A Casa Branca, na terça-feira
de ontem, tentou fortalecer a sua posição que justifica uma possivelmente
iminente ação militar punitiva contra a Síria, com as agências de inteligência
preparando a transmissão de informes interceptados com a intenção de provar que
Bashar al Assad, de fato, perpetrou um ataque genocida em larga escala com armas
químicas contra o seu próprio povo.
“Não restam mais dúvidas sobre
quem é o responsável deste cruel e ilegal uso de armas químicas na Síria: o
regime de Damasco”, disse o Vice-presidente Joe Biden.
Na sexta-feira de depois de
amanhã, o Primeiro-ministro britânico David Cameron vai convocar uma reunião de
emergência do Parlamento inglês na qual se aguarda que os legisladores votem
uma moção que permita uma resposta do Reino Unido à suposta chacina química
perpetrada pelo ditador sírio, Bashar al Assad. Até lá, é improvável que os
EUA, que já possuem uma força naval e aérea estacionada ao largo do litoral
sírio, iniciem quaisquer ações militares contra o país árabe.
Isso só deverá ocorrer quando
Inglaterra e França estiverem prontas para acionar seus efetivos da OTAN no Mar
Mediterrâneo.
Diversas autoridades
estadunidenses tratam de dar ao Presidente Barak Obama, também de tendência
socialista, as justificativas para empreender uma missão militar que limite ou
neutralize as forças armadas sírias, sob o argumento de que as decisões da
dinastia alauíta de Assad significam uma ameaça direta à segurança nacional dos
Estados Unidos da América, independente de qualquer autorização prévia da ONU
ou do Capitólio.
Tais autoridades da Casa
Branca, no entanto, não deram maiores detalhes sobre a alegada ameaça à
segurança nacional americana por ações militares de Damasco dentro de suas
fronteiras. Da mesma forma, não deram mostras à imprensa da existência de
provas concretas de que Assad tenha, de fato, cometido ataques genocidas contra
seu próprio povo mediante o emprego de armas químicas.
O porta-voz da Casa Branca,
Jay Carney, se limitou a dizer que “permitir que ocorra tais ações genocidas
com armas químicas internacionalmente proibidas, representaria uma lamentável e
perigosa demonstração de fraqueza, que estimularia a repetição da carnificina
ao ponto da prática chegar a ameaçar a segurança nacional da América”.
Por sua vez, o ditador sírio
segue negando haver utilizado armas químicas e a considerar tal acusação como
“absurda”, enquanto o governo dos EUA segue considerando o emprego da força
militar para punir o regime sírio, e limitar ou anular sua capacidade militar,
pela implantação de uma área de exclusão aérea sobre o território da Síria além
de um bloqueio marítimo capaz de isolar o país do resto do mundo.
A resposta ocidental esperada
é a queda do regime sírio atual pelo seu próprio povo e o fim da sangrenta
guerra civil que assola o país árabe já por três anos.
No entanto, segundo Carney
declarou à imprensa, “as opções que estão sendo consideradas não visam
diretamente uma mudança imediata do regime de Damasco”, senão apenas a
limitação ou anulação da capacidade militar desse regime no uso de armas
químicas e de outras capazes de provocar destruição em massa, tendo como
objetivo produzir o menor número possível de mortes de civis.
Segundo ainda essas
autoridades americanas, a operação militar mais provável será composta de
ataques “cirúrgicos” contra instalações militares sírias a partir do mar e sob
a supervisão de caças a jato fornecendo as coordenadas exatas dos locais onde
se encontram tais instalações, e a anulação do forte sistema de defesa antiaérea
da Síria.
O secretário de Defesa dos
EUA, Chuck Hagel, disse que as forças militares na área estão prontas para
atacar a Síria imediatamente, caso o Comandante em Chefe dê a ordem. Tais
forças navais são, por enquanto, compostas de quatro destróieres no
Mediterrâneo oriental com objetivos pré-estabelecidos dentro da Síria além de
contar com um número significativo, mas não informado, de aviões de combate,
helicópteros e ‘drones’ (aviões não tripulados).
Além disso, os EUA planejam
publicar relatórios adicionais da inteligência americana em âmbito mundial que
visam vincular diretamente Assad e seu regime aos ataques genocidas por armas
químicas de 21 deste mês nos subúrbios de Damasco, antes de qualquer ação
militar que venham a executar.
Todas as fontes que prestaram
seus depoimentos o fizeram sob a condição de anonimidade por, obviamente, não
estarem autorizadas a discutir publicamente sobre deliberações superiores.
Título e Texto: Francisco Vianna (da mídia
internacional), 28-8-2013
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