João Bosco Leal
Ao fotografar um banco
localizado em um Parque que visitava na cidade de Ribeirão Preto, no interior
do estado de São Paulo, uma amiga extremamente querida que me guiava
magistralmente no conhecimento cultural daquela cidade, sugeriu que eu
escrevesse sobre o mesmo.
Comentamos brevemente sobre
quantas histórias já haviam se passado sobre aquele banco, mas diante de tantos
detalhes, curiosidades e questionamentos que eu fazia sobre aquele e outros
locais que estava conhecendo, o assunto não teve continuidade.
Analisando as fotos da viagem,
quando vi a foto do banco lembrei-me de sua proposta e de como, realmente,
sobre cada um dos milhões de bancos de praças e parques já ocorreram, foram
contadas, discutidas e até articuladas as mais diversas histórias.
Quantas alegrias e tristezas
foram narradas e vividas por pessoas que neles se sentaram. Escritores e poetas
já os utilizaram para ali escrever seus contos, livros e poesias. Amizades
nasceram, foram estremecidas ou até mesmo rompidas por declarações sobre eles
realizadas.
Namoros foram iniciados,
vividos e terminados, sobre bancos de praças. É imensurável e inimaginável a
quantidade de promessas de amor eterno que já foram realizadas por quem sobre
eles um dia já esteve.
Quem neles nunca descansou
depois de uma longa caminhada, de exercícios físicos ou de um passeio, foi
porque certamente nunca visitou um parque ou praça onde normalmente estão
localizados.
Trabalhadores das obras
próximas deles se utilizam para, apoiando nas pernas sua marmita, se alimentar
com a comida vinda de casa, preparada ainda durante a madrugada, enquanto
mendigos e pessoas em condição de extrema pobreza os utilizam como cama, onde
descansam ou dormem.
Senhores, normalmente já
aposentados, neles se sentam quase que diariamente ao lado de seus amigos e
conhecidos, para passar seu tempo contando sobre sua vida, suas experiências e
seu espanto com a rapidez com que tudo evolui atualmente.
Os mais jovens e dedicados ao
aprendizado deles se utilizam para, em companhia de colegas de escola, tirarem
dúvidas e estudarem para a próxima prova, partilharem das novas tecnologias e,
claro, como todo jovem, combinarem quando e onde será a próxima diversão.
Como eu, milhares neles já se
sentaram simplesmente para, passivamente e em silêncio, admirar a natureza que
os circundava. Nas praças e parques é comum vermos pessoas neles sentadas,
esperando os filhos e netos que brincam na areia ou grama próxima.
Acordos dos mais diferentes
tipos foram pactuados por quem neles estava. Ali já se soube sobre um novo
emprego que se necessitava, se iniciaram negociações sobre os mais diversos
temas e objetos móveis e imóveis foram comprados e vendidos.
Milhares de ações de corrupção
foram realizadas por quem neles se assentou para discutir seus detalhes e gente
inescrupulosa ou até mesmo criminosa, neles se apoiou para tratar de assuntos
ilegais, proibidos e inconfessáveis, como se estivessem simplesmente
conversando.
No decorrer dos séculos uma
infinidade de articulações políticas, algumas que provocaram até guerras,
milhões de mortes e mudaram a história da humanidade, foram realizadas por
pessoas que neles estavam sentadas.
Se os bancos falassem, certamente a história seria outra.
Título, Foto e Texto: João Bosco Leal, 16-8-2013
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