Na página social de uma amiga
de infância li algo que me chamou a atenção: “Sempre é preciso saber
quando uma etapa chega ao final… Se insistirmos em permanecer nela mais do que
o tempo necessário, perdemos a alegria e o sentido das outras etapas que
precisamos viver. Encerrando ciclos, fechando portas, terminando capítulos. Não
importa o nome dado, o que importa é deixar no passado os momentos da vida que
já se acabaram”.
Logo me lembrei de como os
jovens de minha época sempre foram apaixonados, mas também de como os objetos
das paixões variaram muito durante nossas vidas. Eles podiam ser por esportes,
times, carros, motos, mulheres, ou qualquer outra que tenhamos vivido.
Os jovens das cidades do
interior sempre tiveram opções diferentes e em maior quantidade daqueles
nascidos nas capitais. Além dos esportes praticados por ambos, estes também
realizavam, nas fazendas, montarias em bezerros para que, na época das
exposições de gado, pudessem montar nos “torneios dos cabeludos” – uma
categoria distinta da dos peões profissionais, destinada aos filhos dos
produtores –, e assim “fazer bonito” diante das meninas.
As próximas paixões eram pelas
roupas. Todos adoravam estar bem vestidos, com calças tão justas que eram
difíceis de ser vestidas. Posteriormente, além de justas, elas eram de cintura
alta, como as dos toureiros espanhóis. Os cabelos eram longos e muito bem
cortados. Tudo para “conquistar” as meninas que “paqueravam”.
As “paqueras” viravam paixões
com a mesma facilidade com que deixavam de sê-las, pois só duravam entre o
início daquela e o surgimento da próxima. Raras se transformavam em amor e,
mesmo assim, em um amor mais jovem, com bem menos compromissos que um amor
verdadeiro, que normalmente só se consegue na maturidade.
Depois as paixões eram pelos
equipamentos de som, instalados nos “consoles” dos carros, as rodas e pneus de
“tala larga”, os motores “envenenados”, com dupla carburação e todas as
consequências, que só quem já as viveu sabe às quais me refiro. Éramos jovens,
com nenhum currículo universitário, e já querendo “preparar” um motor, melhor
do quem estudou décadas para produzi-lo.
Já na época dos “cursinhos”,
alguns iniciavam sua etapa mais “responsável”, dedicando-se mais aos estudos e
pensando em seu futuro, mas muitos continuavam “rebeldes” e só pensavam em
“curtir” as novas músicas dos Beatles, dos Rolling Stones. Nesse período, uma
minoria insignificante experimentou drogas, raras naquele tempo.
Foi nesse período que todos
começaram a traçar caminhos distintos, que gerariam reflexos no resto de suas
vidas. Os grupos dos estudiosos, que procuraram cursar faculdades e se
profissionalizar na área escolhida, o dos que começaram a ler Kahlil Gibran ou
outros grandes pensadores, amadurecendo através deles, e o dos “porra-loucas”,
que não souberam virar a página dessa época que haviam vivido.
Independentemente de quais foram,
é certo que todos se lembram, com saudades, das paixões e das fases da vida que
viveram, mas certamente aprenderam, que nenhuma delas pode se misturar à
próxima, motivo pelo qual, ao final de cada uma delas, as páginas precisam ser
viradas.
As escolhas individuais – a
alegria das conquistas e o lamento das perdas delas decorrentes -, fazem o
mundo ser como é, totalmente distinto para cada ser humano, que teve a
liberdade de optar por como, quando e por quanto tempo viver cada paixão.
A vida bem vivida é aquela
repleta de paixões, mas cada uma em sua época.
Título, Imagem e Texto: João
Bosco Leal, jornalista e empresário, 20-9-2013
Jim, só para meu conhecimento, gostaria de saber de qual cidade, estado, publica seu blog. Um abraço. João Bosco
ResponderExcluirOi, João!
ResponderExcluirPublico de Massamá, cidade de Queluz, Concelho de Sintra, Portugal...