quarta-feira, 26 de junho de 2013

Recesso

José Manuel

s.m. Lugar afastado; recanto, retiro: recesso ameno.

Período de férias ou de suspensão temporária das atividades de um órgão público.
Interrupção parcial dos trabalhos de um órgão Legislativo ou Judiciário: o Supremo Tribunal Federal entrou em recesso.
Algo inerente ao ser, de teor íntimo,
Astronomia. O isolamento de um astro: o recesso do Sol.
(Etm. do latim: recessus)


Sei… mas não compreendo muito bem essa canalhice e também quero ter direito!
A vida inteira eu só tive um período de férias por ano e só de 30 dias! Por que eles têm dois por ano? E por acaso eles trabalharam mais do que eu? então… quero o retroativo de 50 anos de trabalho.
Vejamos o que nos diz  a Constituição:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes... (...)
Ops ! "igualdade"? Onde?

Eu só vejo o judiciário ficar em recesso duas vezes ao ano. Eu só vejo o parlamento ficar em recesso duas vezes por ano e num total de 50 dias.Tem até recesso para funcionalismo de burocracia, fora as férias, é claro.
Igualdade? E com o meu dinheiro? Em quê eles são melhores pessoas, física ou jurídica  do  que  eu, cidadão homologado pela República? Por que por qualquer banalidade como joguinhos de futebol, as repartições públicas entram em acintosos pontos facultativos que são mais um instrumento para se matar trabalho oficialmente.
Já imaginaram o rombo que isso tudo dá aos cofres da Nação? Não?
Então vamos olhar para as nossas favelas, para os hospitais, para a educação, para as estradas, para o transporte, para o analfabetismo, e aí nós começamos a entender  porque o país se encontra neste caos social.
Ao viajar por 32 anos  ao exterior e a serviço, fui testemunha ocular onde andava sendo gasto o nosso dinheiro e o resultado danoso dos recessos e pontos facultativos. Freqüentemente me deparava com as mesmas figuras públicas "preocupadas com o social" gastando nos melhores shoppings do mundo.
A cada recesso do judiciário, por exemplo, milhares de esperanças se esvaem, por processos que são postergados, por recursos que são interpostos na calada da noite na entrada dos recessos, fazendo com que cidadãos cheguem a passar sérias necessidades por estes atos.
Pois é exatamente isto o que está prestes a acontecer conosco do AERUS, neste triste episódio a que estamos sendo submetidos  há mais de sete anos. Por que fazer as pessoas sofrerem depois de a duras penas terem ganhas as suas causas? Que justificativa podem nos dar por estes atos?

Pelos vistos,  sem o menor pudor e com a consciência super tranquila, agora neste país, em mais um recesso irão viajar nos cruzeiros pelo mundo, ou Nova Iorque e Paris estarão a esperá-los para gozar o fair play dos poderosos, enquanto aqui ficam as bocas que não podem mastigar, as cirurgias que não podem ser feitas, as diabetes que não podem ser tratadas, as geladeiras e os olhares vazios.
Boa viagem, divirtam-se bastante! Rolex, Gucci, Hermés e Louboutins vos aguardam!


Nós, aqui na Bacia da Almas, estaremos sempre esperando por vocês.
Título e Texto: José Manuel, ex-tripulante Varig, 67 anos, 50 de trabalho com 30 dias de férias. 
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