quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Incêndios: todos os verões é o mesmo drama

Incêndios queimaram 31 mil hectares até 15 de Agosto
Números provisórios não incluem os incêndios registados na última semana, nomeadamente o de Góis, onde terão ardido cerca de mil hectares.
Marisa Soares


Desde o início do ano até 15 de Agosto, arderam em Portugal continental 31 mil hectares, entre povoamentos e florestas, uma área bastante inferior à média registada nos últimos dez anos em igual período. Mas este número não inclui os fogos da última semana, em que só em Góis terão ardido mil hectares de floresta, segundo a autarca local.

Segundo o relatório mais recente do Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF), até 15 de Agosto registaram-se 9529 fogos, dos quais 1430 foram incêndios florestais e 8099 foram fogachos. “Comparando os valores do ano corrente com o histórico dos últimos dez anos, destaca-se que se registaram menos 33% de ocorrências relativamente à média verificada no decénio e que ardeu menos 69% do que o valor médio de área ardida no mesmo período”, lê-se no documento.

Numa análise por distrito, foi no Porto que houve mais ocorrências (3006), seguido de Braga (910), Viseu (858) e Aveiro (774). “Em qualquer um dos casos as ocorrências são maioritariamente fogachos, ou seja, ocorrências de pequena dimensão que não ultrapassam um hectare de área ardida”, refere o relatório provisório.

Bragança é o distrito com mais área ardida até à data. Dos cerca de 13.360 hectares de espaços florestais consumidos no distrito, 11.980 hectares (aproximadamente 90%) resultaram do grande incêndio de Picões, no concelho de Alfândega da Fé, que começou a 9 de Julho dois dias depois. Este foi, até ao momento, o maior incêndio registado este ano.

Até meados de Agosto registaram-se 33 incêndios com área ardida em espaço florestal maior ou igual que cem hectares. Só estes incêndios consumiram 22.750 hectares de espaços florestais, ou seja, cerca de 73% do total da área ardida. A maioria ocorreu em Julho, mês em que o valor médio da precipitação foi inferior ao normal e os valores médios da temperatura do ar superiores ao normal. Só neste mês, foram decretados sete dias de alerta amarelo e dois dias de alerta laranja.

Nesta contabilização não estão incluídos os fogos dos últimos dias, nos quais se destaca o que deflagrou em Góis (Coimbra) às 14h de terça-feira, tendo sido dado como dominado apenas nesta quarta-feira de manhã. O incêndio, que segundo a presidente da Câmara de Góis queimou cerca de mil hectares, foi combatido por mais de 400 bombeiros. Apenas foi controlado após a chegada de dois helicópteros bombardeiros que o Governo pediu a Espanha para reforçar o combate às chamas.

Nesta quarta-feira à tarde, o distrito de Viseu era o mais fustigado pelas chamas, com quatro fogos activos. Além destes, às 17h havia mais nove incêndios de grandes dimensões nos distritos de Viana do Castelo, Vila Real, Coimbra, Portalegre, Castelo Branco e Guarda.

O ICNF divulgou também o relatório referente a todo o ano de 2012, em que se contabilizaram  21.176 ocorrências, maioritariamente fogachos (79%). Segundo o relatório, o total de ocorrências  traduz-se num decréscimo de cerca de 16% em relação a 2011 e de 12% face à média do decénio anterior. A área ardida (110.232 hectares) corresponde a cerca de 76,5% da média dos últimos dez anos.

O documento faz ainda a conta aos prejuízos causados pelos fogos no ano passado. A estimativa do ICNF aponta para prejuízos ambientais e materiais na ordem dos 158 milhões de euros, ou seja, 44 milhões de euros abaixo do valor médio dos últimos dez anos.
Título e Texto: Marisa Soares, Público, 21-8-2013, 17h40 (hora de Lisboa)

Um comentário:

  1. Minha filha, vive no Colorado, e precisou ir para abrigos, devido a fumaça. Na Califórnia idem.
    Abs Janda

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