Gosto quando Arnaldo Jabor faz um mergulho em seu passado de comunista, pois
ele vai no cerne da questão, expor os motivadores emocionais que o levaram a
esta utopia assassina. Como, infelizmente, ainda convivemos com comunistas em
pleno século 21, muitos no poder, esses relatos se fazem importantes para sanar
o país dessa praga de uma vez por todas.
No artigo de
hoje, Jabor mete o dedo na ferida:
O que aconteceu com esse governo foi mais um equívoco na história das
trapalhadas que a esquerda leninista comete sempre, agora dentro do PT. O
fracasso é o grande orgulho dos revolucionários masoquistas. Pelo fracasso
constrói-se uma espécie de 'martírio enobrecedor', já que socialismo hoje é
impossível. Erraram com tanta obviedade (no mensalão por exemplo ou no
escândalo dos 'aloprados'), com tanto desprezo pelas evidências de perigo,
tanta subestimação do inimigo, que a única explicação é o desejo de serem
flagrados. Sem contar o sentimento de superioridade que se arrogaram sobre nós,
os 'alienados burgueses neoliberais'.
Conheço a turminha que está no poder hoje, desde os idos de 1963, e adivinhava
o que estava por vir. Conheci muitos, de perto.
Nos meus 20 anos, era impossível não ser 'de esquerda'. Nós queríamos ser como
os homens heroicos que conquistaram Cuba, os longos cabelos de Camilo
Cienfuegos, o charuto do Guevara, a 'pachanga' dançada na chuva linda do dia em
que entraram em Havana, exaustos, barbados, com fuzis na mão e embriagados de
vitória.
A genialidade de Marx me fascinava. Um companheiro me disse uma vez: "Marx
estudou economia, história e filosofia e, um dia, sentou na mesa e escreveu um
programa racional para reorganizar a humanidade". Era a invencível beleza
da Razão, o poder das ideias 'justas', que me estimulava a largar qualquer
profissão 'burguesa'. Meu avô dizia: "Cuidado, Arnaldinho, os comunistas
se acham médiuns, aquilo parece tenda espírita...". Eu não liguei e fui
para os 'aparelhos', as reuniões de 'base' e, para meu desespero, me
decepcionei.
Essa passagem é de fundamental
relevância, pois mostra como essas pessoas buscam monopolizar as virtudes, de
forma maniqueísta, o que os livra de ter que debater meios:
É um ridículo silogismo:
"Eu sou a favor do bem, logo não posso errar e, logo, não preciso estudar
nem pesquisar".
Jabor conclui:
Quando comecei a criticar o
PT e o Lula, 'petralhas' me acusaram de ser de direita, udenista contra
operários. Não era nada disso; era o pavor, o medo de que a velha incompetência
administrativa e política do 'janguismo' se repetisse no Brasil, que tinha sido
saneado pelo governo de FHC. Não deu outra. O retrocesso foi terrível porque
estava tudo pronto para a modernização do País; mas o avião foi detido na hora
da decolagem. Hoje, vemos mais uma 'revolução' fracassada; não uma revolução
com armas ou com o povo, mas uma revolução feita de malas pretas, de dinheiro
subtraído de estatais, da desmoralização das instituições republicanas. Hoje,
vemos o final dessa epopeia burra, vemos que a estratégia de Dirceu e seus
comparsas era a tomada do poder pelo apodrecimento das instituições burguesas,
uma espécie de 'gramscianismo pela corrupção' ou talvez um 'stalinismo de
resultados'.
O perigo é que os intelectuais catequizados ainda pensam: "O PT desmoralizado ainda é um mal menor que o inimigo principal - os tucanos neoliberais".
Como escreveu minha filha Juliana Jabor, mestra em antropologia, "ajudado por intelectuais fiéis, Lula poderá se apropriar da situação com seu carisma inabalável, para ocupar a 'função paterna' que está vaga desde o fim do seu governo. Pode ser eleito de novo e a multidão se transformará, aí sim, em 'massa'. O 'movimento' perderá o seu caráter de produção de subjetividades e se transformará numa massa guiada por um líder populista".
O perigo é que os intelectuais catequizados ainda pensam: "O PT desmoralizado ainda é um mal menor que o inimigo principal - os tucanos neoliberais".
Como escreveu minha filha Juliana Jabor, mestra em antropologia, "ajudado por intelectuais fiéis, Lula poderá se apropriar da situação com seu carisma inabalável, para ocupar a 'função paterna' que está vaga desde o fim do seu governo. Pode ser eleito de novo e a multidão se transformará, aí sim, em 'massa'. O 'movimento' perderá o seu caráter de produção de subjetividades e se transformará numa massa guiada por um líder populista".
Eis o grande risco dessas
manifestações nas ruas: prepararem o terreno para o retorno do
"messias" salvador da Pátria, do líder das massas. Há boatos fortes
de que sua saúde não permitiria. Tampouco se sabe o quanto a impopularidade de
Dilma pegaria nele. Mas há o risco. E todo cuidado é pouco...
Título e Texto: Arnaldo
Jabor e Rodrigo
Constantino, 16-7-2013
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