segunda-feira, 5 de agosto de 2013

O estranho caso da concessão do Maracanã. Bota estranho nisso!


Cesar Maia 
1. Desde que o Cabral anunciou que não ia demolir o Parque Aquático Júlio Delamare, se sabia que a licitação da concessão do Maracanã teria que ser anulada. Agora, com o anúncio que, da mesma forma, não se demolirá o Estádio de Atletismo Célio de Barros, isso ficou tão evidente, que foi anunciado. Se não vão demolir estádios, é claro que também não vão demolir a Escola Municipal Friedenreich.
            
2. A licitação é nula, pois no estudo de viabilidade feito pela IMX de Eike, o uso comercial dos prédios de estacionamento e lojas que seriam construídos nos locais era fator chave. Tão chave que a base do edital avaliou em quase 600 milhões de reais o investimento que o concessionário teria que fazer. Alguns achavam que esse custo estava sobreavaliado, de forma a ‘atrair’ o concessionário.
           
3. A história que Cabral contou na TV, que vai conversar com o concessionário para garantir as vagas de estacionamento mudando o projeto, é balela, pois isso anula a licitação por mudanças nas condições básicas e ele sabe disso. Se o fizer, estará enquadrado em crime e será processado simultaneamente pelos MPs – estadual e federal – (já que há verba federal transferida). E sem saída, pois a entrevista na TV está gravada.

4. Cancelada a licitação e anulada a concessão – por óbvio – há que se perguntar quais as razões de mudanças tão radicais nas decisões do impopular governador, em um período tão curto de tempo (3 meses, de 8 de maio a 2 de agosto). Há duas versões que circularam nos melhores restaurantes do Rio, sábado e domingo. A primeira é que pesquisas mostraram a impopularidade das demolições e que, com isso, o sôfrego governador estaria recuando e que isso faria parte do pacote de propaganda para reduzir algo de sua rejeição.
          
5. A segunda – concentrada nos mais caros restaurantes, entre os melhores – é que o estudo de viabilidade da IMX/Eike estava furado e que, com menos de dois meses de gestão, ficou claro que foi um péssimo negócio. Como ensinava Peter Drucker, “se há algo que fez ontem e não faria hoje, trate logo de fechar esse negócio; será um prejuízo muito menor”. O consórcio negociou a desistência e, então, o caminho mais fácil a seguir e que não deixaria rastro, era Cabral mudar as condições da licitação, assumindo a responsabilidade, sem ônus para o concessionário e, assim, anulá-la.
         
6. E o momento é – politicamente – ‘muito bom’: a rejeição a Cabral justifica tudo: ele quer reduzir esta rejeição. Operação perfeita. Bem, perfeita... se não existissem aqui no Rio esses melhores restaurantes, regados nos melhores vinhos e, depois, a informação circular na rede-socialite.
          
7. Com isso, resta agora se explicar à FIFA e conseguir dela o aval para uma solução de improviso, como transformar ruas em estacionamentos para os eventos da Copa. De outra forma, Cabral teria que fazer as obras e, com isso, o custo do Maracanã passaria de R$ 1,2 bilhão que foi para R$ 1,7 bilhão ou algo assim, pagos pelo poder público, exaltando ainda mais as “ruas”.
Título e Texto: Cesar Maia, 05-8-2013

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