A julgar pelo noticiário da
imprensa americana e europeia, Bashar Al Assad já era. A decisão de atacar a
Síria e depor o ditador parece iminente. Não é a primeira vez que se tem a
impressão de que se vai cruzar a linha. Desta vez, no entanto, as tintas estão
mais carregadas. Não me resta, neste trabalho, alternativa que não seja dizer o
que acho que tem de ser dito, em consonância com os fatos, mas na contramão da
metafísica influente. Parece não haver dúvidas de que houve um ataque com armas
químicas na Síria. Mas não se tem nenhuma evidência de que tenha sido
perpetrado pelas forças de Assad. O tirano, reitero, estava vencendo a guerra
civil — ou, vá lá, estava ao menos na ofensiva. Na hipótese de que goste de
matar pessoas só por perversidade, reconheça-se: poderia ter feito muito mais
vítimas com armas convencionais, e se noticiaria, de novo, a carnificina na
Síria e ponto. Tanto ele como os rebeldes sabiam que um ataque químico poderia
provocar a intervenção dos EUA e de aliados europeus. A quem interessa essa
intervenção?
Um amigo, que conhece como
poucos a região, me envia um e-mail:
“Reinaldo, infelizmente, muita gente acha que a oposição síria é formada por democratas e manifestantes pacíficos que lutam contra um regime sanguinário apoiado pelo Irã e pelo Hezbollah. Na verdade, a oposição síria é apoiada pelo Qatar e Arábia Saudita (…), e as principais facções armadas são ligadas à Al Qaeda ou, então, são salafistas ultrarradicais anticristãos e antixiitas e anti-alauítas. O regime de Assad, de viés laico, realmente é sanguinário e aliado do Irã e do Hezbollah. Portanto, a melhor opção seria o Ocidente não se envolver”.
“Reinaldo, infelizmente, muita gente acha que a oposição síria é formada por democratas e manifestantes pacíficos que lutam contra um regime sanguinário apoiado pelo Irã e pelo Hezbollah. Na verdade, a oposição síria é apoiada pelo Qatar e Arábia Saudita (…), e as principais facções armadas são ligadas à Al Qaeda ou, então, são salafistas ultrarradicais anticristãos e antixiitas e anti-alauítas. O regime de Assad, de viés laico, realmente é sanguinário e aliado do Irã e do Hezbollah. Portanto, a melhor opção seria o Ocidente não se envolver”.
É precisamente o que eu penso,
especialmente quando há uma razoável suspeita de que o “ataque químico” foi perpetrado
para, digamos assim, tirar os governantes ocidentais da apatia.
Continua esse amigo:
“Dizem que os republicanos são a favor da intervenção e estariam pressionando o democrata Obama. Mas isso não é verdade. Alguns republicanos são a favor, como o McCain e o Lindsey Graham. Mas os republicanos libertários (Rand Paul) e os isolacionistas (Ted Cruz) são contra. E apenas 25% dos americanos defendem uma intervenção depois do ataque químico.”
“Dizem que os republicanos são a favor da intervenção e estariam pressionando o democrata Obama. Mas isso não é verdade. Alguns republicanos são a favor, como o McCain e o Lindsey Graham. Mas os republicanos libertários (Rand Paul) e os isolacionistas (Ted Cruz) são contra. E apenas 25% dos americanos defendem uma intervenção depois do ataque químico.”
Trago essas questões aqui
apenas para ampliar um pouco as referências. Entendo que os EUA — e seus
aliados europeus — estão prestes a fazer mais uma gigantesca bobagem, agora na
Síria — decorrência, aí sim, da incapacidade de Obama e sua turma de entender o
mundo que os cerca. Nem se trata de saber, agora, se os EUA poderiam ou não ter
impedido, lá atrás (quando começaram as manifestações contra Hosni Mubarak, no
Egito), que a situação chegasse a esse ponto. Já cheguei a achar convictamente
que sim. Hoje, tenho algumas dúvidas. Mas de uma coisa estou certo: um ataque à
Síria juntará, mais uma vez, as forças ocidentais e os terroristas da Al Qaeda,
com o agravante de que jogaria combustível no conflito entre sunitas e xiitas.
O inferno, em suma!
Obama sabe muito bem que não
lhe foi apresentada uma única prova de que o ataque foi perpetrado pelas forças
de Assad. Está sendo empurrado pelas circunstâncias e para tentar mudar a
imagem de governante inepto, incapaz de demonstrar a força dos EUA. Não é a
mais nobre das motivações para se meter naquele caldeirão. Uma opinião pública
ainda contrária à intervenção talvez possa frear o ânimo intervencionista.
Vamos ver.
Título e Texto: Reinaldo Azevedo, 27-8-2013
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