sábado, 13 de julho de 2013

Maquiavel e a história do tigre

Foto: Jeremy Trow 2006-2007
Milton Simon Pires
Um dia desses, assisti a um documentário interessante junto com meu filho de 9 anos. Ele adora (como todo menino) histórias sobre animais ferozes. Dessa vez tratava-se de um caso triste, e ao mesmo tempo cômico - mistura perfeita para ser definido como "patético". Um veterano de guerra dos EUA, morador do Harlem ou Bronx (já não lembro) trouxe para dentro do seu apartamento de 3 quartos um filhote de tigre - "Ming" foi o nome dado ao bicho. Cenas dos primeiros meses eram comoventes - bicho no colo do sujeito tomando mamadeira. Coisa mais querida, né? Afinal não passava de um gato com listras. Bom, vamos lá - não vou gastar o tempo de vocês.

Aconteceu o seguinte - o documentário termina com a história do dono do Ming sendo levado para um manicômio judiciário. Isso para não falar nas cenas com CNN, NYPD, bombeiros com escadas Magirus... Enfim, meia Nova Iorque ao redor do edifício do sujeito pois foi noticiado que um dos apartamentos tinha um tigre indiano de 250 Kg lá dentro!
Por que essa história de tigre, Milton? Porque foi exatamente isso que fizemos aqui no Brasil em 2003! Essa surpresa toda... essa revolta da classe médica… esse espanto com relação ao que está sendo feito conosco no Brasil são exatamente fruto de um fenômeno muito parecido com a história do Ming…

Trouxemos para o poder no Brasil um tipo de gente sobre o qual nada se sabia a longo prazo. Evidentemente, existem exceções entre os médicos, mas quantos de nós ainda afirmávamos em 2003 que "eles tinham mudado", hein? Quantos acharam que uma foto do Lula com Maluf era o "fim do socialismo"? O resultado agora está aí - na nossa cara - e é apenas o princípio.
Meus amigos, num espaço de tempo de menos de 30 dias, o governo federal propôs trazer para o Brasil 6 000 médicos cubanos em troca de dinheiro público nosso dado a Cuba para reformar portos e aeroportos, estendeu a formação médica no Brasil escondendo a criação de um Serviço Civil Obrigatório, e agora vetou o texto na versão completa do Ato Médico - O que mais é preciso para as pessoas entenderem definitivamente o que é o Partido dos Trabalhadores?

Quando vamos nos dar conta que carros, ternos e relógios caros, alianças com PMDB ou Igrejas não mudam em absolutamente nada o plano de poder dessa escória? Não é a medicina que está em jogo aqui - é o respeito a Constituição. Já disse, e vou morrer dizendo, que para o PT a Constituição precisa ser "discutida". Se ela serve ao Partido-Religião ótimo. Se não serve que vá para o inferno! Isso, pelo amor de Deus, entendam para sempre, JAMAIS vai mudar!
Certa vez, Maquiavel afirmou que "quando as coisas mais graves já são percebidas pelas pessoas mais simples aí já é tarde demais." Imagina-se que tenha tido uma sensação semelhante aos vizinhos do Ming lá em Nova Iorque - quando ele cresceu já era muito tarde para fazer alguma coisa…
Título e Texto: Milton Simon Pires, Porto Alegre, 12 de julho de 2013

Excelente paralelo. Me lembra também a história da criação de Frankstein. O cientista que criou o monstro o fez com a melhor das intenções, porém era completamente ignorante sobre a natureza da sua criação. Eu tenho absoluta certeza que se o Gal. Golbery do Couto e Silva pelo menos desconfiasse de quem iria ser Luís Inácio da Silva, teria dado um jeito de sumir com ele. É pena que Golbery não esteja vivo para ver a merda que ele fez. Abro aqui um parêntese para explicar minha tese.

Os militares brasileiros até 1970 tinham uma formação exemplar como soldados e como homens. Apolíticos, ideologicamente tinham formação democrática e a maioria dos oficiais de comando do exército se aperfeiçoaram em West Point. Seus lemas eram: patriotismo (amor à pátria), honestidade, despreendimento, honra, cumprimento do dever, dentre outros.
Chamados a livrar o país de um inimigo insidioso, covarde e traiçoeiro, o comunismo, cometeram o erro de colocar um deles no poder em substituição a João Goulart. Embora tenham escolhido o melhor dentre eles, o Mal. Castelo Branco, a política e a administração pública não eram sua praia. O certo, a meu ver, teria sido a escolha de um civil de reputação ilibada para a presidência (hávia vários à época), deixando a seu cargo a formação do ministério e reservando para si apenas a escolha dos três ministros militares. Ou seja, seria um governo de civis tutelados pelos militares, provisório até que o povo brasileiro aprendesse o que é uma democracia.
  
