil é
nosso! Milhares foram marchar ontem. Os políticos nos observam com medo e
espanto. Eles não entendem que há um novo Brasil surgindo. Um Brasil que é
nosso e somos nós que vamos decidir o que fazer com ele.
O preço do ônibus pode subir
sem diálogo com a população? Talvez no passado, agora não pode mais — nesse
momento os governadores e prefeitos de várias cidades do país estão anunciando
a redução das tarifas em coletivas de imprensa. A polícia pode abusar da sua
força para reprimir protestos pacíficos e sair impune? Não, se não permitirmos
– balas de borracha são mais fracas do que a voz do povo. Nós, brasileiros,
agora decidimos virar o jogo: somos nós, cidadãos, que decidiremos o que os
políticos e as instituições públicas farão e não o contrário. Essa é a nova
democracia que nasceu do povo para o povo.
Dentro de alguns dias, a PEC37
será votada no Congresso — se passar, colocará uma mordaça no sistema de defesa
público, barrando a investigação de políticos corruptos. Vamos contra-atacar —
os políticos estão com um pé atrás agora e se fizermos barulho suficiente
poderemos impedí-los e mostrar que a era de abuso político e impunidade acabou.
Junte-se agora e espalhe para todos:
Essa PEC é um erro. Alguns dos
maiores escândalos de corrupção em nosso país só vieram à tona por causa das
ações do Ministério Público. No entanto, a nova lei pretende retirar todo o seu
poder e legitimidade para investigar práticas de corrupção e os abusos
policiais e colocar essa responsabilidade nas mãos da polícia. Com a polícia
recebendo ordens dos mesmos políticos que deveriam investigar, como é que vamos
saber se escândalos não serão abafados?
Estes protestos começaram como
uma forma de expressar a frustração com as tarifas de transporte, mas se
tornaram algo muito maior. Agora eles são protestos para mostrar aos nossos
políticos que eles devem nos prestar contas – quando decidem gastar dinheiro
com a Copa do Mundo ao invés de educação, quando passam orçamentos sem
transparência, ou quando enviam a polícia para reprimir manifestantes pacíficos
que estão exercendo seus direitos democráticos.
O movimento que está começando
agora tem o potencial para remodelar a nossa democracia para melhor, mas só se
nos juntarmos e garantirmos que ele oferecerá as verdadeiras reformas que nós
precisamos, começando com uma rejeição da PEC 37. Assine agora e compartilhecom os outros:
O Brasil está mudando. Estamos
construindo a nação que queremos para nossos jovens, nossos filhos e netos.
Juntos, nossa comunidade ajudou a trazer essa realidade mais próxima de nós com
a aprovação da Ficha Limpa, pressionando os políticos por mais transparência e
muito mais. É emocionante ver o que está ao alcance de nossas mãos quando nos
unimos.
Com esperança e determinação,
Pedro, Diego, Carol, Nadia,
Ian, Luis, Ricken e toda a equipe da Avaaz
Voltei
É evidente que se está a
cuidar aqui de algo mais do que de um simples site de petições. O doutor montou
um grupo de militância política. Leiam isto: “A rua é do povo! E o Brasil é
nosso! Milhares foram marchar ontem. Os políticos nos observam com medo e
espanto. Eles não entendem que há um novo Brasil surgindo. Um Brasil que é
nosso e somos nós que vamos decidir o que fazer com ele.”
De que “nós” fala Pedrinho?
“Ah, Reinaldo, mas eles estão
contra a PEC 37” Eu sei. Em tempos um tanto confusos, pessoas que pensam as
piores coisas podem dizer e defender pautas episodicamente positivas. Essas são
algumas das reivindicações de um manifesto feito pelos nazistas. Quem não
concorda com essas coisas? Leiam. Volto em seguida.
