sexta-feira, 5 de julho de 2013

Correção de base

Francisco Vianna

Tem sido sempre dito que “a força e a razão de ser de uma nação é o povo”, mas muito pouco ou quase nada se diz do que é realmente o povo. Se o “povo” for o conjunto das pessoas que formam uma nação, a afirmação não pode ser considerada correta, porquanto é baseada numa generalização irreal. Se, no entanto, a afirmação acima considera como povo como sendo o conjunto de cidadãos de comprovada competência, escolaridade mínima, e reputação de pessoas de bem para dirigirem o destino do país, aí ela está correta e verdadeira. 

Eleger governantes obedece ao princípio básico de gerir os valores e propiciar uma sorte feliz a esse mesmo povo. Assim, as pessoas que ainda não têm condições básicas de exercer a cidadania, não podem, não devem, e constituem um grande perigo para o país, serem chamadas a opinar sobre matérias às quais não estão basicamente preparadas para fazê-lo.

O que se observa cronicamente no Brasil – para me restringir a discorrer apenas sobre o meu país – é exatamente o fato de não se exigir os pré-requisitos básicos da seguinte definição de cidadania, que nos ensina Thomas Jefferson: “Cidadão é toda pessoa dotada de escolaridade mínima de humanidades, com atividade econômica produtiva, capaz de, quer com seu bolso, quer com sua atividade política participativa, colaborar direta ou indiretamente para a manutenção, o desenvolvimento do crescimento e do bem-estar da nação”.

Quando a cidadania real não é observada e as pessoas de um modo geral são impositivamente investidas dela, apenas com base na sua faixa etária. Sem que um preparo mínimo de humanidades, uma atividade econômica produtiva, e um conceito social de pessoa de bem e cumpridora das leis lhes sejam exigidos, não se pode esperar, ou mesmo exigir, que elejam pessoas idôneas e probas para ocupar cargos eletivos e de confiança que, na absoluta totalidade dos casos pressupõem que tais pré-requisitos sejam observados de modo indispensável. Similarmente, não se pode pretender delas que sua cidadania seja propriamente exercitada.

Assim é que os próprios candidatos a esses cargos teriam necessariamente que exibir currículos de vida que, por força de lei e bom senso pudessem comprovar a satisfação de tais exigências básicas às suas funções.

Destarte, para que tenhamos uma democracia robusta e com instituições bem alicerçadas e eficientes é absolutamente necessário que tenhamos cidadãos de fato capazes de atuar como tais e de postulantes a cargos eletivos e de confiança de inegável idoneidade e com uma boa reputação a zelar.

Essas são as correções de base que os brasileiros terão que fazer para meritocratizar sua democracia e, de uma vez por todas, deixar de se tornar uma simples massa de manobra política, condutível por discursos populistas e demagogos como tem se observado invariavelmente na história do Brasil, desde a queda do império.

O exposto pode ser invariavelmente chamado de elitista. Todavia, apesar da falsa pejoratividade dada à palavra, podemos e devemos definir a elite de uma nação como sendo a soma do que há de melhor nela em termos humanos e de cidadania real. E eu pergunto: o que devemos preferir? Sermos governados pela elite real ou pela escória, como temos sido vítimas há décadas?
Título e Texto: Francisco Vianna, 05-07-2013

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