sexta-feira, 26 de julho de 2013

Israelenses discutem a raça dos anjos...

Para chegar à conclusão que o novo herdeiro do trono britânico NÃO é judeu!
Francisco Vianna
Tanto em Israel como em Londres há intensa especulação – e apostas – quanto ao fato de o recém-nascido herdeiro do trono britânico ser ou não ser judeu.
Em Middleton, Shmiddleton, apesar das alegações de especialistas não confiáveis, de obscuros rabinos Sephardi, e de uma agência de notícias iraniana, o recém-nascido Príncipe George não será o primeiro monarca iídiche (judeu) da Inglaterra...

O Príncipe de Cambridge, George Alexander Louis, nascido anteontem, 23 de julho de 2013, será o terceiro na linha sucessória do trono britânico. Foto: AP/John Stillwell, Pool
No clássico do cinema “A Vida de Brian”, um filme da Monty Python, o infeliz personagem-título é abordado por uma multidão que acredita que ele é o ‘Messias judeu’. Nenhum de seus desmentidos faz a menor diferença – muito pelo contrário: "Só o verdadeiro Messias negaria a Sua divindade", diz uma menina.

Uma situação similar parece estar se desdobrando na Inglaterra, onde, não importa o quanto os muitos entendidos neguem o assunto, as multidões on-line parecem cada vez mais insistentes de que Kate Middleton é descendente de judeus — e que, portanto, o novo bebê real, o Príncipe George Alexander Louis, não será o último de uma longa linhagem de reis protestantes, mas o próprio primeiro monarca inglês iídiche (judeu).
Com apenas três dias de idade, o jovem príncipe já conseguiu unir dois campos opostos, os antissemitas e os judeus. É duro dizer que lado é que defende a ideia de forma mais aguda. Até mesmo a ONG ‘Birthright’ (Direito de Nascer) entrou em cena, ao criar uma peça infantil que diz na frente, “Sua Alteza Real, Futuro Participante Birthright em Israel, 2031”.

Do lado antissemítico, há um sem número de foros sobre a linha materna. Ainda mais quando o ‘timing’ do casamento e o modo como ocorreu a cerimônia, com base na cultura iídiche fornecem as evidências… “O casamento do Príncipe William como o herdeiro da coroa estendida a uma moça judia colocará o future da Grã-Bretanha mas mãos de um par de crianças judias”, diz o livreto infantil.
  
A maior parte das fontes judaicas cita um rabino ortodoxo, sephardi, de Israel” — surpreendentemente anônimo – a dizer que os pais da mãe Kate eram ambos judeus, mas no geral tendem a aceitar que isso provavelmente não seja verdadeiro. Não que qualquer pessoa deixe de juntar os fatos para montar uma boa estória: “Digo que devíamos enviar alguns “Chabadniks” para investigá-la”, sugere o website thecooljew.net. “Faça com que ela comece acender as velas e vá ao ‘Mikveh’ real. Talvez William, eventualmente, seja convertido”.

O casal real britânico, Príncipe William e Kate, a Duquesa de Cambridge, segurando o Príncipe de Cambridge, na terça-feira de anteontem, uma pose para os muitos que os fotografavam do lado de fora do Hospital Saint Mary na ala exclusiva Lindo, em Londres (AP).
Mesmo que a Birthright não entrasse em cena, criar um título infantil com dizeres de rostro como “Sua Alteza Real. Futura participante Birthright em Israel, 2031”, deixaria muito poucas dúvidas. Assim, quais as chances de que o jovem Príncipe George irá se qualificar para uma viagem grátis a Israel? Quase nenhuma, e quase nenhuma de sequer sair da cidade.

Ninguém abordou mais de forma ostensiva o casal real do que o jornalista Michael Cole, ex-correspondente da BBC para a realeza britânica, que teve uma carta sua publicada pelo jornal Times de Londres no mês passado (e citada pelo jornal The New York Post na semana passada), garantindo que a mãe de Kater, Carole Middleton, “é a filha de Ronald Goldsmith e Dorothy Harrison, ambos judeus. Os pais de Dorothy eram Robert Harrison e Elizabeth Temple, ambos judeus também. Elizabeth, por sua vez, era descendente dos Myers, uma ilustre família judia do século XIX”. Cole acrescentou ainda na carta: “A Duquesa de Cambridge é judia por linha matriarcal e, portanto, seu bebê nasceu judeu, conforme a tradição e a lei judaica”. E sugeriu que “uma sábia escolha” do nome poderia ser a de Salomão.

“A senhora Middleton, nascida Goldsmith, é uma mulher de negócios talentosa... Não é preciso ir a um monastério ou a uma sinagoga para saber que os judeus são bons negociantes” — disse Michael Cole. Infelizmente, para os que esperam que o herdeiro do trono inglês seja, de fato, um judeu, Cole, pelo telefone, mostrou-se mais circunspecto, admitindo que “as evidências são apenas circunstanciais”.
Como qualquer pessoa, ele se baseou inteiramente no fato de que os nomes na família de Kate – Goldsmith, Harrison, Myers e Temple – soam como sendo judaicos, e supões que eles eram originários de membros da ‘tribo’. “Costuma haver um ímpeto muito forte dos judeus, na Grã-Bretanha e em outros lugares, de se casarem e em seguida ocultarem seus antecedentes judeus”, contou ele à mídia israelense.

Acontece que sobrenomes “judaicos” foram também muito usados por não judeus, e “não existem evidências de casamentos em sinagogas ou em sepultamentos de judeus”. Pelo contrário, existem sólidos arquivos de casamentos de igrejas entre os ancestrais de Carole num recuo de cinco gerações.
O escritório do Rabi Chefe da Grã-Bretanha, que guarda os arquivos de casamentos na Sinagoga Ortodoxa Unida, diz que “as publicações prévias tornando pública a herança judaica dos Middletons torna o assunto completamente elucidado”.

“Os rumores da ancestralidade judaica de Kate, que Harris começou a pesquisar assim que seu noivado se tornou provável, começou logo que havia uma indicação de seu envolvimento potencial na família real”, disse ele. O porquê de esse assunto vir à baila é que – apesar de todas as evidências em contrário – ele não é claro, e o inglês adora uma especulação e, consequentemente, uma boa aposta. Ou talvez seja apenas muito divertido especular sobre a realeza judaica, ao invés de admitir de uma vez por todas – com desculpas novamente para Monty Python – que o novo Prince George "não será um rei judeu"…
Título e Texto: Francisco Vianna (da mídia israelense), 26-7-2013

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