sábado, 31 de agosto de 2013

Syria Interrupted

Felipe de Araujo Ribeiro
Algumas pessoas me têm questionado acerca do meu silêncio em relação aos desenvolvimentos na Síria das últimas semanas. Na verdade tenho resistido à tentação de escrever sobre o assunto principalmente por duas razões: se por um lado o trabalho me tem roubado quase todo o tempo disponível, por outro, pouco ou nada há a dizer para além do que tenho vindo a repetir desde há mais de dois anos.

É curioso verificar que cada vez mais comentadores, sejam da ‘esquerda’ ou da ‘direita’, começam a perceber o absurdo que constitui esta criminosa intervenção estrangeira em território Sírio, bem como a incrível injustiça de que tem sido alvo o governo legítimo de Bashar al Assad.

Desde o meu primeiro (de muitos) artigos sobre a Síria que tenho sido acusado de ‘compactuar com um regime atroz’, de ser um ‘ingénuo colaborador de Assad’, de ‘repetir ad nauseam a propaganda do governo’, para além de ter sido alvo de um rol de criativos insultos menos dignos de serem aqui repetidos. Estava assim, desde 2011, quase isolado a defender a minha posição, e ao contrário de tantos outros ilustres comentadores, não tive por isso de ver-me obrigado a alterá-la a 180º. Registo agora que os argumentos que utilizei vezes sem conta nos últimos anos são agora repetidos precisamente por aqueles que antes os tentavam ridicularizar.

Resta-me a desolação de verificar que os meus piores receios têm vindo a confirmar-se de forma dramática à medida que progride o conflicto na Síria, e que as perspectivas da concretização de uma guerra global, desde há muito adivinhada, assumem um grau de probabilidade cada vez maior.

Neste momento em que os dados estão lançados e em que já quase todos possuem renovadas certezas absolutas, deixo para os restantes opinadores o seguimento da discussão. Até porque hoje me apetece escrever sobre o Dar Fur.
Título e Texto: Felipe de Araujo Ribeiro, no blogue “Estado-Sentido”, 30-8-2013

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