Ao invés disso resolveram carregar o jacaré nas costas sem ter a experiência necessária para lidar com o bicho. Até que souberam aproveitar muitos homens valorosos em suas equipes, como Roberto Campos, Otávio Gouveia de Bulhões, Magalhães Pinto, estes na área econômica.  
Aí veio a reação dos comunistas que já haviam feito treinamento na União Soviética, China e Cuba e o pau comeu. Não conheciam os militares a índole dos comunistas e acreditavam que eram seres recuperáveis para o convívio em uma sociedade civilizada. Daí, ao invés de eliminá-los a todos fisicamente, trataram-nos com excessiva leniência deixando a maioria viva. Os que mataram foi em defesa própria.

Enquanto os terroristas cumpriam o seu papel de aterrorizar o país, os políticos do MDB (vejam só que ditadura, admitia até um partido de oposição, onde já se viu issso?!), sob a liderança de um tal Ulisses Guimarães, infernizava a vida dos militares governantes no congresso nacional (que ditadura foi esta que não fechou o congresso nacional?).
A imprensa, apesar de censurada, divulgava os acontecimentos principais (que ditadura foi esta que não fechou todos os órgãos da imprensa e criou um só para si, como era na União Soviética, na China, em Cuba, etc.?).

É aí que entra em cena o Gal. Golbery do Couto e Silva. Considerado um dos intelectuais do exército, não nasceu para ser militar. Teria feito carreira brilhante na política com grandes chances de chegar à presidência - isto num país normal – poderia ter se aposentado vestindo um fardão da Academia Brasileira de Letras. Golbery era íntegro, inteligente, culto e adorava as articulações políticas. Até hoje me surpreende o fato de ter enxergado em Lula da Silva qualidades para fazer dele o que fez, ou seja, um líder político capaz de acalmar os ânimos exaltados entre os políticos da oposição.
Luís Inácio da Silva, ladino como sempre foi, viu nesta oportunidade que o Golbery lhe concedeu, a grande chance de realisar os seus sonhos, ou seja, transformar-se de um retirante nordestino semianalfabeto num grande líder sonhando um dia ser presidente. Inteligente (Lula pode ser tudo de ruim, mas burro ele nunca foi), tratou de preparar seu terreno nas chamadas camadas inferiores da população, começando pelas classes proletárias. Seu mantra era denegrir as elites e os norte-americanos e exaltar suas próprias qualidades de ex-metalúrgico. Paciente e perseverante terminou por conseguir o que queria: a presidência da república e uma fortuna invejável, mesmo às custas da ruína material e moral da nação brasileira.

Assim, o Brasil está com um monstro à solta sem saber o que fazer com ele. Os acontecimentos atuais que indicam uma economia em fragalhos e uma crise política está perfeitamente dentro dos seus planos de voltar à presidência como salvador da pátria, tendo na manga uma carta importante para a consecução de seus objetivos: transformar o Brasil num país socialista (não comunista que ele não é bobo) multipartidário mas num cenário onde o seu partido, o PT, dê as cartas e os demais se curvem ante ele.  
Não me surpreenderia se mais tarde, daqui a alguns anos, caso ele volte à presidência, resolva um dia se tornar rei ou imperador do Brasil, pois a sua vaidade é tamanha que o cargo de presidente é muito pequeno para ele. Eu fico aqui imaginando o Rei ou Imperador Luís I do Brasil recebendo seus súditos em palácio sendo tratado por Sua Majestade.

Ilustração: AD
De acordo com essas elucubrações, eu ficaria muito satisfeito se Sua Majestade Luís I do Brasil escolhesse para seu camareiro José Sarney, para seu roupeiro Renan Calheiros e para bobo da corte Paulo Maluf. Ah, e para chef de cousine, Dilma Roussef.
Otacílio Guimarães, 13-7-2013

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