O editorial do
Estadão de hoje já começa colocando o dedo na ferida:
Caudatários de uma ideologia em que a farsa substitui a história, os dirigentes de Brasil, Argentina, Venezuela e Uruguai acreditaram que fosse possível, na base do caradurismo, adulterar a narrativa dos acontecimentos para legitimar a entrada dos venezuelanos no Mercosul. Tal como na Rússia stalinista, em que personagens inconvenientes para a história oficial eram apagados das fotos, o Paraguai, que se opunha ao ingresso da Venezuela, foi "apagado" do bloco sul-americano, como se suas objeções nunca tivessem existido. Agora que o objetivo foi plenamente atingido - a Venezuela não apenas é membro do grupo, como o preside -, o Paraguai foi convidado a reaparecer na foto do Mercosul, para completar o roteiro burlesco costurado pela vanguarda bolivariana. Mas os paraguaios, teimosos, se recusam a participar dessa chanchada.
Infelizmente, o Mercosul se transformou em uma piada de mau gosto, um grupelho ideológico que serve para abrigar as pretensões bolivarianas de caudilhos latino-americanos, nada mais. Enquanto o Brasil perde seu precioso tempo nessa emboscada, outros países fecham acordos de livre-comércio bilaterais vantajosos. É o caso da Aliança do Pacífico, que vai despontando na região como ilha de pragmatismo em meio a radicais de esquerda. Diz o editorial:
Trocando em miúdos, Brasil e Argentina, em nome da defesa da democracia, patrocinaram um atentado contra as instituições do Mercosul para favorecer um regime cujo autoritarismo é a principal marca. O tratado do bloco exige o voto unânime de seus fundadores para aceitar novos sócios. Como o Congresso paraguaio dava todas as indicações de que não aprovaria o ingresso da Venezuela chavista, Dilma e Cristina aproveitaram a oportunidade da crise política paraguaia para, num passe de mágica, eliminar o voto do país. Enquanto os paraguaios estavam suspensos, Brasil, Argentina e Uruguai abriram as portas do Mercosul para os venezuelanos, numa decisão cuja legalidade é obviamente contestável.
Caudatários de uma ideologia em que a farsa substitui a história, os dirigentes de Brasil, Argentina, Venezuela e Uruguai acreditaram que fosse possível, na base do caradurismo, adulterar a narrativa dos acontecimentos para legitimar a entrada dos venezuelanos no Mercosul. Tal como na Rússia stalinista, em que personagens inconvenientes para a história oficial eram apagados das fotos, o Paraguai, que se opunha ao ingresso da Venezuela, foi "apagado" do bloco sul-americano, como se suas objeções nunca tivessem existido. Agora que o objetivo foi plenamente atingido - a Venezuela não apenas é membro do grupo, como o preside -, o Paraguai foi convidado a reaparecer na foto do Mercosul, para completar o roteiro burlesco costurado pela vanguarda bolivariana. Mas os paraguaios, teimosos, se recusam a participar dessa chanchada.
Infelizmente, o Mercosul se transformou em uma piada de mau gosto, um grupelho ideológico que serve para abrigar as pretensões bolivarianas de caudilhos latino-americanos, nada mais. Enquanto o Brasil perde seu precioso tempo nessa emboscada, outros países fecham acordos de livre-comércio bilaterais vantajosos. É o caso da Aliança do Pacífico, que vai despontando na região como ilha de pragmatismo em meio a radicais de esquerda. Diz o editorial:
Trocando em miúdos, Brasil e Argentina, em nome da defesa da democracia, patrocinaram um atentado contra as instituições do Mercosul para favorecer um regime cujo autoritarismo é a principal marca. O tratado do bloco exige o voto unânime de seus fundadores para aceitar novos sócios. Como o Congresso paraguaio dava todas as indicações de que não aprovaria o ingresso da Venezuela chavista, Dilma e Cristina aproveitaram a oportunidade da crise política paraguaia para, num passe de mágica, eliminar o voto do país. Enquanto os paraguaios estavam suspensos, Brasil, Argentina e Uruguai abriram as portas do Mercosul para os venezuelanos, numa decisão cuja legalidade é obviamente contestável.
Esse teatro farsesco serviu
apenas para ridicularizar de vez o bloco, assim como os países envolvidos. É
realmente lamentável que o Brasil, sob o governo petista, tenha não só
participado e endossado, como liderado essa comédia. O Mercosul, hoje, não passa
de uma ópera bufa, de uma novela mexicana de quinta categoria, fingindo que há
respeito às instituições democráticas e ao próprio acordo de livre-comércio
entre seus membros.
Mas, se a novela parece
mexicana, o México quer distância desse tipo de furada. Prefere ficar próximo
dos Estados Unidos, o "Grande Satã" segundo os bolivianos que dão as
cartas no Mercosul. Com atores tão medíocres assim, o teatro só pode acabar em
retumbante fracasso de bilheteria. Quem paga a conta do mico, naturalmente,
somos todos nós, brasileiros, que ficamos à margem do comércio mais amplo
internacional, amarrados na camisa-de-força ideológica que é o Mercosul.
Título e Texto: Rodrigo Constantino,
20-7-2013
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