(…)
11. A supressão dos
rendimentos a que não corresponda trabalho ou esforço, o fim da escravidão do
juro;
12. Levando-se em conta os
imensos sacrifícios em bens e em sangue derramado que toda guerra exige do
povo, o enriquecimento pessoal graças à guerra deve ser qualificado de crime
contra o povo. Exigimos, portanto, a recuperação total de todos os lucros de
guerra;
13. Exigimos a nacionalização
de todas as empresas (já) estabelecidas como sociedades (trustes);
14. Exigimos participação nos
lucros das grandes empresas;
15. Exigimos que se ampliem
generosamente as aposentadorias;
16. Exigimos a constituição e
a manutenção de uma classe média sadia, a estatização imediata das grandes
lojas, e o seu aluguel a preços baixos a pequenos comerciantes, cadastramento
sistemático de todos os pequenos comerciantes para atender às encomendas do Estado,
dos Länder e das comunas;
17. Exigimos uma reforma
agrária apropriada às nossas necessidades nacionais, a elaboração de uma lei
sobre a expropriação da terra sem indenização por motivo de utilidade pública,
a supressão da renda fundiária e a proibição de qualquer especulação
imobiliária;
18. Exigimos uma luta
impiedosa contra aqueles cujas atividades prejudicam o interesse geral. Os
infames criminosos contra o povo, agiotas, traficantes etc. devem ser punidos
com pena de morte, sem consideração de credo ou raça;
19. Exigimos que se substitua
o direito romano, que serve à ordem materialista, por um direito alemão;
20. Com o fito de permitir a
todo alemão capaz e trabalhador alcançar uma instrução de alto nível e chegar
assim ao desempenho de funções executivas, deve o Estado empreender uma
reorganização radical de todo o nosso sistema de educação popular. Os programas
de todos os estabelecimentos de ensino devem ser adaptados às exigências da
vida prática. A assimilação dos conhecimentos de instrução cívica deve ser
feita na escola desde o despertar da inteligência. Exigimos a educação,
custeada pelo Estado, dos filhos – com destacados dotes intelectuais – de pais
pobres, sem se levar em conta a posição ou a profissão desses pais;
21. O Estado deve tomar a seu
cargo o melhoramento da saúde pública mediante a proteção da mãe e da criança,
a proibição do trabalho infantil, uma política de educação física que
compreenda a instituição legal da ginástica e do esporte obrigatórios, e o
máximo auxílio possível às associações especializadas na educação física dos
jovens;
22. Exigimos a abolição do
exército de mercenários e a formação de um exército popular;
23. Exigimos que se lute pela
lei contra a mentira política deliberada e a sua divulgação através da
imprensa. Para que se torne possível a constituição de uma imprensa alemã,
exigimos:
a) que todos os redatores e
colaboradores de jornais editados em língua alemã sejam obrigatoriamente
membros do povo (Volksgenossen);
b) que os jornais não-alemães
sejam submetidos à autorização expressa do Estado para poderem circular. Que
eles não possam ser impressos em língua alemã;
c) que toda participação
financeira e toda influência de não-alemães sobre os jornais alemães sejam
proibidas por lei, e exigimos que se adote como sanção para toda e qualquer
infração o fechamento da empresa jornalística e a expulsão imediata dos não-alemães
envolvidos para fora do Reich.
Os jornais que colidirem com o
interesse geral devem ser interditados. Exigimos que a lei combata as
tendências artísticas e literárias que exerçam influência debilitante sobre a
vida do nosso povo, e o fechamento dos estabelecimentos que se oponham às
exigências acima.
(…)
Voltei
Não! Eu não estou comparando o
site Avaaz ao nazismo. Eu estou demonstrando que o fato de um partido ou
organização defender duas ou três coisas corretas — OU 13, COMO NO MANIFESTO
ACIMA — não muda a sua natureza.
Não! O Brasil não é de
Abramovay e de sua turma. Mas eles estão convictos de que sim.
Título e Texto: Reinaldo Azevedo, 20-06-2013
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